O deputado estadual Renato Machado, do PT do Rio de Janeiro, foi preso nesta segunda-feira, 23 de setembro de 2024, após ser denunciado pelo Ministério Público como mandante do assassinato do jornalista Robson Giorgo, ocorrido em 2019. O crime aconteceu em Maricá, cidade litorânea do Rio de Janeiro, e chocou a população local pela brutalidade, uma vez que o jornalista foi executado com seis tiros na frente da esposa. A motivação para o assassinato, de acordo com os promotores, foi vingança, em um crime que os investigadores classificaram como de motivo torpe.
Robson Giorgo era proprietário do jornal "O Maricá", um veículo local que frequentemente publicava matérias investigativas sobre políticos da região. Antes de sua morte, Giorgo havia noticiado uma relação extraconjugal que Renato Machado mantinha com Vanessa da Matta Andrade, conhecida como Vanessa Alicate. A matéria ganhou destaque ao mencionar que Vanessa estaria grávida do parlamentar. Segundo o Ministério Público, essa publicação teria sido o estopim para que o deputado planejasse a morte do jornalista. Além de Renato Machado, Vanessa também foi denunciada como cúmplice do crime, juntamente com dois homens apontados como os executores: o subtenente da Polícia Militar Davi de Souza Esteves e Rodrigo José Barbosa da Silva.
O inquérito conduzido pelo Ministério Público revelou que, após a divulgação da reportagem sobre o caso extraconjugal, Renato Machado teria se encontrado com Vanessa e os outros dois denunciados para planejar o assassinato de Robson. A investigação apurou que o subtenente Davi de Souza Esteves, que era próximo do deputado, foi o responsável por coordenar a execução do crime. Rodrigo José Barbosa da Silva teria sido o executor direto, sendo ele o homem que disparou os tiros contra o jornalista. Testemunhas oculares relataram à época que um carro desconhecido havia sido visto nas proximidades da casa de Robson nos dias que antecederam o assassinato, aumentando as suspeitas de que o crime havia sido premeditado.
Renato Machado, por sua vez, nega veementemente as acusações. Em uma nota divulgada por seus advogados, o deputado afirmou que é vítima de perseguição política e que o processo seria uma tentativa de enfraquecer sua imagem pública e carreira política. Segundo a defesa de Renato, não há provas concretas que liguem o parlamentar ao crime, e as acusações seriam baseadas em depoimentos frágeis e inconsistentes. A defesa de Vanessa da Matta Andrade adotou um tom similar, alegando que ela não tinha qualquer envolvimento no assassinato e que as acusações contra ela são "infundadas e levianas".
No entanto, a denúncia do Ministério Público é robusta e detalha uma série de eventos e comunicações entre os envolvidos que reforçam a tese de que o assassinato foi planejado. Além disso, a participação de Renato Machado em outros processos judiciais, incluindo investigações por desvio e lavagem de dinheiro durante sua gestão na Prefeitura de Maricá, tem prejudicado sua credibilidade. Apesar de ter sido uma figura influente na política local e pastor evangélico bastante conhecido, a prisão do deputado levanta questões sobre o uso de sua posição de poder para cometer crimes graves e garantir impunidade.
A morte de Robson Giorgo gerou comoção e revolta na cidade de Maricá, onde o jornalista era conhecido por sua postura crítica em relação aos políticos locais. Ele frequentemente denunciava irregularidades e corrupção, o que, segundo a polícia, o teria colocado na mira de figuras poderosas, incluindo Renato Machado. A esposa de Robson, que presenciou o assassinato, vinha cobrando justiça desde então e, agora, expressou alívio com a prisão do deputado, embora o trauma do crime ainda pese sobre ela e sua família.
Com a prisão de Renato Machado, o cenário político no estado do Rio de Janeiro sofre mais um abalo. O PT, partido do deputado, ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso, mas correligionários de Machado indicaram que o partido pode adotar uma postura de cautela até que novas informações sejam reveladas no processo judicial. No entanto, a denúncia de que um parlamentar teria encomendado a morte de um jornalista expõe, mais uma vez, a vulnerabilidade de profissionais de imprensa que trabalham em áreas dominadas por figuras políticas influentes e o risco que correm ao denunciar irregularidades.
A prisão de Renato Machado marca um desdobramento significativo em um caso que se arrasta há mais de cinco anos, com investigações que enfrentaram inúmeros obstáculos, desde a dificuldade de reunir provas contundentes até pressões políticas para encerrar o inquérito. O Ministério Público, por sua vez, segue confiante de que as provas reunidas são suficientes para levar o caso à condenação dos envolvidos. Além disso, a investigação continua em busca de esclarecer se há outros nomes que possam estar ligados ao crime.
Nos próximos dias, espera-se que novos depoimentos sejam colhidos, inclusive de testemunhas que possam ter informações adicionais sobre o planejamento do assassinato de Robson Giorgo. A prisão preventiva de Renato Machado e dos demais envolvidos garante que o processo continuará sob forte atenção da opinião pública, especialmente em Maricá, onde o caso se tornou símbolo da luta contra a impunidade de crimes encomendados por figuras poderosas.