O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve em Goiânia nesta sexta-feira (11) para participar de um ato de campanha em apoio ao candidato Fred Rodrigues, do PL, que foi o mais votado no primeiro turno das eleições municipais. Fred Rodrigues, apadrinhado político de Bolsonaro, recebeu 31,14% dos votos e disputa o segundo turno contra Sandro Mabel, candidato apoiado pelo governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que obteve 27% dos votos válidos.
Durante o evento, Bolsonaro não poupou críticas ao governador Caiado, a quem chamou de "rosnador" e acusou de não honrar compromissos firmados, especialmente com o setor do agronegócio. As declarações marcaram um tom de rompimento definitivo entre Bolsonaro e Caiado, uma aliança que já foi forte, mas se deteriorou ao longo dos últimos anos. O ex-presidente, ao se referir ao governador, fez questão de destacar o que chamou de "falta de hombridade" de Caiado, referindo-se à criação do Fundo Estadual de Infraestrutura (Fundeinfra), que instituiu uma taxação sobre produtos agropecuários em Goiás.
Bolsonaro, que sempre teve o agronegócio como um de seus principais pilares de apoio, criticou a medida, argumentando que ela representa uma quebra de promessas feitas por Caiado. “Alguém citou o nome de um governador aí, eu não vou falar, porque ele vai ficar rosnando a noite toda, mas ele prometeu não taxar o agro. Tão logo foi eleito, ele taxou o agro. Falta de hombridade, falta de honrar a própria palavra”, afirmou Bolsonaro durante o ato. O Fundeinfra, criado na gestão de Caiado, prevê uma cobrança entre 0,5% e 1,65% sobre produtos agropecuários, com o objetivo de arrecadar recursos para investimentos em infraestrutura, principalmente para melhorar o escoamento da produção no estado. Para Bolsonaro, essa medida é um desrespeito aos compromissos firmados com o setor durante a campanha.
Ainda durante o discurso, Bolsonaro atacou o partido de Caiado, o União Brasil, mencionando que a sigla faz parte da base aliada do governo federal, atualmente liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele sugeriu que o governador goiano estaria alinhado com o Partido dos Trabalhadores, algo que, segundo Bolsonaro, tiraria a moral de Caiado para criticar ou se opor a qualquer política de sua gestão. “O União Brasil, aqui do chefe, do rosnador, tem ministério do PT. Quem está com o PT, não tem moral para falar nada”, declarou Bolsonaro, em um ataque direto à aliança entre o partido de Caiado e o governo federal.
A participação de Bolsonaro em Goiânia faz parte de sua estratégia de manter-se ativo no cenário político, apoiando candidatos de seu grupo político nas eleições municipais. O ex-presidente vê em Fred Rodrigues uma oportunidade de consolidar sua força política em Goiás, um estado tradicionalmente importante para o agronegócio e que, em grande parte, apoiou sua candidatura à presidência nas eleições de 2018 e 2022.
Fred Rodrigues, que também esteve presente no evento, destacou a importância do apoio de Bolsonaro e se comprometeu a governar em sintonia com as pautas defendidas pelo ex-presidente, especialmente no que diz respeito à defesa do agronegócio e à oposição a políticas que representem aumento de impostos ou interferência excessiva do governo no setor produtivo. Ele também criticou seu adversário, Sandro Mabel, sugerindo que sua aliança com Caiado seria prejudicial ao estado. “Nós vamos governar para o povo, sem taxar o agro, sem promessas quebradas. Quem está do lado de quem prometeu uma coisa e fez outra, não pode ser confiável”, afirmou Rodrigues.
A disputa entre Fred Rodrigues e Sandro Mabel promete ser acirrada no segundo turno, especialmente com o peso do apoio de Bolsonaro de um lado e o apoio de Caiado do outro. O confronto entre os dois candidatos representa, em certo sentido, a disputa mais ampla entre o bolsonarismo e outras forças políticas que buscam se manter relevantes no cenário local e nacional. Goiás, sendo um estado com grande influência do agronegócio, torna-se um campo de batalha estratégico para esses grupos.
O governador Ronaldo Caiado, por sua vez, ainda não se manifestou sobre os ataques de Bolsonaro, mas fontes próximas ao seu governo indicam que ele deve responder às críticas nos próximos dias, possivelmente em um evento de apoio a Sandro Mabel. A tensão entre Bolsonaro e Caiado, que já vinha aumentando nos últimos anos, parece ter atingido seu ápice com essa troca de farpas públicas.
O segundo turno em Goiânia, marcado para acontecer em breve, será decisivo não apenas para o futuro da cidade, mas também para as relações políticas em Goiás e, possivelmente, para o cenário político nacional, à medida que Bolsonaro e Caiado continuam a se posicionar como figuras influentes em suas respectivas bases eleitorais.