O delegado Rodrigo Morais Fernandes, conhecido por ter conduzido as investigações sobre o atentado à faca contra o então candidato à presidência Jair Bolsonaro em 2018, foi recentemente nomeado pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar o cargo de adido da Polícia Federal na Embaixada do Brasil em Londres, no Reino Unido. A nomeação foi oficializada nesta quarta-feira, 23 de outubro de 2024, e gerou uma série de reações nos meios políticos e nas redes sociais.
Fernandes, que atualmente exerce a função de diretor de Inteligência da Polícia Federal, deverá se apresentar na capital britânica até o final deste ano. Ele ficará no cargo de adido policial pelo período de três anos. A função de adido policial é de extrema importância para o fortalecimento das relações entre os países no que diz respeito ao combate ao crime organizado, terrorismo e outros delitos transnacionais. Entretanto, a indicação de Rodrigo Morais levantou polêmicas devido ao seu envolvimento direto na investigação do ataque a Bolsonaro, um episódio ainda muito discutido no cenário político nacional.
Em 2018, quando ocorreu o atentado, Rodrigo Morais era o delegado regional de Combate ao Crime Organizado em Minas Gerais. Ele foi designado para comandar a apuração de um dos episódios mais marcantes da corrida eleitoral daquele ano: o momento em que Jair Bolsonaro, durante um ato de campanha em Juiz de Fora, foi esfaqueado por Adélio Bispo. A investigação conduzida por Morais concluiu que Adélio agiu sozinho, sem o envolvimento de qualquer mandante ou conspiração maior, uma conclusão que foi e ainda é alvo de questionamentos e teorias por parte de apoiadores de Bolsonaro e setores críticos da sociedade.
A nomeação de Morais para um posto diplomático em Londres foi rapidamente classificada por críticos do governo Lula como um "prêmio" por seu trabalho no caso da facada. Grupos políticos ligados a Bolsonaro enxergam a promoção como uma forma de reconhecimento do governo petista por uma investigação que, na visão de muitos, deixou perguntas sem respostas. Há quem afirme que a decisão de nomear Morais para o cargo de adido da Polícia Federal no exterior reforça a narrativa de que o governo atual estaria alinhado com a versão dos fatos estabelecida por ele em 2018, a qual favorece o distanciamento de qualquer possibilidade de conspiração envolvendo o atentado.
Nas redes sociais, a repercussão foi intensa. A nomeação se tornou rapidamente um dos assuntos mais comentados em plataformas como Twitter e Gettr, com apoiadores de Bolsonaro e críticos do governo Lula manifestando descontentamento com a promoção de Rodrigo Morais. Muitos questionam a imparcialidade das investigações e apontam para o fato de que a nomeação pode ser vista como uma recompensa por ter chegado a conclusões que, para alguns, foram convenientes ao sistema político vigente. Em contrapartida, defensores da nomeação argumentam que o delegado tem uma carreira respeitável e consolidada dentro da Polícia Federal e que sua experiência no combate ao crime organizado o torna qualificado para o cargo no exterior.
Apesar das controvérsias, a decisão de enviar Morais a Londres já está tomada, e ele deverá exercer um papel importante nas relações internacionais do Brasil no campo da segurança pública. Sua atuação será focada no intercâmbio de informações entre as autoridades brasileiras e britânicas, colaborando em operações contra crimes transnacionais que afetam ambos os países, como tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e terrorismo.
A questão do atentado a Bolsonaro, no entanto, ainda permanece viva no imaginário político brasileiro. Muitos apoiadores do ex-presidente acreditam que a investigação de 2018 foi inconclusiva ou até mesmo dirigida para encobrir uma suposta trama maior contra Bolsonaro. Desde o término das investigações, figuras públicas e aliados de Bolsonaro insistem em retomar o assunto em momentos-chave da política nacional, mantendo vivo o debate sobre a real natureza do atentado.
O governo Lula, por sua vez, não se manifestou oficialmente sobre as polêmicas em torno da nomeação de Rodrigo Morais. Até o momento, o Planalto tem tratado a questão como uma decisão técnica baseada nos méritos do delegado e em sua vasta experiência no combate ao crime organizado. A promoção de delegados da Polícia Federal para cargos internacionais é uma prática comum e ocorre como parte de um processo rotineiro de cooperação internacional.
A nomeação de Rodrigo Morais Fernandes para o posto de adido policial em Londres, contudo, reavivou debates antigos e trouxe à tona ressentimentos que ainda ecoam na política brasileira, deixando claro que o caso do atentado a Bolsonaro dificilmente será esquecido. Com as reações ainda fervendo nas redes sociais e entre figuras políticas, a indicação do delegado para o exterior será acompanhada de perto por ambos os lados do espectro político.
Para quem deseja acompanhar mais detalhes sobre essa história e outros desdobramentos da política nacional, a cobertura completa será feita por diversos veículos de mídia, que seguirão monitorando os passos de Morais e a reação do público e dos políticos à sua nomeação.