Cleitinho põe "lenha na fogueira" e afirma: "Escala 6x1 é desumana"

 

O senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) fez uma crítica contundente à atual jornada de trabalho adotada em muitas empresas no Brasil, conhecida como "6x1" — seis dias de trabalho para um de descanso. Em um discurso apaixonado, Cleitinho defendeu que essa escala é prejudicial à saúde e à qualidade de vida dos trabalhadores, ressaltando que mudanças na legislação são necessárias para garantir mais equilíbrio entre vida pessoal e profissional. A proposta do senador foi levada à Câmara dos Deputados, onde parlamentares buscam assinaturas para uma possível emenda à Constituição que altere o regime de trabalho no país.


O tema, já discutido em outras ocasiões no Congresso, ganhou um novo tom com o relato pessoal do senador. Cleitinho destacou que a questão da jornada de trabalho é um problema que ele viveu de perto, com sua própria família sendo afetada pela rigidez das escalas de trabalho. Ao compartilhar a experiência de seu pai, que trabalhava todos os dias sem descanso, ele afirmou que essa rotina exaustiva impede que os trabalhadores consigam dedicar tempo de qualidade a suas famílias e a si mesmos.


“Eu vi meu pai, que morreu agora neste ano, com 70 anos de idade, fazendo a escala sete por zero. Sempre trabalhou, até não foi seis por um, foi sete por zero. E sabe o que aconteceu? O meu pai, sempre que chegava em casa, já se deitava para dormir, para acordar no outro dia para trabalhar. O meu pai não ia aos jogos de futebol quando eu jogava bola. O meu pai não foi às apresentações que eu fiz quando eu era cantor; nunca ia. O meu pai não parava um dia para ele poder me ensinar a estudar. Sabe por quê? Não fazia, não é porque ele não queria, não. É porque ele não tinha tempo; é porque sempre trabalhou”, relatou o senador.


O desabafo de Cleitinho sobre a ausência de seu pai em momentos importantes devido ao trabalho intenso gerou comoção e trouxe uma perspectiva humana para o debate sobre a escala de trabalho. Para ele, a necessidade de reforma na jornada não é apenas uma questão econômica ou legislativa, mas também social, pois afeta o bem-estar e a qualidade de vida das famílias brasileiras. Ele destacou que, apesar das reformas previdenciária e trabalhista recentemente aprovadas no Congresso, ainda não há uma medida efetiva que proporcione melhores condições aos trabalhadores.


Além disso, o senador contestou o argumento recorrente de que a economia nacional não suportaria uma redução na jornada de trabalho, como uma mudança para uma escala de cinco dias de trabalho e dois de descanso. Cleitinho afirmou que o problema do país não é a falta de recursos, mas a má gestão e a corrupção, responsáveis, segundo ele, por manter o país em uma situação de precariedade.


“E não caia nessa ladainha de falar que o país está quebrado. Eu nunca acreditei que o país estava quebrado. O país nunca esteve quebrado. Antes de eu me entender por gente, desde quando eu me entendo por gente, este país sempre foi roubado. [...] Gente, este país sempre foi roubado e até hoje é roubado! Se este país até hoje não foi quebrado, não vai ser uma escala — diminuí-la para cinco por dois — que vai acabar com este país não, gente!”, afirmou, enfatizando que o equilíbrio entre os interesses dos empresários e dos trabalhadores é possível.


A fala do senador reflete uma visão crítica sobre o papel do Estado e da classe política, que, na opinião dele, não tem agido efetivamente em prol dos trabalhadores. Ele pediu que o Congresso se empenhe em discutir medidas concretas para melhorar as condições de trabalho e defendeu que a questão seja tratada com seriedade. Para Cleitinho, o diálogo entre empresários e trabalhadores deve ser baseado em uma balança equilibrada, onde os interesses de ambos os lados sejam respeitados e valorizados.


“Vamos fazer isso em conjunto, vamos trabalhar para poder valorizar tanto o empresário quanto o trabalhador! Isso é equilíbrio, a balança tem que estar igual, nem o empresário é malvadão, muito menos o trabalhador é escravo!”, declarou, reforçando que o país só avançará ao adotar uma postura mais justa e responsável em relação ao trabalho.


O discurso de Cleitinho toca em questões sensíveis para grande parte dos trabalhadores brasileiros que enfrentam jornadas exaustivas e buscam maior flexibilidade para conciliar o trabalho com a vida pessoal. A proposta de mudança na jornada de trabalho, ainda em fase de coleta de assinaturas na Câmara dos Deputados, será um tema de intenso debate no Congresso nos próximos meses.


Com o crescente apelo de parlamentares como Cleitinho Azevedo e a pressão da sociedade por melhores condições de trabalho, espera-se que a discussão avance e traga resultados concretos para milhões de brasileiros que anseiam por uma jornada que permita o equilíbrio entre o sustento da família e a vivência de momentos importantes ao lado dos entes queridos.

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