"Na reta final, vaza a pior informação sobre Nunes; agora chegou ao fim"


A recente revelação de que Eduardo Olivatto, chefe de gabinete da Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) da Prefeitura de São Paulo, é irmão de Ana Maria Olivatto, ex-mulher de Marcos Willians Herba Camacho, o Marcola, líder do Primeiro Comando da Capital (PCC), está gerando grande repercussão no cenário político de São Paulo. A conexão familiar trouxe à tona questões sobre a relação de Olivatto com figuras ligadas à criminalidade, o que levanta questionamentos sobre possíveis implicações para a administração municipal.


Eduardo Olivatto é um servidor concursado, trabalhando na Prefeitura de São Paulo desde 1988, período em que Luíza Erundina (PT) era prefeita da cidade. Embora tenha uma carreira de longa data na administração pública, seu nome foi destaque recentemente devido a contratos de sua esposa, Christiane Fernandes Florio Olivatto, com empresas envolvidas em serviços prestados à Siurb. A empresa F.F.L. Sinalização, Comércio e Serviços, cujo proprietário é Fernando Marsiarelli, um dos principais fornecedores da secretaria, faturou R$ 624,1 milhões em contratos emergenciais nos últimos quatro anos. A relação de negócios entre Olivatto e Marsiarelli, incluindo o aluguel de um imóvel de propriedade do chefe de gabinete ao fornecedor, trouxe à tona preocupações sobre possíveis conflitos de interesse.


A resposta de Eduardo e Christiane ao UOL foi a de que o imóvel mencionado na reportagem foi alugado em novembro de 2022 e o contrato rescindido em janeiro de 2023, refutando qualquer insinuação de que ainda houvesse uma relação comercial em andamento. Contudo, registros da Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp) indicam que empresas ligadas ao casal ainda operam no mesmo endereço, o que gerou mais questionamentos sobre a transparência nas suas relações empresariais e possíveis vínculos com a administração pública.


A gestão do prefeito Ricardo Nunes defendeu Olivatto, destacando sua condição de servidor concursado e argumentando que ele não tem qualquer influência direta nos processos licitatórios da Siurb. De acordo com a prefeitura, as funções de Olivatto estão claramente delimitadas e não envolvem decisões sobre contratações ou licitações. Apesar dessa posição, a revelação reacendeu o debate sobre a proximidade entre servidores de alto escalão e fornecedores com laços questionáveis, trazendo à tona o debate sobre transparência e ética na administração pública.


O tema foi abordado durante o debate na TV Globo, realizado em 3 de outubro, no qual Ricardo Nunes e seu principal opositor, Guilherme Boulos (PSOL), discutiram a situação. Boulos, aproveitando o palco, mencionou as revelações, questionando a lisura dos processos conduzidos pela Siurb sob a gestão de Nunes. O candidato do PSOL destacou que a relação entre Olivatto e Marsiarelli, em sua opinião, simboliza uma prática de favorecimento dentro da administração municipal. Segundo Boulos, há um padrão de concessão de contratos emergenciais sem a devida fiscalização e com a presença de conflitos de interesse ocultos.


Nunes, por sua vez, defendeu sua gestão de forma enérgica, acusando Boulos de tentar distorcer os fatos e enganar a população. O prefeito afirmou que seu governo segue rigorosamente os trâmites legais em todos os contratos firmados pela prefeitura, ressaltando que Eduardo Olivatto não tem qualquer poder decisório sobre as licitações da secretaria. Nunes ainda destacou que, ao longo de sua gestão, implementou diversas medidas para aumentar a transparência nas contratações públicas, e que todas as ações realizadas pela Siurb estão dentro da legalidade.


Apesar das negativas de Olivatto e da defesa de Nunes, a situação pode se complicar para a gestão municipal, uma vez que a oposição deverá explorar esse caso como evidência de possíveis irregularidades na administração pública. A imagem de Ricardo Nunes, que tenta se consolidar como um prefeito focado na gestão eficiente e nas obras de infraestrutura, pode ser afetada, principalmente em um ano eleitoral em que a confiança dos eleitores está fragilizada por escândalos de corrupção que atingem tanto o cenário municipal quanto o nacional.


Os próximos passos podem envolver investigações mais profundas sobre os contratos da Siurb e as relações comerciais entre fornecedores e servidores da prefeitura. Grupos de fiscalização e a própria Câmara Municipal de São Paulo podem ser acionados para apurar se houve algum tipo de violação dos princípios da administração pública, como moralidade e impessoalidade, nesse caso específico. Além disso, é provável que o Ministério Público também seja envolvido, dado o clamor público em torno das recentes revelações.


Em meio ao ambiente acirrado da campanha eleitoral, casos como o de Eduardo Olivatto se tornam ainda mais delicados, uma vez que a percepção de conluio entre o poder público e interesses privados pode influenciar diretamente o voto dos eleitores paulistanos. Com a disputa entre Nunes e Boulos cada vez mais polarizada, cada novo detalhe pode ter impactos significativos nos resultados das urnas em novembro. Assim, o futuro da gestão de Ricardo Nunes e sua chance de reeleição dependem não só de sua capacidade de responder adequadamente às acusações, mas também de convencer a população de que sua administração está alinhada com os princípios de transparência e responsabilidade que os eleitores esperam.

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