Nunes e Boulos trocam provocações, se abraçam e focam em apagão no 1º debate em São Paulo


 O primeiro debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo no segundo turno, Ricardo Nunes (MDB) e Guilherme Boulos (PSOL), ocorreu na noite desta segunda-feira (14) na TV Bandeirantes. Marcado por provocações, temas polêmicos e até um abraço entre os adversários, o encontro focou em questões centrais para a cidade, como o recente apagão que afeta a capital paulista, segurança pública e a situação da população em situação de rua. O debate mostrou as divergências entre os candidatos e trouxe à tona seus posicionamentos e críticas mútuas.


Logo na chegada à emissora, os candidatos já trocavam acusações sobre o apagão. Nunes criticou o governo federal, apoiador de Boulos, por não ter tomado medidas eficazes contra a Enel, empresa responsável pelo fornecimento de energia na capital. Segundo Nunes, a gestão federal deveria ter intervindo na concessionária para evitar os transtornos que a cidade enfrentou nos últimos dias. Em resposta, Boulos argumentou que a responsabilidade pela fiscalização da Enel é da Aneel, cujo diretor foi nomeado durante o governo Bolsonaro, aliado de Nunes.


O clima esquentou ainda no primeiro bloco, quando Nunes alfinetou Boulos, afirmando que o candidato do PSOL "não sabe o que é trabalhar". Boulos, por sua vez, questionou a “autoridade moral” de Nunes para falar sobre trabalho, considerando o recente apagão que deixou a cidade sem energia por três dias. Os apoiadores de ambos reagiram com entusiasmo às trocas de provocações. No segundo bloco, o atual prefeito sugeriu que Boulos estaria "desesperado" com o resultado das pesquisas, nas quais Nunes lidera. Em resposta, o candidato do PSOL acusou o adversário de arrogância, afirmando que Nunes não reconhecia seus erros na gestão da crise energética.


Em um momento inusitado, durante o intervalo entre o segundo e o terceiro bloco, os candidatos chegaram a se abraçar após uma série de provocações. Nunes questionou se Boulos estava bem, e o candidato do PSOL respondeu de forma irônica, mantendo a tensão no ar. No início do terceiro bloco, Boulos afirmou que manteria distância de Nunes, pois a equipe do prefeito havia "feito escândalo" no intervalo.


O apagão foi o tema central do debate e abriu as discussões. Boulos responsabilizou tanto a Enel quanto a gestão de Nunes pela crise. Segundo ele, a prefeitura falhou no manejo arbóreo, o que contribuiu para a queda de energia. Nunes, por sua vez, rebateu afirmando que o governo federal, responsável pela concessão e fiscalização da Enel, não agiu para resolver o problema. Ele prometeu que, em seu próximo mandato, a empresa não prestará mais serviços na capital paulista.


Outro tema amplamente discutido foi a questão da poda de árvores, diretamente relacionada ao apagão. Boulos questionou Nunes sobre de quem seria a responsabilidade pela poda, ao que o prefeito respondeu que a prefeitura dobrou o número de agentes para realizar o serviço. No entanto, ele destacou que a poda de árvores próximas a fios elétricos depende da Enel, aumentando as críticas à empresa.


A população em situação de rua também foi pauta no debate. Boulos, com sua experiência à frente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), prometeu implementar o maior programa de moradia de São Paulo e criar oportunidades de trabalho para as pessoas em situação de rua. Nunes, em sua réplica, destacou as ações de sua gestão, como o aumento das vagas de acolhimento e a criação das Vilas Reencontro, moradias transitórias para essa população. Boulos questionou a eficácia dessas medidas, sugerindo que a situação piorou durante a gestão de Nunes.


Na área de segurança pública, Nunes elogiou a parceria entre a prefeitura e o governo do estado de São Paulo, destacando a tolerância zero com o crime organizado. Boulos, por outro lado, sugeriu um aumento do efetivo da Guarda Civil Metropolitana e fez uma provocação ao eleitor ao perguntar se ele se sentia seguro andando com o celular nas ruas da capital. Nunes lembrou o histórico de Boulos em defender a desmilitarização da polícia e a legalização das drogas, posicionando-se fortemente contra essas propostas.


Sobre transporte público, Nunes destacou obras em andamento, como o BRT Radial Leste e a Ponte Pirituba-Lapa. Boulos criticou o fato de que, segundo ele, as promessas de Nunes ainda não saíram do papel, questionando a lentidão das realizações do prefeito.


O debate foi encerrado com considerações finais de ambos os candidatos. Nunes reafirmou sua experiência e compromisso com a segurança e a habitação, enquanto Boulos pediu aos eleitores que apostem na mudança e votem por uma cidade mais justa e eficiente. A disputa promete esquentar ainda mais até o segundo turno, com temas essenciais para a população paulistana em jogo.

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