Governo se mobiliza para comprar novo avião para Lula após pane


Na última terça-feira (1º), o avião presidencial que transportava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sofreu um incidente técnico que causou grande frustração no mandatário. Durante o voo, um problema em um dos motores obrigou a aeronave a permanecer em círculos por cerca de cinco horas para queimar combustível antes de poder aterrissar com segurança. O incidente gerou uma reação imediata de Lula, que demonstrou insatisfação não apenas com o contratempo, mas também com a falta de conectividade durante o voo.


De acordo com uma apuração feita pelo jornal O Estado de S. Paulo, fontes próximas ao presidente revelaram que ele vê a aeronave atual como antiquada. O modelo do avião, um Airbus A319-ACJ, foi adquirido em 2005 durante o primeiro mandato de Lula, e o presidente já sinalizava desde o início de seu terceiro mandato que gostaria de substituí-lo. A aeronave, chamada popularmente de “AeroLula”, foi comprada por US$ 167 milhões e, apesar de ser equipada para viagens longas, carece de algumas modernidades, como sistemas de conectividade mais avançados, o que se tornou uma preocupação para o petista.


Após o incidente, a ideia de adquirir uma nova aeronave presidencial ganhou força dentro do governo. O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, interrompeu suas férias nos Estados Unidos e retornou ao Brasil para avaliar as opções de compra de um novo avião. Ele deve se reunir com o presidente e com o comandante da Aeronáutica, brigadeiro Marcelo Damasceno, para discutir o futuro da frota presidencial.


Além de Lula, estavam a bordo da aeronave a primeira-dama, Janja da Silva, os ministros Mauro Vieira (Relações Exteriores) e Cida Gonçalves (Mulheres), o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, e as senadoras Soraya Thronicke (União Brasil-MS) e Teresa Leitão (PT-PE). O incidente ocorreu logo após a decolagem, quando um ruído intenso indicou que algo estava errado. O piloto informou que uma ave possivelmente teria atingido um dos motores, o que resultou na pane que obrigou o avião a permanecer no ar até que fosse seguro pousar.


Mesmo com o susto e a tensão entre os passageiros, Janja sugeriu que a delegação passasse mais uma noite no México, onde estavam após compromissos oficiais, para aguardar a resolução do problema com a aeronave principal. No entanto, Lula optou por continuar a viagem na mesma noite, utilizando um avião de reserva que já estava no aeroporto à disposição da comitiva presidencial.


A questão da substituição da atual aeronave presidencial por um modelo mais moderno não é nova. Desde o início de seu terceiro mandato, Lula havia manifestado interesse em um jato maior e mais confortável, possivelmente um Airbus A330, que oferece mais espaço e comodidades para o trabalho e descanso, incluindo uma suíte privada com cama e chuveiro, além de cerca de 100 poltronas semi-leito. Esse tipo de aeronave, já utilizado pela Força Aérea Brasileira (FAB) para missões de reabastecimento em voo e operações especiais, poderia atender às exigências do presidente, mas exigiria uma adaptação significativa para uso exclusivo da Presidência da República, o que poderia gerar um custo elevado.


A compra de uma nova aeronave, no entanto, não está isenta de controvérsias. O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) chegou a adquirir jatos da companhia aérea Azul, mas a reforma necessária para adequar as aeronaves ao uso presidencial não foi concluída durante seu governo, deixando a questão em aberto. Agora, a equipe de Lula enfrenta um dilema: a compra de uma nova aeronave poderia ser vista como um gasto excessivo, o que poderia prejudicar a imagem do governo em meio à pressão pública por contenção de despesas.


Para aliados de Lula, o incidente com o avião presidencial reforça a necessidade de modernização da frota. “Não podemos mais expor o presidente a esse tipo de risco”, comentou uma fonte do alto escalão. A mesma fonte acrescentou que, com o susto do voo ainda fresco na memória de todos, é improvável que haja grande resistência interna à ideia de adquirir um novo avião, já que a segurança do chefe de Estado se tornou uma questão prioritária.


Enquanto o governo se organiza para discutir as opções disponíveis, a compra de uma nova aeronave deve ser pautada pelas questões de segurança, conectividade e conforto. A intenção de Lula é garantir que as próximas viagens internacionais sejam realizadas sem sobressaltos e com um nível de eficiência que ele considera adequado para o exercício da presidência.


O debate sobre a renovação da frota presidencial, portanto, está longe de terminar, e o desenrolar das próximas semanas será crucial para definir se o Brasil seguirá em frente com a aquisição de um novo “AeroLula” ou se optará por uma solução intermediária para garantir a segurança e conforto das viagens presidenciais.

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