Revelada recentemente a estratégia para "acordar" o Senado em relação ao processo de impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, o deputado Luciano Zucco analisou a atual conjuntura e os próximos passos para pressionar o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. O pedido de impeachment já foi apresentado oficialmente, com o apoio de mais de 150 deputados federais, mais de um milhão e meio de cidadãos e o respaldo de pelo menos 35 senadores. A entrega desse pedido ao presidente do Senado gerou grande repercussão, especialmente entre os setores conservadores da política brasileira, que têm criticado fortemente a atuação de Moraes.
Zucco destacou que o simples fato de Pacheco ter aceitado o pedido em mãos já representa um avanço, mas levantou preocupações sobre o desfecho dessa solicitação. Segundo o deputado, a fala de Rodrigo Pacheco ao receber o documento gerou uma desconfiança de que o processo possa ser travado no Senado, o que reforça a necessidade de uma mobilização ainda maior por parte dos apoiadores da medida. Em sua análise, Zucco afirmou que não há motivos para que o presidente do Senado não dê seguimento ao processo, seguindo os trâmites regimentais, seja por meio de uma comissão especial ou pela análise direta no plenário.
O deputado também frisou a importância de que todos os senadores exerçam seu papel de representantes dos 27 estados brasileiros, avaliando o pedido de impeachment tanto do ponto de vista jurídico quanto político. Segundo ele, a atuação de Alexandre de Moraes extrapolou os limites legais, especialmente em sua postura diante de setores conservadores. Zucco argumentou que não apenas blogs e veículos de imprensa conservadores têm sido alvos de investigações e punições, mas também parlamentares, o que, em sua visão, representa uma perseguição desmedida e injustificada.
Um exemplo citado por Zucco foi o caso do senador Marcos do Val, que decidiu dormir no plenário como forma de protesto contra uma multa de 50 milhões de reais imposta por Moraes. O deputado questionou quais seriam os fundamentos constitucionais para aplicar multas de valores tão elevados e destacou que essa é apenas uma das várias situações em que Moraes teria ultrapassado seus limites. Ele afirmou que espera que Rodrigo Pacheco entenda a gravidade da situação e cumpra seu papel como presidente do Congresso Nacional, lembrando que já existe um número significativo de senadores favoráveis ao impeachment do ministro.
Quando questionado sobre as estratégias para pressionar o Senado a seguir com o processo, Zucco explicou que uma das iniciativas envolve uma obstrução legislativa intensa. O objetivo, segundo ele, é forçar o Senado a dar uma resposta rápida ao pedido de impeachment. O deputado admitiu que, atualmente, o Parlamento está funcionando de maneira lenta, em parte devido à realização de votações virtuais, justificadas pelo período eleitoral, o que dificulta a atuação de uma oposição mais efetiva. Mesmo assim, ele ressaltou a importância de uma ação coordenada para superar esses obstáculos e "acordar" tanto o Senado quanto a Câmara dos Deputados.
Zucco reforçou a necessidade de unidade entre os parlamentares que defendem o impeachment e acredita que, com o apoio crescente dentro do Senado, a pressão popular e a mobilização política, há chances reais de que o pedido siga adiante. Ele deixou claro que a estratégia é intensificar a pressão não apenas sobre Rodrigo Pacheco, mas também sobre os demais senadores, buscando sensibilizá-los quanto à importância de avaliar o pedido de impeachment de forma imparcial e responsável.
O deputado lembrou que o Brasil vive um momento delicado em sua relação entre os Poderes, e que a atuação de Moraes tem sido um ponto de tensão constante. A oposição, especialmente os conservadores, acusa o ministro de agir de maneira arbitrária e de utilizar o Judiciário para perseguir adversários políticos. Zucco destacou que essa situação exige uma resposta firme do Congresso, que tem a responsabilidade de atuar como contrapeso aos abusos de poder de qualquer um dos Poderes da República.
Por fim, Zucco expressou esperança de que, com o aumento da pressão popular e o crescente apoio político, o Senado seja capaz de avançar com o processo de impeachment, cumprindo seu papel constitucional de fiscalizar e, se necessário, punir abusos cometidos por membros do Judiciário. Ele afirmou que os próximos dias serão decisivos para o futuro dessa articulação e que espera uma resposta concreta de Rodrigo Pacheco o mais rápido possível.
Enquanto isso, os bastidores de Brasília seguem em ebulição, com reuniões e negociações entre parlamentares que, de um lado, apoiam o impeachment e, de outro, tentam barrar o avanço do processo. A tensão entre os Poderes continua a aumentar, e o desfecho desse episódio ainda é incerto, mas certamente terá implicações profundas para a política brasileira.