O deputado federal Sanderson, do Partido Liberal do Rio Grande do Sul, se manifestou publicamente em defesa do deputado federal Gustavo Gayer, de Goiás, também do Partido Liberal. Gayer foi alvo de uma operação realizada pela Polícia Federal, o que gerou intensas reações no cenário político. A ação teve repercussão entre parlamentares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que enxergam nessa operação um ato de perseguição política, atribuindo o ocorrido a um movimento supostamente orquestrado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Durante seu pronunciamento, Sanderson criticou abertamente a postura das autoridades envolvidas, especialmente a do ministro Alexandre de Moraes, a quem se referiu como “ministro-investigador-ditador”. Segundo o deputado gaúcho, o caso de Gustavo Gayer não seria um evento isolado, mas parte de uma sequência de ações direcionadas contra parlamentares que se alinham com a oposição e que possuem vínculos com o ex-presidente Bolsonaro. O deputado mencionou outros nomes que já teriam enfrentado operações semelhantes, incluindo o delegado Ramagem, também deputado federal, e o então líder da oposição, Carlos Jordy.
Para Sanderson, essas ações da Polícia Federal, sob autorização de Moraes, não são sustentadas por provas concretas e não revelaram nenhum indício de corrupção ou má conduta dos parlamentares investigados. Em sua fala, ele destacou que essas operações não resultaram na apreensão de “malas de dinheiro” ou qualquer evidência material de irregularidades, sugerindo que as investigações visariam mais constranger os parlamentares do que alcançar a justiça.
Essa defesa pública trouxe à tona a tensão que se desenha há algum tempo entre setores do Poder Judiciário e parte dos apoiadores do ex-presidente Bolsonaro. A relação de Moraes com figuras políticas ligadas ao bolsonarismo tem sido motivo de controvérsias, com frequentes acusações de que suas ações extrapolariam a imparcialidade esperada de um magistrado da Suprema Corte. A fala de Sanderson é um exemplo claro dessa insatisfação e reflete a percepção de uma parcela de parlamentares que acredita estar sob vigilância constante e sofrendo uma suposta perseguição institucional.
Em meio a esse cenário, parlamentares de oposição ao governo atual alegam que essa série de investigações e operações policiais contra eles é um reflexo de uma tentativa de silenciar vozes críticas. Eles defendem que o uso da Polícia Federal em investigações que, para eles, carecem de fundamento concreto, configura um uso abusivo do poder. As alegações de que esses deputados são alvos frequentes de investigações e buscas sem a descoberta de irregularidades são, para alguns críticos, sinais de uma atuação do Judiciário que ultrapassa a esfera da legalidade.
O próprio deputado Gustavo Gayer, que esteve no centro da mais recente operação, argumentou em suas redes sociais que não cometeu nenhuma irregularidade e que considera o procedimento judicial contra ele infundado e motivado por questões políticas. Ele criticou duramente o que classifica como “ativismo judicial” de Alexandre de Moraes, apontando que seu trabalho como parlamentar está sendo cerceado por essas operações que, em sua visão, são desnecessárias e visam intimidá-lo e a seus colegas de partido.
Ainda que a Polícia Federal tenha se mantido discreta quanto ao teor das investigações e sobre os motivos específicos que levaram às operações contra esses parlamentares, a repercussão no cenário político tem sido intensa. A ação envolvendo Gustavo Gayer, junto com outras ocorrências anteriores, tem servido como combustível para reforçar o discurso de que há um suposto aparelhamento do Judiciário contra figuras públicas alinhadas ao conservadorismo no país.
A reação de Sanderson, assim como de outros parlamentares, revela um ponto de tensão persistente entre o STF e alguns membros do Legislativo, que argumentam que essas ações policiais, quando não embasadas em provas contundentes, desrespeitam a autonomia do Legislativo e a liberdade de expressão dos parlamentares. Muitos desses deputados que apoiaram o governo Bolsonaro têm se colocado publicamente contra o STF, especialmente contra a atuação de Moraes, que assumiu papel central em investigações polêmicas, como o inquérito das Fake News, o inquérito dos atos antidemocráticos e outras investigações que miram bolsonaristas influentes.
O discurso de Sanderson é visto como um esforço de seus aliados para proteger seus pares e também para questionar os limites do Judiciário na fiscalização do Legislativo. Para muitos apoiadores do ex-presidente Bolsonaro, essas investigações representam um movimento para intimidar e enfraquecer a oposição conservadora no Congresso. Já os críticos dessas alegações destacam a importância do papel do STF e da Polícia Federal no combate à desinformação e no monitoramento de atividades potencialmente lesivas à democracia.
Com o aumento das críticas, essa questão reacende o debate sobre a relação entre os poderes e os limites de atuação do Judiciário em investigações que envolvem agentes políticos. Enquanto figuras como Sanderson continuam a denunciar o que consideram abusos e perseguição, setores do Judiciário e da sociedade civil defendem o papel investigativo da Justiça para manter a ordem democrática.