Deputado psolista perde o controle e "surta" em defesa de Moraes (veja o vídeo)


Na última sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, um episódio de intensa troca de acusações entre parlamentares chamou a atenção do público e dos presentes. Durante a leitura do relatório do projeto de lei que propõe anistia aos presos envolvidos nos eventos de 8 de janeiro, o deputado Chico Alencar (PSOL-RJ) perdeu o controle ao rebater duras críticas feitas pelo deputado Marcel Van Hattem (NOVO-RS). A discussão elevou o tom ao ponto de Chico ser descrito como tendo "surtado" em defesa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.


Tudo começou quando Van Hattem, conhecido por sua posição contrária à condução do caso dos presos políticos, criticou duramente a postura da esquerda no que ele considera ser uma hipocrisia evidente. O parlamentar do NOVO acusou os defensores da esquerda de aplicarem diferentes padrões de julgamento conforme a ideologia dos acusados. Segundo ele, enquanto militantes de esquerda, envolvidos em ações violentas no passado, foram beneficiados com anistias, cidadãos comuns, detidos em Brasília sem qualquer prova contundente de envolvimento nos atos de depredação do dia 8 de janeiro, são mantidos presos de maneira injusta.


Van Hattem foi incisivo ao apontar a contradição: "A anistia concedida àqueles que promoveram a luta armada é vista como justa e necessária, mas a anistia a pessoas presas sem provas concretas é considerada inaceitável." Ele também destacou que a narrativa que levou à prisão dessas pessoas foi construída pela extrema-esquerda, com apoio de figuras como o ministro Alexandre de Moraes. Para o deputado, o tratamento dado aos presos é uma "farsa" que está se tornando cada vez mais evidente para a população brasileira.


Um dos momentos mais polêmicos da fala de Van Hattem foi quando ele acusou Chico Alencar de ser defensor de tortura. Referindo-se diretamente ao colega do PSOL, Van Hattem declarou: "Contrariamente ao que diz o defensor de torturador Chico Alencar, que está defendendo a tortura — eu me enganei a seu respeito, é uma pena, porque está defendendo a tortura das pessoas que estão hoje presas injustamente." O parlamentar foi além, afirmando que apenas 18,8% da população brasileira acredita que houve uma tentativa de golpe nos eventos de 8 de janeiro, sugerindo que a narrativa de golpe de Estado tem pouca credibilidade até mesmo entre os eleitores da esquerda.


As críticas de Van Hattem não pararam por aí. Ele acusou os defensores de Alexandre de Moraes de apoiar abusos e torturas, e questionou a coerência daqueles que outrora se posicionaram como defensores dos direitos humanos: "É uma pena ver pessoas jogando fora a defesa dos direitos humanos e da democracia ao apoiar abusadores e torturadores, ao apoiar aqueles que estão colocando famílias inteiras em desgraça no Brasil."


Diante dessas acusações, Chico Alencar pediu direito de resposta. No entanto, ao tomar a palavra, o deputado do PSOL acabou perdendo o controle emocional. Visivelmente alterado, Alencar expressou sua indignação por ter sido classificado como defensor de tortura. Ele rebateu as críticas de Van Hattem com veemência, mas continuou a defender os atos de Alexandre de Moraes, especialmente no que diz respeito à condução das investigações sobre os eventos de 8 de janeiro.


O surto de Chico Alencar no plenário gerou reações mistas. Alguns de seus colegas de partido tentaram apaziguar os ânimos, enquanto outros parlamentares do bloco de oposição aproveitaram o momento para reforçar as críticas à atuação do STF e de Moraes. A troca acalorada de acusações entre Alencar e Van Hattem reflete o clima polarizado que domina as discussões políticas no Brasil, especialmente no que tange às questões relacionadas ao Judiciário e aos direitos civis.


Para os aliados de Van Hattem, a reação de Chico Alencar foi um sinal claro de que a esquerda está "desesperada" para defender narrativas que não têm mais sustentação popular. A baixa adesão às alegações de golpe, mencionada por Van Hattem, seria um indicativo de que a população brasileira está começando a perceber a manipulação por trás das narrativas sobre os eventos de 8 de janeiro. Já os apoiadores de Alencar defendem que o deputado reagiu de forma justa a acusações infundadas e que suas críticas à tentativa de anistia aos presos políticos são legítimas.


Este episódio, ocorrido no contexto da discussão sobre o projeto de anistia, evidencia as profundas divisões que permeiam o cenário político brasileiro. Enquanto uma parte dos parlamentares luta para garantir que os envolvidos nos atos de 8 de janeiro sejam responsabilizados de forma rigorosa, outros veem nas prisões uma injustiça que precisa ser corrigida. No centro dessa controvérsia, está o ministro Alexandre de Moraes, cuja atuação tem sido alvo de intensas críticas e também de fervorosa defesa.


A sessão da CCJ, que deveria ser focada no avanço do relatório sobre o projeto de anistia, terminou sendo marcada pela troca de farpas entre parlamentares e pela crescente tensão entre os blocos ideológicos. Com o debate ainda longe de um desfecho, fica claro que a questão da anistia e da responsabilização pelos atos de 8 de janeiro continuará a ser um dos temas centrais nas próximas semanas, reacendendo o debate sobre o papel do STF, a atuação de Moraes e o futuro das instituições democráticas no Brasil.

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