A viagem perdida de Nicolas Maduro (veja o vídeo)


 Nicolás Maduro, o controverso presidente da Venezuela, chegou à cidade de Kazan, na Rússia, nesta terça-feira, 22 de outubro de 2024, com a esperança de garantir a adesão de seu país ao grupo dos BRICS, que reúne Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A cúpula, marcada pela presença de líderes globais, representa uma oportunidade significativa para Maduro, que tem buscado fortalecer laços internacionais em um momento de crescente isolamento e crises internas em sua nação.


No entanto, apesar da expectativa que cercava sua chegada, a participação da Venezuela na pré-lista de novos países para o BRICS não foi confirmada. A cúpula em Kazan está discutindo a adesão de diversas nações, mas a Venezuela, junto com a Nicarágua, ficou de fora dessa seleção inicial. Essa decisão ressalta a dificuldade que Maduro enfrenta para integrar a Venezuela em blocos que poderiam oferecer suporte econômico e político.


Circula em Kazan uma lista com pelo menos 12 países que estão sendo considerados para uma possível adesão ao BRICS. Entre os nomes mencionados estão Belarus, Bolívia, Cuba, Indonésia, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Turquia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã. Esses países, por sua vez, aguardam a confirmação da intenção de se juntar ao bloco, que deve ser referendada por todos os membros do BRICS. A Rússia, como anfitriã, desempenha um papel crucial nesse processo, já que a decisão final dependerá da aceitação mútua entre os países participantes.


A ausência da Venezuela na pré-lista pode ser vista como um reflexo das dificuldades políticas que o país enfrenta, bem como das tensões entre Maduro e outros líderes regionais. Desde que assumiu o poder, Maduro tem sido alvo de críticas internacionais por sua administração autoritária e pela crise humanitária que assola a Venezuela, com milhões de cidadãos vivendo em condições de pobreza extrema e enfrentando escassez de alimentos e medicamentos.


Embora a presença de Maduro em Kazan tenha sido marcada por um discurso otimista sobre a importância da união entre os países do Sul Global, a realidade mostra que a sua tentativa de aproximação não foi bem-sucedida até o momento. A situação é complicada ainda mais pela oposição interna que enfrenta, que continua a exigir mudanças significativas em sua gestão.


As discussões na cúpula do BRICS ocorrem em um momento em que o bloco busca expandir sua influência global e apresentar uma alternativa ao sistema ocidental dominado por países como os Estados Unidos. O BRICS, que já é um dos principais fóruns de cooperação econômica e política, busca diversificar suas alianças e se fortalecer no cenário internacional, especialmente em face das crescentes tensões geopolíticas.


O interesse de Maduro em se juntar ao BRICS não é apenas uma estratégia de política externa, mas também uma tentativa de assegurar recursos e investimentos para a Venezuela. A adesão ao bloco poderia potencialmente abrir portas para novos acordos comerciais e apoio financeiro, algo que o país desesperadamente precisa diante da sua crise econômica. No entanto, a ausência de progresso nessa direção destaca as limitações das ambições de Maduro e a complexidade das dinâmicas políticas que cercam sua administração.


A cúpula de Kazan, além de discutir a adesão de novos países, também está focada em outras questões importantes, como a cooperação econômica, a segurança alimentar e a luta contra a pobreza. Os líderes presentes estão buscando formas de fortalecer a colaboração entre os países do BRICS, a fim de enfrentar desafios globais comuns e promover um desenvolvimento mais equitativo. A Venezuela, sob a liderança de Maduro, poderia ter se beneficiado desse tipo de colaboração, mas a sua exclusão inicial levanta questões sobre seu futuro nas esferas internacionais.


O futuro da adesão da Venezuela ao BRICS continua incerto, especialmente considerando a necessidade de apoio unânime entre os membros existentes. A possibilidade de uma viagem perdida para Maduro não se limita apenas à cúpula atual, mas reflete um padrão mais amplo de dificuldades enfrentadas por seu governo em conseguir aceitação e apoio no cenário internacional.


Diante dessa situação, a expectativa é que Maduro tente, mais uma vez, reafirmar seu desejo de integração, buscando novos diálogos e possíveis aliados. No entanto, o caminho para a adesão ao BRICS e a reconstrução das relações internacionais da Venezuela parece repleto de obstáculos. A ausência da Venezuela na pré-lista de novos membros é um lembrete claro de que, por mais que Maduro busque fortalecer sua posição, ele ainda precisa enfrentar as realidades complexas da política internacional e a desconfiança que seu governo suscita entre muitos líderes globais.

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