A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores (PT), Gleisi Hoffmann, declarou nesta segunda-feira, 28 de outubro, que a esquerda brasileira continuará sendo "massacrada" nas redes sociais enquanto não houver uma regulamentação efetiva das plataformas digitais. Durante uma reunião da Executiva e da bancada de parlamentares do partido, na sede do diretório nacional do PT em Brasília, Hoffmann abordou a necessidade de adaptação do partido à nova realidade das redes, que ela considera desfavorável à esquerda. Segundo Gleisi, o algoritmo das redes sociais prioriza conteúdos que incentivam o ódio, a violência e o preconceito, o que gera maior engajamento e acaba sendo lucrativo para as plataformas.
A fala de Gleisi Hoffmann ocorre em um momento em que o PT busca reavaliar sua comunicação digital e adaptar suas estratégias para alcançar uma parcela mais ampla da população. A líder petista mencionou que, apesar de avanços na comunicação digital, o partido ainda enfrenta desafios para se estabelecer de maneira competitiva nas redes. Segundo ela, as redes, como funcionam atualmente, são uma barreira significativa para o partido, dificultando a disseminação das mensagens de forma imparcial.
A presidente do PT mencionou a recente entrevista do influenciador Felipe Neto, que, segundo ela, reforçou essa questão ao comentar que a esquerda encontra dificuldades em atingir um público mais amplo nas redes sociais. Na visão de Gleisi, o atual sistema de algoritmos favorece conteúdos de caráter polêmico e sensacionalista, o que, segundo ela, tende a prejudicar partidos de esquerda que buscam promover um discurso pautado em seus princípios. Ela defende que a regulamentação das redes seria uma medida necessária para criar um ambiente mais justo e menos hostil para todas as orientações políticas.
Gleisi admitiu que as expectativas do PT para as eleições municipais de 2024 eram maiores, mas o resultado final deixou claro que a estratégia de comunicação ainda precisa ser melhorada. "Precisamos modernizar e ampliar nosso discurso, mas sem abrir mão dos nossos princípios e da trajetória que nos trouxe até aqui", afirmou Hoffmann, enfatizando que o partido valoriza seu histórico de lutas e a base de apoio que sempre esteve presente, mesmo nos momentos mais difíceis.
A petista também reforçou que a comunicação do PT avançou desde as eleições de 2022, quando a campanha presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva buscou, com sucesso, fortalecer o engajamento da base petista. Entretanto, ela reconheceu que, com a expansão das redes sociais e o poder crescente dos algoritmos, o desafio de se comunicar com eficiência é cada vez maior. Hoffmann destacou que a situação exige um esforço constante do partido para acompanhar a evolução digital e ampliar o alcance de suas ideias sem perder a conexão com os eleitores.
Gleisi se mostrou especialmente preocupada com o impacto da falta de regulamentação nas redes sobre a democracia brasileira. Ela ressaltou que, sem uma intervenção regulatória, as redes sociais continuarão a favorecer discursos que ela considera danosos e extremistas, contribuindo para a polarização e o distanciamento da população das discussões políticas de maneira saudável. "As redes visam o lucro, e o que atrai mais visualizações são os discursos de ódio, violência e preconceito", explicou a presidente do PT. Em sua opinião, o ambiente das redes sociais não favorece um diálogo respeitoso e equilibrado entre diferentes visões políticas, algo que ela considera essencial para a democracia.
A petista concluiu sua fala afirmando que a regulamentação das redes sociais deve ser uma prioridade, não apenas para o PT, mas para o bem-estar da sociedade e do sistema democrático brasileiro. Ela acredita que uma legislação apropriada sobre o uso das redes poderia permitir uma comunicação mais justa e acessível para todos, independente da orientação política, reduzindo a influência dos algoritmos na disseminação de informações. Para ela, o modelo atual não apenas prejudica a esquerda, mas distorce o debate político, criando um cenário em que o conteúdo mais extremo e inflamatório recebe destaque, enquanto as propostas mais moderadas e construtivas acabam ficando ofuscadas.
Gleisi Hoffmann reforçou que o PT continuará defendendo a regulamentação das redes sociais como uma de suas principais bandeiras. Ela afirmou que o partido está empenhado em promover um ambiente digital que favoreça a troca saudável de ideias e respeite a diversidade de opiniões. Segundo ela, a esperança é que a sociedade entenda a importância desse debate e que os legisladores estejam dispostos a atuar em prol de uma internet mais justa e segura para todos. "A esquerda não pode ser refém de um sistema que privilegia o lucro em detrimento da democracia e do respeito", finalizou a presidente do PT.
A discussão sobre a regulamentação das redes sociais no Brasil não é recente, mas tem ganhado mais atenção conforme as redes sociais se tornam cada vez mais influentes no cenário político nacional. A questão ainda gera debates intensos e opiniões divididas, com defensores argumentando que a regulação é necessária para limitar a disseminação de desinformação e ódio, enquanto críticos afirmam que medidas assim poderiam comprometer a liberdade de expressão. O PT, por sua vez, parece decidido a adotar a pauta da regulamentação como uma prioridade, na tentativa de enfrentar os desafios impostos pelo ambiente digital moderno.