O deputado federal Júnior Mano, do Partido Liberal (PL), foi expulso da legenda em uma decisão que teria sido tomada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. O episódio ocorreu após Mano participar de um evento de campanha ao lado de Evandro Leitão, candidato à prefeitura de Fortaleza pelo Partido dos Trabalhadores (PT), que é adversário político do PL e de Bolsonaro. A presença de Mano ao lado de Leitão foi vista como um ato de deslealdade pelo comando do partido, resultando na sua expulsão.
A confirmação do desligamento de Júnior Mano foi feita pelo próprio deputado em suas redes sociais, onde ele expressou surpresa e descontentamento com a decisão. Em um comunicado, Mano disse ter recebido uma ligação do presidente estadual do PL, deputado Carmelo Neto, informando que a expulsão foi um pedido direto de Bolsonaro. Segundo Mano, o ex-presidente considerou o apoio do parlamentar ao candidato petista como uma traição aos ideais do PL e do bolsonarismo.
Mano utilizou suas redes para desabafar sobre o episódio. “Acabo de receber uma ligação do presidente estadual do PL, deputado Carmelo Neto, no qual o seu líder, o ex-presidente Bolsonaro, pede a minha expulsão do partido por eu apoiar o candidato Evandro Leitão para prefeito de Fortaleza. Votei em Bolsonaro em 2022, e quando o bolsonarismo é contrariado, sempre é tratado como forma de ingratidão. Expus meus pensamentos e decidi o que é o melhor para a Capital e virei vítima de perseguição! As pessoas estão acima dos partidos. Por isso, irei de Evandro Leitão”, declarou o deputado, em tom de desabafo.
A aliança com Evandro Leitão foi vista por Mano como uma decisão local, baseada nas necessidades de Fortaleza e na afinidade com o projeto político de Leitão, que, de acordo com o deputado, reflete o que ele considera ser o melhor para a cidade. No entanto, essa escolha contraria os interesses do PL e de Bolsonaro, que têm adotado uma postura rígida em relação a parlamentares e figuras públicas que apoiam adversários políticos. O PL, sob a liderança de Bolsonaro, tem reforçado sua posição como um partido alinhado à direita, o que torna qualquer apoio a candidatos do PT ou de partidos de esquerda um ato de ruptura grave.
Júnior Mano ainda destacou que, apesar de seu apoio a Bolsonaro na eleição presidencial de 2022, ele acredita que as decisões políticas precisam ser tomadas pensando no bem-estar da população e não apenas em fidelidades partidárias. Sua fala reflete uma insatisfação com o que ele descreveu como perseguição política dentro do partido, ao mesmo tempo em que deixou claro seu apoio ao candidato do PT.
Evandro Leitão, que é uma figura forte no cenário político de Fortaleza, tem conseguido angariar apoio de diversas frentes políticas, inclusive de figuras que, como Júnior Mano, fazem parte de partidos de direita. Isso tem sido interpretado como um sinal de que sua candidatura pode estar ganhando tração entre diferentes segmentos, algo que preocupa os adversários, especialmente aqueles alinhados com o PL e Bolsonaro.
A expulsão de Júnior Mano também sinaliza uma movimentação interna no PL, que sob a liderança de Bolsonaro busca fortalecer seu controle sobre os filiados e garantir que suas ações e apoios sigam uma linha de unidade. O episódio é visto como um exemplo de como o partido está disposto a agir de maneira rígida contra qualquer desvio da linha política estabelecida pelo ex-presidente. A postura rígida de Bolsonaro em relação a seus aliados já foi observada em outras ocasiões, e o caso de Mano é mais um exemplo dessa política de controle.
Enquanto isso, a campanha de Evandro Leitão deve se beneficiar da visibilidade que o apoio de Júnior Mano trouxe, especialmente considerando que o deputado federal é uma figura de peso em Fortaleza. Esse apoio pode ampliar o alcance da candidatura de Leitão e atrair eleitores que antes estavam indecisos ou que não se identificavam com a polarização política entre PL e PT.
A situação de Júnior Mano também gera debates sobre o papel dos partidos políticos e a liberdade que os parlamentares têm para tomar decisões baseadas no contexto local, sem que isso resulte em punições severas. Para Mano, sua expulsão é um reflexo de uma perseguição política, mas para o PL, representa a necessidade de manter uma linha partidária coerente e alinhada com seus líderes.
Com sua saída do PL, ainda não está claro qual será o futuro político de Júnior Mano ou se ele buscará abrigo em outra legenda para continuar seu trabalho como deputado federal. No entanto, o episódio reforça a tensão dentro da direita brasileira, que tenta se reorganizar e consolidar após a derrota eleitoral de Bolsonaro em 2022.