Nesta terça-feira (22), o ex-presidente Jair Bolsonaro, em uma declaração que surpreendeu parte do cenário político, afirmou que será o candidato da direita à Presidência da República em 2026. A fala ocorreu ao lado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, durante um evento público. Bolsonaro, que teve seu nome ligado a diversas especulações sobre seu futuro político desde o fim de seu mandato, consolidou de vez sua intenção de retornar ao poder, algo que pode mexer com as estruturas políticas do país nos próximos anos.
A declaração veio acompanhada de outras falas emblemáticas. Bolsonaro, em um tom confiante, destacou que o "pessoal tem saudade" de seu governo e que ele é o "ex mais amado do Brasil". Com isso, o ex-presidente fez questão de ressaltar seu forte apelo popular, algo que, segundo ele, o diferencia dos demais políticos no cenário atual. Para Bolsonaro, sua popularidade é inquestionável, e o reconhecimento de sua gestão por parte da população seria uma prova de que ele está no caminho certo ao planejar seu retorno ao Palácio do Planalto.
Ao abordar a questão de sucessores na política, o ex-presidente foi enfático ao dizer que não há substitutos à altura de Lula no campo da esquerda e que, no campo da direita, existem muitos nomes que podem seguir seu legado. "Eu colaborei formando lideranças, e estou muito feliz com isso. Só fiz um bom governo e o povo reconhece", afirmou. Essa colocação evidencia que Bolsonaro se vê como um formador de novas lideranças políticas e, mais do que isso, alguém que construiu uma base sólida de apoio dentro da direita, o que lhe permite não apenas concorrer, mas também influenciar o futuro do movimento conservador no Brasil.
A presença de Tarcísio de Freitas ao lado de Bolsonaro durante a declaração foi igualmente significativa. O governador de São Paulo, apontado por muitos como uma das possíveis alternativas da direita para a eleição de 2026, evitou qualquer afirmação sobre sua própria candidatura, reafirmando que o nome de Bolsonaro será o escolhido para disputar o cargo mais alto do Executivo. "Eu sou monotemático, meu foco agora é a eleição de domingo, 27", disse Tarcísio, referindo-se às eleições municipais que ocorrerão em breve no estado. Sua postura reforça a ideia de que, pelo menos por enquanto, ele não pretende entrar na disputa presidencial, e que seu apoio a Bolsonaro é firme e inquestionável.
Essa aliança entre Bolsonaro e Tarcísio, que se consolidou desde que o ex-presidente apoiou o então ministro da Infraestrutura para a disputa do governo paulista, pode ser um dos trunfos da campanha de Bolsonaro em 2026. Tarcísio, que tem mostrado uma gestão técnica e aprovada por boa parte da população de São Paulo, pode atuar como um importante cabo eleitoral para Bolsonaro, principalmente no maior colégio eleitoral do país. Além disso, a união entre os dois sinaliza uma tentativa de manter a coesão dentro da direita, evitando divisões que poderiam enfraquecer o grupo nas próximas eleições.
O cenário eleitoral de 2026 ainda está longe de se desenhar completamente, mas a declaração de Bolsonaro já começa a movimentar as peças no tabuleiro político. Seu retorno à disputa, após ser condenado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, adiciona um elemento de tensão nas próximas movimentações da política nacional. Em junho de 2023, Bolsonaro foi condenado por uma reunião com embaixadores estrangeiros no Palácio da Alvorada, onde questionou o sistema eleitoral brasileiro, o que resultou em sua inelegibilidade temporária. Contudo, com essa nova declaração, Bolsonaro dá indícios de que poderá reverter essa situação judicial ou contar com uma nova conjuntura política para viabilizar sua candidatura.
A fala de Bolsonaro de que é o "ex mais amado do Brasil" não é apenas uma declaração pessoal, mas um indicativo de sua estratégia política. Ele busca se posicionar como um líder que, apesar das críticas e das controvérsias de seu governo, mantém um forte apoio popular, algo que ele acredita ser suficiente para garantir sua volta ao poder. Ao destacar que "o pessoal tem saudade" de sua gestão, Bolsonaro tenta se reconectar com a parcela da população que o apoiou nas eleições de 2018 e 2022, e que pode ser crucial para seu desempenho em 2026.
Por outro lado, a oposição ao ex-presidente, tanto no campo político quanto no judiciário, já começa a se preparar para essa nova fase. Com o anúncio de sua intenção de candidatura, é esperado que seus adversários intensifiquem as críticas e ações para tentar barrar seu retorno à política ativa. Bolsonaro, no entanto, parece estar confiante de que, mesmo com os obstáculos, poderá novamente se apresentar como uma alternativa viável para aqueles que não se identificam com a atual gestão de Lula e com a esquerda brasileira.
Em suma, a frase que Bolsonaro soltou nesta terça-feira, de que será o candidato da direita em 2026, pode ser o ponto de partida para uma nova fase de sua trajetória política, com impactos diretos no futuro da política nacional. A expectativa agora gira em torno de como o "sistema", nas palavras do ex-presidente, reagirá a esse anúncio e quais serão os desdobramentos tanto dentro da direita quanto nas esferas judiciais que ainda pesam sobre ele.