Bolsonaro sobe o tom e escancara união do PT com Moraes


O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar duramente o Partido dos Trabalhadores (PT) e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, em uma transmissão ao vivo realizada na noite de ontem. Segundo o ex-presidente, há uma clara união entre o PT e o ministro Moraes, que, de acordo com ele, tem favorecido o partido e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em diversas decisões judiciais.


Bolsonaro iniciou sua fala lembrando o período em que ocupou a presidência da República, destacando o que considera uma perseguição judicial por parte do Supremo. “Eu, quando era presidente, tinha pelo menos uma ação contra mim. Aponte uma ação de alguém do Supremo contra o Lula. Tem exatamente o contrário, sempre favorável”, declarou. Ele ainda mencionou a recente fala do ministro da Justiça, Flávio Dino, que teria afirmado que Lula pode gastar fora do previsto no orçamento para combater queimadas no país, insinuando que a esquerda possui carta branca para agir sem restrições legais.


O ex-presidente também ironizou as acusações feitas contra o pastor Silas Malafaia, que teria sido responsabilizado por incitar violência no país. Segundo Bolsonaro, as falas de Malafaia, quando este disse "Vamos incendiar o Brasil" em um protesto na Avenida Paulista, foram meramente figuras de linguagem e não devem ser levadas ao pé da letra. “Ele quer dizer agora que quem tocou fogo no Brasil foi o Malafaia? Uma acusação barata dessas? Acusando bolsonarista para tudo? Nós somos perseguidos o tempo todo”, declarou. Para Bolsonaro, essas acusações são tentativas de desqualificar seus apoiadores, reforçando a narrativa de perseguição política.


Bolsonaro reservou parte de seu discurso para mais uma vez criticar Alexandre de Moraes, a quem acusou de ser responsável pela censura no país e de ter um comportamento autoritário. O ex-presidente afirmou que Moraes tem prazer em prender pessoas e que sua atuação à frente do STF tem promovido uma repressão generalizada no Brasil. “Não podemos viver com tanta censura no Brasil. Com a censura de uma pessoa que depois fica ameaçando: ‘Vou te prender’. O prazer dele é prender”, disse Bolsonaro, apontando que há uma repressão crescente contra aqueles que se opõem ao governo e ao Supremo.


Outro ponto abordado por Bolsonaro foi a decisão de Moraes de manter a suspensão da rede social X (antigo Twitter) no Brasil, uma medida que ele classifica como um exemplo claro de censura. Segundo Bolsonaro, essa decisão não afeta apenas os usuários da plataforma, mas também a economia do país, já que o bloqueio de uma grande rede social gera desconfiança internacional e prejudica o ambiente de negócios. “Estamos sendo vítimas de chacota fora do Brasil”, declarou. O ex-presidente tem constantemente criticado medidas judiciais que, segundo ele, limitam a liberdade de expressão e ferem direitos fundamentais.


Em um tom de indignação, Bolsonaro voltou a comentar sobre as prisões e condenações decorrentes dos atos de 8 de janeiro de 2023, quando manifestantes invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Para ele, muitas dessas prisões foram injustas e desproporcionais. “Temos muitos idosos, mães com filhos pequenos, que chamo de ‘órfãos de pais vivos’, que seguem detidos”, afirmou. Bolsonaro lamentou o que considera um abuso de poder por parte do Judiciário e insistiu que essas pessoas estão sendo vítimas de uma perseguição política, simplesmente por terem expressado seu apoio a ele e sua oposição ao atual governo.


Ao longo de sua transmissão, Bolsonaro reforçou o discurso de que seu grupo político é perseguido e que o Brasil vive sob uma ameaça constante à liberdade de expressão. Ele criticou o que considera uma aliança entre o PT e o STF, especialmente na figura de Alexandre de Moraes, sugerindo que há um esforço conjunto para enfraquecer a oposição e consolidar o poder do governo atual. Para Bolsonaro, essa união representa um perigo à democracia e aos direitos individuais.


A postura crítica de Bolsonaro em relação ao STF e ao governo de Lula não é novidade, mas as acusações de uma aliança entre o PT e Moraes marcam um novo estágio em sua estratégia de confrontação. As falas do ex-presidente reforçam a polarização política no Brasil e alimentam a narrativa de que ele e seus apoiadores são vítimas de perseguição. O clima de tensão entre Bolsonaro, o STF e o governo Lula tende a se intensificar, especialmente com as eleições municipais de 2024 se aproximando, e a possibilidade de novas investigações e processos envolvendo figuras centrais do bolsonarismo.


Enquanto isso, o ministro Alexandre de Moraes tem se mantido firme em suas decisões e já afirmou que continuará agindo dentro dos limites constitucionais para garantir a ordem democrática no país. Para Moraes, as medidas adotadas até agora, incluindo as investigações e as prisões relacionadas aos atos de 8 de janeiro, são necessárias para manter a estabilidade institucional e coibir ações antidemocráticas.


A fala de Bolsonaro, no entanto, ecoa fortemente entre seus apoiadores, que compartilham da visão de que há uma perseguição orquestrada contra eles e que o atual governo, com o apoio do STF, está minando suas liberdades. O cenário político brasileiro continua polarizado, com acusações mútuas entre governo e oposição, em um ambiente de incerteza e tensão crescente.

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