Prestes a ser escanteada, Gleisi arruma confusão no PT


 Nos bastidores do Partido dos Trabalhadores (PT), circulam rumores de que a presidente da sigla, Gleisi Hoffmann, já não conta com a confiança de grande parte da cúpula do partido. Embora, de acordo com os comentários que correm "à boca pequena", sua figura já fosse vista com reservas por muitos de seus pares, a situação teria se agravado após sua aproximação com o ex-senador Lindbergh Farias. A percepção é de que Gleisi teria se tornado ainda mais difícil de lidar, agravando os problemas internos da legenda.


Entre os mais desconfiados, figura o próprio ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um dos principais articuladores políticos do PT. Lula, que tem grande influência sobre os rumos do partido, não esconde sua preferência por Edinho Silva, atual prefeito de Araraquara, para substituir Gleisi na presidência do PT. A ideia de uma troca de liderança já paira no ar há algum tempo, e Lula teria, inclusive, a intenção de acelerar o processo, promovendo Edinho à presidência do partido antes mesmo do término do mandato de Gleisi.


A possível mudança na liderança do PT, no entanto, não tem sido vista com bons olhos por Gleisi Hoffmann. Como já era esperado, ela não pretende deixar o posto sem lutar e, nos bastidores, estaria agindo para dificultar a ascensão de Edinho. Para isso, Gleisi estaria utilizando uma estratégia política conhecida: fomentar a candidatura de um nome do Nordeste para sua sucessão, com o objetivo de fragilizar o apoio a Edinho dentro do partido. O movimento teria como foco a base regional do PT, onde Gleisi tem tentado fortalecer alianças para garantir que sua influência permaneça ativa mesmo em um cenário de transição.


A manobra, que envolve diretamente o ex-ministro e atual governador de São Paulo, Fernando Haddad, um dos aliados mais próximos de Edinho, tem causado desconforto nas fileiras petistas. A relação entre Gleisi e Haddad, embora diplomática em público, tem sido alvo de especulações. Isso porque Edinho Silva foi um dos principais coordenadores da comunicação da campanha de Lula em 2022, período em que Gleisi foi coordenadora geral da campanha. A proximidade entre Edinho e Haddad reforça a narrativa de que a tentativa de Gleisi de insuflar um candidato do Nordeste tem o propósito claro de minar a força de Edinho, enfraquecendo-o politicamente e prejudicando sua eventual candidatura à presidência do PT.


Diante das acusações, Gleisi tem negado qualquer intenção de prejudicar Edinho Silva. Em declarações recentes, a deputada procurou afastar os rumores de rivalidade com o prefeito de Araraquara, destacando o respeito e a admiração que tem por ele. "Não tenho nenhuma oposição ao Edinho. Aliás, gosto muito dele. O Edinho foi coordenador da comunicação quando fui coordenadora geral da campanha do Lula em 2022. Eu tenho muita admiração pela capacidade política do Edinho", afirmou Gleisi em um tom conciliador, que muitos dentro do partido consideram dissimulado.


Apesar das palavras apaziguadoras de Gleisi, as tensões internas no PT seguem em alta. A relação dela com Haddad também não escapa das críticas. Embora ambos compartilhem de posições importantes dentro do partido, a estratégia de Gleisi tem sido vista como uma tentativa de se colocar em oposição a qualquer nome que esteja diretamente associado ao atual governo de São Paulo, cujo governador é uma figura importante para o futuro do PT. Para alguns observadores políticos, esse embate revela um racha maior dentro do partido, que, nos últimos anos, tem enfrentado dificuldades em conciliar suas diferentes alas e lideranças regionais.


Lula, por sua vez, tem se mantido atento ao desenrolar dos acontecimentos, já que a escolha do próximo presidente do PT será crucial para os rumos que o partido tomará nos próximos anos, especialmente em um cenário em que precisa se fortalecer para enfrentar os desafios eleitorais futuros. A troca de Gleisi por Edinho Silva poderia significar uma mudança de tom e de estratégia dentro do partido, já que o prefeito de Araraquara é conhecido por sua postura mais pragmática e menos combativa, o que contrasta com o estilo mais incisivo de Gleisi.


Se a manobra de Gleisi para fortalecer um nome do Nordeste irá prosperar ou se a articulação de Lula em favor de Edinho será bem-sucedida, é algo que os próximos meses dirão. Enquanto isso, o PT segue dividido entre aqueles que apoiam uma mudança de direção e aqueles que veem em Gleisi a figura que deve continuar à frente da legenda. A disputa pelo controle do partido está apenas começando, e as próximas semanas prometem ser decisivas para o futuro da legenda.
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