Bolsonaro põe lenha na fogueira...


 Em uma entrevista à revista Veja, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou estar confiante em sua candidatura para as eleições presidenciais de 2026, mesmo após ter sido declarado inelegível pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Bolsonaro, que enfrentou diversas controvérsias e decisões judiciais desde o fim de seu mandato, reafirmou sua posição como principal representante da direita no país. Com uma postura desafiadora, o ex-presidente argumentou que é o único nome capaz de unir e liderar a base conservadora rumo ao Planalto.


Durante a conversa, Bolsonaro enfatizou que sua liderança ainda é a mais sólida entre os eleitores da direita, mesmo com o surgimento de outros possíveis candidatos no cenário político. “Falam em vários nomes, Tarcísio, Caiado, Zema… O Tarcísio é um excelente gestor. Mas eu só falo depois de morto. Estou vivo. Com todo o respeito, a chance só tenho eu, o resto não tem nome nacional. O candidato sou eu”, declarou o ex-presidente, evidenciando sua confiança de que nenhum outro político da direita possui a mesma visibilidade e apelo popular que ele.


Bolsonaro citou especificamente o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, e o governador de Minas Gerais, Romeu Zema, como potenciais lideranças, mas questionou o alcance nacional desses nomes. Embora reconheça as qualidades desses gestores, Bolsonaro frisou que, em sua visão, nenhum deles possui a mesma capacidade de mobilização e reconhecimento nacional que ele construiu ao longo de sua trajetória política. Para o ex-presidente, a eleição de 2026 representa um momento crucial, em que ele acredita ser a única opção viável para um governo conservador.


A decisão do TSE que tornou Bolsonaro inelegível por oito anos baseou-se em seu envolvimento em alegações de má conduta durante o pleito de 2022. Entre as acusações, destacam-se ataques ao sistema eleitoral brasileiro e declarações questionando a segurança das urnas eletrônicas. No entanto, Bolsonaro afirma que as acusações são infundadas e que seu direito de se candidatar novamente deveria ser preservado. Em resposta às restrições judiciais, ele mencionou que está avaliando todas as possibilidades legais para reverter sua inelegibilidade. “São injustiças [as acusações], uma perseguição. O pessoal já sabe, mas preciso reforçar isso com a população”, afirmou, destacando que pretende utilizar as vias institucionais para reaver sua elegibilidade.


Entre as alternativas, o ex-presidente mencionou possíveis medidas no Parlamento, ações no Supremo Tribunal Federal (STF) e, por fim, o registro de sua candidatura no limite do prazo permitido. Bolsonaro acredita que essas opções podem permitir que ele volte a competir nas urnas em 2026, caso obtenha êxito em seus esforços legais. “As alternativas são o Parlamento, uma ação no STF, esperar o último momento para registrar a candidatura e o TSE que decida. Não sou otimista, sou realista”, acrescentou, ressaltando que continuará buscando o apoio popular para sua causa.


Bolsonaro também aproveitou a entrevista para criticar o papel do ministro Alexandre de Moraes, presidente do TSE, nas eleições de 2022 e em suas decisões recentes que impactaram o cenário político. Segundo o ex-presidente, Moraes teria adotado medidas que prejudicaram sua campanha e dificultaram a comunicação com seus eleitores. Bolsonaro se referiu ao episódio em que a rede social X (antigo Twitter) foi bloqueada, o que, de acordo com ele, limitou seu contato com milhões de apoiadores durante o primeiro turno das eleições presidenciais. “Nas últimas eleições, enfrentamos a máquina estadual, municipal e o Alexandre de Moraes, com suas ordens de busca e apreensão. Ele interferiu na minha eleição”, afirmou.


Ainda em tom de crítica, Bolsonaro relembrou o inquérito dos chamados “empresários golpistas”, instaurado pelo STF, que visava investigar suspeitas de financiamentos antidemocráticos. De acordo com o ex-presidente, essa ação teria intimidado algumas lideranças empresariais que o apoiavam, afetando sua campanha de forma significativa. “Quando surgiu o inquérito dos empresários golpistas, isso inibiu muitos que estavam do meu lado. Com a queda do X, perdi contato com milhões de pessoas”, concluiu.


A defesa pública de sua candidatura e as declarações críticas ao sistema eleitoral e ao STF refletem a postura de Bolsonaro de se manter ativo politicamente, mesmo fora do cargo e sob a pressão de restrições legais. Sua confiança na reversão da inelegibilidade demonstra que ele continua a se ver como um potencial candidato capaz de retomar a presidência e de influenciar o futuro da política brasileira. Nos próximos meses, a trajetória do ex-presidente e sua relação com o TSE e o STF serão acompanhadas de perto, dado o impacto de uma eventual candidatura no cenário político de 2026.


Apesar dos desafios jurídicos e políticos, Bolsonaro parece determinado a lutar por sua candidatura até o último instante, afirmando que está “preparado para qualquer coisa”. Em uma conjuntura marcada por polarizações e incertezas, sua figura segue como um dos principais elementos de tensão e expectativa para os próximos passos do cenário eleitoral.
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