Em 3 de setembro de 2024, Brasília foi palco de um discurso que promete reverberar na história política do país. O deputado federal Sanderson, do PL do Rio Grande do Sul, subiu à tribuna do Senado em um ato de coragem que surpreendeu muitos e gerou grande comoção entre seus pares. Durante seu pronunciamento, o parlamentar pediu, de forma enfática, a prisão do ministro Alexandre de Moraes, membro do Supremo Tribunal Federal (STF), em resposta ao que classificou como uma sequência de abusos de poder e ações inconstitucionais por parte do magistrado.
O discurso de Sanderson teve como foco central as recentes decisões tomadas por Moraes, especialmente a proibição da rede social X, anteriormente conhecida como Twitter, no Brasil. Para o deputado, essa medida foi a gota d'água em uma série de ações que desrespeitam a Constituição e os direitos fundamentais dos brasileiros. Sanderson iniciou sua fala apontando diretamente para o que considera ser um ataque à Carta Magna: "Alexandre de Moraes é o primeiro a atacar e rasgar a Constituição", afirmou. Segundo ele, a conduta do ministro está além dos limites que o cargo lhe permite, desrespeitando a ordem jurídica do país. Ele destacou que, assim como ministros do STF, deputados, senadores e o presidente da República têm grande poder, mas nenhum deles está acima da lei.
A decisão de proibir o X foi amplamente criticada por Sanderson, que classificou a medida como uma violação flagrante da liberdade de expressão, um direito assegurado pela Constituição. "A proibição do Twitter, do X, que é a maior rede de relacionamentos do mundo, o banimento, a proibição foi a gota d'água", declarou o deputado. Para ele, as ações de Moraes configuram um abuso de autoridade, agindo "fora do rito", uma expressão que ele usou para descrever práticas ilegais e arbitrárias dentro do sistema jurídico brasileiro. Esse termo, segundo Sanderson, reflete uma nova forma de autoritarismo, onde o magistrado ultrapassa os limites legais, atuando como se estivesse acima das leis que jurou proteger.
A parte mais contundente do discurso de Sanderson veio quando ele defendeu que Alexandre de Moraes não deveria apenas ser alvo de um processo de impeachment, mas também de um processo criminal que o levasse à prisão. Ele argumentou que agir "fora do rito" é agir como um fora da lei, e quem age fora da lei deve ser julgado, condenado e encarcerado. "Não é só cassá-lo através de impeachment, é botar na cadeia! É botar na cadeia, porque comete crime", exclamou o deputado, sendo aplaudido por colegas que partilham de sua visão sobre o papel e os limites do Judiciário.
O pronunciamento de Sanderson rapidamente ganhou repercussão, tanto dentro quanto fora do Congresso. Nas redes sociais, o vídeo de sua fala se espalhou com rapidez, recebendo apoio de muitos cidadãos que compartilham de sua preocupação com o que consideram ser um aumento no poder desproporcional do STF. No entanto, a reação não foi unânime. Enquanto muitos celebraram a coragem de Sanderson, outros alertaram para os riscos de se acirrar ainda mais o conflito institucional entre o Legislativo e o Judiciário, temendo que discursos como o dele possam minar a estabilidade democrática do país.
Entre os parlamentares, as opiniões também se dividiram. Alguns senadores e deputados se manifestaram em defesa de Alexandre de Moraes, argumentando que suas decisões estão dentro dos limites constitucionais e são necessárias para garantir a ordem democrática, especialmente em tempos de crise e polarização política. Esses defensores do ministro afirmam que o STF tem sido uma barreira crucial contra ameaças à democracia, e que as críticas de Sanderson são uma tentativa de enfraquecer o Judiciário.
Por outro lado, há uma parcela crescente de parlamentares que ecoa as críticas feitas por Sanderson, preocupados com o que veem como uma interferência excessiva do Judiciário nas questões políticas. Para esses críticos, o caso da proibição do X é um exemplo claro de como o STF, na figura de Alexandre de Moraes, tem ultrapassado os limites de sua função, agindo como um poder acima dos demais, em vez de manter o equilíbrio previsto pela Constituição.
As palavras de Sanderson também levantam questões importantes sobre o futuro das relações entre os Três Poderes no Brasil. Com o clima de tensão crescente, muitos se perguntam até onde irão as investidas do Congresso contra o STF e se outras figuras políticas seguirão o exemplo de Sanderson, pedindo ações mais drásticas contra ministros que consideram estar abusando de seu poder.
O discurso de Sanderson encerrou a sessão no Senado, mas deixou no ar um sentimento de que esse é apenas o início de uma nova fase de confrontos entre o Legislativo e o Judiciário. As próximas semanas serão decisivas para entender como essa crise institucional se desenrolará, e quais serão as consequências para a democracia brasileira. Enquanto isso, o país aguarda para ver se as palavras de Sanderson resultarão em ações concretas ou se serão apenas mais um capítulo na longa história de disputas de poder em Brasília.