Em uma movimentação política de grande relevância, o presidente do Partido Liberal (PL), Valdemar Costa Neto, reuniu-se com o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), para discutir a proposta de anistia aos detidos pelos atos de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro invadiram as sedes dos Três Poderes em Brasília. Além de abordar o tema da anistia, Valdemar também falou sobre a importância de Bolsonaro para a direita brasileira e sugeriu que Lira tente dialogar com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), responsável por ações judiciais que envolvem vários manifestantes e até aliados próximos do ex-presidente.
A conversa entre Valdemar e Lira marca um ponto decisivo para a base política conservadora, que busca uma saída legal para os envolvidos nos acontecimentos de janeiro. Em uma declaração pública antes do encontro, Valdemar ressaltou a necessidade de se trabalhar com o projeto de anistia que atualmente está em tramitação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara. “Temos que trabalhar com o projeto de anistia, que está na CCJ. Tenho uma reunião com o Arthur [Lira] hoje ainda para falar sobre isso. Porque precisa ser dentro da lei. Precisamos disso. Mas precisamos saber qual a maneira”, afirmou o presidente do PL. Suas palavras refletem o desejo da direita em construir uma base legal que possa aliviar a situação de apoiadores que estão sob investigação e aguardam julgamento por participação direta ou indireta nos atos de vandalismo e agressão às instituições democráticas.
Ao mesmo tempo, Valdemar reforçou o peso que Bolsonaro ainda possui dentro do espectro político brasileiro, classificando-o como “o maior cabo eleitoral da direita”. Tal afirmação sinaliza a intenção de manter a imagem do ex-presidente presente na linha de frente da política nacional, mesmo com os processos e inquéritos que ele enfrenta em diversas instâncias. Isso demonstra que, apesar das controvérsias, a base do PL e de partidos aliados enxerga em Bolsonaro uma figura de liderança e mobilização popular.
Durante o encontro, um dos pontos discutidos foi a necessidade de uma conversa com Alexandre de Moraes, uma vez que o ministro tem sido uma figura central na condução dos processos relacionados aos eventos de janeiro. A relação entre o STF e os políticos alinhados à direita tem sido marcada por tensões e críticas de ambos os lados, e o diálogo com Moraes poderia, na visão de Valdemar e Lira, contribuir para amenizar o impasse e avançar na pauta da anistia. Ainda que não haja confirmação oficial sobre um eventual encontro entre Lira e Moraes, a tentativa de articulação revela a estratégia de buscar um entendimento entre os Poderes, algo que pode facilitar a tramitação do projeto de anistia.
Outro ponto relevante nesta agenda foi o posicionamento da deputada Caroline De Toni (PL-SC), que atualmente preside a CCJ e tem sido uma voz ativa na defesa da anistia. Para Caroline, o avanço da proposta é uma prioridade e ela vê o apoio de Lira como um sinal positivo para a continuidade da pauta. Em uma declaração feita após ser informada por Lira sobre a criação de uma comissão especial para tratar do tema, a deputada demonstrou otimismo em relação à aprovação da anistia. “A Anistia é uma prioridade para mim e para tantos brasileiros que anseiam a liberdade e a justiça e continuo tendo a convicção que será aprovada. Fui comunicada ontem à noite, pelo presidente Arthur Lira de que ele criaria uma comissão especial pra tratar do tema. O meu desejo é que seja aprovada o mais rápido possível no Plenário da Câmara”, disse.
Caroline enfatizou ainda que o esforço de mobilização em torno da anistia reflete a busca por uma justiça que atenda ao clamor dos apoiadores de Bolsonaro. Em suas palavras, “é urgente que façamos a verdadeira justiça e continuaremos firmes na nossa missão”. A criação da comissão especial pela Câmara, segundo ela, representa um avanço importante para que a proposta seja debatida com profundidade e leve em consideração diferentes perspectivas sobre os eventos de 8 de janeiro.
Embora o projeto de anistia seja uma prioridade para o PL e seus aliados, ele deve enfrentar desafios dentro do Congresso e da sociedade. Setores da oposição e representantes de movimentos civis têm manifestado preocupação com a possibilidade de que uma anistia ampla possa acabar sendo interpretada como uma permissão para que atos antidemocráticos sejam tolerados. Ainda assim, a estratégia do PL é avançar com a pauta, buscando apoio dentro da Câmara e contando com a liderança de Arthur Lira para acelerar o processo.
A proposta de anistia agora terá um caminho específico de tramitação, e a criação da comissão especial é um passo inicial nesse percurso. Com os próximos debates, a Câmara deve enfrentar um embate político e jurídico sobre os limites e implicações de uma eventual anistia. A aprovação ou rejeição do projeto terá consequências significativas não apenas para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro, mas também para a própria política nacional, uma vez que a decisão poderá definir a forma como o país lida com ações que desafiam a ordem democrática.