O candidato à Prefeitura de São Paulo pelo PRTB, Pablo Marçal, surpreendeu ao romper o silêncio sobre um tema que há muito tempo vinha sendo aguardado por seus seguidores e apoiadores. Em um vídeo publicado em suas redes sociais, Marçal expressou seu descontentamento com o atual cenário político do Brasil e, mais especificamente, com a atuação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Pela primeira vez, o candidato manifestou publicamente ser a favor do impeachment do ministro, um assunto que ele disse ter guardado até o último momento de sua campanha.
Marçal, que já havia sido alvo de medidas judiciais ligadas a investigações coordenadas pelo STF, afirmou no vídeo ser também uma “vítima” de Alexandre de Moraes. Segundo ele, o que mais incomoda é a postura do Senado em relação ao magistrado. “É uma pena ver um Senado com medo de um integrante do STF”, disse Marçal, destacando sua frustração com o que considera uma falta de ação dos parlamentares para enfrentar o que, em sua visão, seriam abusos de poder.
O candidato destacou que guardou essa declaração estratégica até os últimos momentos de sua campanha para não prejudicar sua corrida eleitoral à Prefeitura de São Paulo. Ele mencionou que a questão do impeachment estava "entalada" e que sentia a necessidade de compartilhar sua opinião com seus eleitores. “Fiz questão de segurar essa informação o tempo inteiro, para entregá-la no último momento. Hoje não há o que fazer, estamos a poucas horas da eleição”, desabafou no vídeo.
A fala de Marçal se insere em um contexto mais amplo de crescente polarização política no Brasil, onde figuras públicas ligadas à direita e ao conservadorismo, como o próprio Marçal, vêm criticando abertamente as decisões do STF, especialmente as do ministro Alexandre de Moraes. Moraes, que é relator de uma série de processos envolvendo figuras políticas de grande relevância, como o ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados, tornou-se um dos principais alvos das críticas da oposição ao atual governo e ao sistema judiciário.
Nos últimos anos, Moraes foi responsável por ordenar a remoção de perfis de redes sociais, aplicar multas pesadas e abrir inquéritos contra políticos e influenciadores conservadores, sob a alegação de que estes estariam disseminando notícias falsas e promovendo discursos de ódio. Essas medidas, no entanto, são vistas por muitos críticos, incluindo Marçal, como excessivas e parte de um esforço para cercear a liberdade de expressão e silenciar vozes contrárias ao que eles chamam de “establishment político-judicial”.
Ao pedir o impeachment de Alexandre de Moraes, Pablo Marçal alinha-se a um grupo crescente de políticos, juristas e influenciadores que têm levantado essa bandeira nos últimos meses. O processo de impeachment de um ministro do STF, embora previsto na Constituição, é extremamente raro e complexo. Para que isso ocorra, seria necessário que o Senado Federal aceitasse e processasse uma denúncia contra o ministro, algo que, até o momento, não se concretizou. O atual presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, tem sido alvo de críticas por não dar andamento a pedidos de impeachment de Moraes e de outros ministros da Corte, o que reforça a percepção de inação mencionada por Marçal em seu vídeo.
A decisão de Marçal de trazer esse tema à tona nas vésperas da eleição pode ter diversas motivações. Como candidato à Prefeitura de São Paulo, ele tem buscado se firmar como um defensor da liberdade de expressão e como alguém disposto a confrontar o que considera serem abusos de poder das instituições. Sua postura contrária a Moraes pode atrair uma parte do eleitorado mais conservador e desiludido com a classe política tradicional, especialmente aqueles que apoiaram o ex-presidente Bolsonaro e veem no STF um inimigo de suas causas.
Por outro lado, essa movimentação também pode ser vista como arriscada. Apesar das críticas ao STF serem populares em certos segmentos, o Judiciário ainda goza de uma parcela significativa de apoio da população que vê suas ações como essenciais para a manutenção da ordem democrática, especialmente em tempos de polarização acentuada. Marçal, ao fazer esse movimento, pode estar apostando em uma estratégia de diferenciação em uma eleição municipal que, até agora, tem sido marcada por uma disputa acirrada entre candidatos mais conhecidos do grande público.
O desfecho dessa estratégia ainda é incerto. Com as eleições a poucas horas de acontecer, é difícil prever se essa declaração impactará positivamente ou negativamente a candidatura de Marçal. No entanto, o fato é que ele agora se junta ao coro de vozes que pedem uma revisão do papel do Supremo Tribunal Federal no cenário político brasileiro, especialmente no que diz respeito às ações de Alexandre de Moraes.
À medida que o vídeo de Marçal circula nas redes sociais, muitos de seus seguidores e apoiadores já se manifestaram favoravelmente à sua fala. A declaração foi amplamente compartilhada em grupos de apoiadores de direita, que enxergam no candidato uma voz corajosa contra o que consideram ser os excessos do poder judiciário. Agora, resta saber se essa postura será suficiente para alavancar sua campanha na reta final ou se as eleições municipais seguirão o curso previsto antes desse pronunciamento bombástico.