Glenn revela o que há por trás do "recuo" de Musk no confronto com Moraes

Caio Tomahawk


Em uma entrevista recente ao podcast Flow, transmitida na sexta-feira, dia 11 de outubro, o jornalista investigativo Glenn Greenwald revelou detalhes que esclarecem a mudança de postura de Elon Musk, dono da plataforma Twitter/X, em relação ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O episódio trouxe à tona informações que até então estavam fora do radar do público, especialmente no que diz respeito às motivações de Musk para recuar no confronto com Moraes. Segundo Greenwald, o bilionário tem sido alvo de pressões substanciais de acionistas, instituições financeiras e governos, o que o forçou a reconsiderar sua postura desafiadora.


Elon Musk, que havia inicialmente adotado uma atitude mais combativa em relação às ordens judiciais de Moraes, incluindo multas aplicadas ao Twitter/X, acabou cedendo, o que gerou especulações sobre os reais motivos para tal mudança. Conforme exposto por Greenwald durante o podcast, uma das principais razões foi a pressão de acionistas e instituições financeiras que contribuíram para a compra do Twitter/X. "Musk tem pessoas ricas e poderosas falando para ele que não aceitarão ficar apenas assistindo à briga com Moraes enquanto a Starlink perde dinheiro", explicou Greenwald. O jornalista enfatizou que Musk, apesar de ser o nome mais reconhecido, não opera sozinho. Grande parte dos US$ 44 bilhões que ele utilizou para adquirir a plataforma veio de grandes bancos como o Morgan Stanley e o Bank of America.


Esses investidores, segundo Greenwald, estavam particularmente preocupados com o impacto financeiro de uma disputa prolongada com o STF, especialmente no mercado brasileiro, que é visto como um campo promissor para os negócios de Musk. "Você acha que essas pessoas estavam tranquilas vendo o X fechado no Brasil, um país lucrativo com mercado potencial?", questionou Greenwald, ressaltando a pressão que os investidores exerceram sobre Musk para manter a plataforma operando em mercados estratégicos como o brasileiro. Isso porque o Brasil, com sua vasta população e engajamento significativo nas redes sociais, é considerado um dos mercados mais importantes para o Twitter/X. Além disso, Musk tem interesse direto em outras áreas de negócios no país, como a Starlink, seu projeto de internet via satélite, que também foi afetado pelas decisões de Moraes.


Um ponto relevante mencionado por Greenwald é que as multas impostas ao Twitter/X no Brasil, em razão das ordens de Moraes, acabaram gerando um bloqueio de recursos da Starlink no país. Esse bloqueio, conforme explicou o jornalista, intensificou as pressões internas sobre Musk para evitar um embate direto com o judiciário brasileiro. A Starlink, que é crucial para os planos de Musk de expandir a conectividade global, perdeu acesso a recursos necessários para operar de forma plena no Brasil, o que colocou em risco uma fatia importante de seus negócios internacionais. Diante desse cenário, Musk teria sido forçado a adotar uma postura mais conciliatória em relação às ordens judiciais de Moraes, buscando preservar seus interesses comerciais.


A entrevista de Greenwald também trouxe à tona uma série de reportagens que ele publicou em 13 de agosto, na Folha de S.Paulo, nas quais ele detalha a atuação de Alexandre de Moraes, tanto no STF quanto como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). As reportagens indicam que Moraes teria utilizado sua posição no TSE para fortalecer inquéritos que ele conduz na Suprema Corte, incluindo o polêmico inquérito das fake news, que visa combater a desinformação nas redes sociais. Segundo Greenwald, o ministro teria usado o aparato de vigilância do TSE para monitorar e censurar apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, gerando uma série de preocupações sobre o uso excessivo do poder judicial para restringir a liberdade de expressão.


Essas reportagens, que tiveram grande repercussão, destacam a complexidade da relação entre o Judiciário brasileiro e as plataformas digitais, em um momento em que o Brasil enfrenta debates acalorados sobre liberdade de expressão e a responsabilidade das empresas de tecnologia na disseminação de informações falsas. No caso de Musk, que inicialmente se posicionou como um defensor ferrenho da liberdade de expressão, as pressões financeiras e políticas acabaram por ditar os rumos de sua relação com o Brasil e, mais especificamente, com Moraes.


No entanto, Greenwald alertou que essa não é uma questão encerrada. Para o jornalista, o recuo de Musk pode ser temporário e estratégico, à medida que ele busca reequilibrar suas prioridades comerciais e evitar prejuízos maiores no curto prazo. A longo prazo, é possível que Musk retome uma postura mais assertiva, especialmente se conseguir estabelecer uma posição mais sólida em outros mercados globais.


Assim, o confronto entre Elon Musk e Alexandre de Moraes pode ainda estar longe de uma resolução definitiva, com ambos os lados buscando formas de fortalecer suas respectivas posições. O Brasil, por sua vez, continuará sendo um campo de batalha crucial nessa disputa, dado seu tamanho e importância tanto para o mercado de redes sociais quanto para os interesses empresariais de Musk. A entrevista de Glenn Greenwald, portanto, trouxe novas camadas de compreensão sobre os bastidores desse embate, revelando os complexos interesses financeiros e políticos que moldam as decisões de um dos homens mais ricos do mundo.

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