Lula sempre teve uma relação notável com ditadores e líderes autocráticos ao longo de sua trajetória política. Recentemente, essa afinidade foi reafirmada com o surgimento de um "novo amor" que tem chamado a atenção de analistas e críticos. O jornalista Ricardo Kertzman, em sua coluna no site O Antagonista, expõe como Lula se derreteu em elogios a Recep Tayyip Erdogan, o presidente turco, durante sua participação virtual na abertura da cúpula do Brics.
Lula, que já se relacionou de maneira amistosa com figuras como Mahmud Ahmadinejad e Muammar Al-Gaddafi, parece ter encontrado um novo ídolo no autoritarismo. Ahmadinejad, ex-presidente do Irã, ficou marcado por sua negação do Holocausto e pelas severas violações de direitos humanos em seu país. Da mesma forma, Gaddafi, que governou a Líbia com mão de ferro, é lembrado por sua brutalidade e pelo atentado que resultou na morte de 259 pessoas em um voo da Pan Am.
O histórico de Lula inclui relações diplomáticas com diversos regimes autoritários e ditaduras, como as de Burkina Fasso, Angola, Gâmbia, Guiné Equatorial, Cuba, China e Venezuela. Ele utilizou recursos públicos brasileiros para apoiar líderes que mantinham ou sustentavam regimes opressivos. Os vínculos com o Irã e a Venezuela são particularmente relevantes, dado o contexto atual e as mudanças políticas em Cuba com o fim da era Castro, que demandaram a busca de novos aliados para Lula.
Nos últimos meses, também houve um aparente esfriamento nas relações entre Lula e Daniel Ortega, o líder nicaraguense, o que deixou o presidente brasileiro sem um aliado forte na América Central. Além disso, Lula manifestou apoio a Vladimir Putin, outro líder autoritário que tem exercido influência global significativa.
A escolha de Erdogan como novo "amigo" de Lula é digna de nota, principalmente considerando o perfil do presidente turco, que tem um longo histórico de repressão à imprensa, perseguição de opositores políticos e uma retórica agressiva contra o Ocidente. Erdogan, que há mais de duas décadas comanda a Turquia, promove políticas que visam silenciar a oposição e tem um registro preocupante de violação dos direitos humanos, especialmente em relação à comunidade LGBT e ao tratamento de minorias.
Durante a cúpula do Brics, Lula se apresentou por videoconferência, elogiando Erdogan e enfatizando uma visão utópica de mundo onde a felicidade e a dignidade seriam garantidas a todos. O presidente brasileiro, no entanto, não conseguiu concretizar essa visão em seu próprio país, onde a desigualdade social e a violência ainda são questões prementes. Ao afirmar que “o que eles querem é comida farta, trabalho digno, escolas e hospitais públicos de acesso universal e de qualidade”, Lula contrasta suas promessas com a realidade brasileira, onde muitos ainda lutam para ter acesso a serviços básicos.
A adulação a Erdogan culminou em um elogio à sua recente declaração na Assembleia Geral da ONU, na qual o presidente turco descreveu Gaza como "o maior cemitério de crianças e mulheres do mundo". Lula não hesitou em reforçar essa mensagem, posicionando-se contra Israel, que é visto por muitos como a única democracia da região. Essa escolha de palavras e alinhamento político são vista como um sinal claro de sua disposição em se aproximar de regimes autocráticos, ao invés de apoiar práticas democráticas.
A postura de Lula em relação a Erdogan e outros líderes autoritários levanta questões sobre a coerência de suas políticas e a verdadeira natureza de suas alianças internacionais. Os críticos observam que, enquanto Lula se apresenta como defensor dos oprimidos e da justiça social, suas ações frequentemente contradizem essas declarações. A relação do Brasil com nações que possuem registros de direitos humanos questionáveis é motivo de preocupação para aqueles que acreditam na importância da democracia e na defesa dos direitos fundamentais.
Lula parece estar em um momento de busca por novos aliados, refletindo a necessidade de apoio internacional em um contexto global em mudança. No entanto, essa estratégia de aproximação com líderes autocráticos pode ter repercussões negativas tanto para a imagem do Brasil no cenário internacional quanto para a própria integridade do governo de Lula, que precisa lidar com a pressão de manter uma postura ética em suas relações exteriores.
Em um mundo onde a liberdade e os direitos humanos estão constantemente sendo desafiados, a escolha de Lula em se aliar a Erdogan e outros líderes autoritários suscita um debate importante sobre o futuro da política externa brasileira. A maneira como Lula gerencia essas relações, equilibrando suas ideologias e os interesses do Brasil, será fundamental para determinar o legado de seu governo e a posição do Brasil no contexto global.