Em uma sessão acalorada na Câmara dos Deputados, o deputado federal Capitão Alden (PL-BA), vice-líder do Partido Liberal, manifestou forte oposição ao segundo projeto da Reforma Tributária, uma das principais pautas do governo Lula no Congresso Nacional. O projeto, que prevê as diretrizes para a criação do comitê gestor do novo Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), também inclui a controversa taxação sobre grandes fortunas, ponto que tem causado intensos debates entre parlamentares e gerado divisões dentro da própria casa legislativa.
Capitão Alden foi um dos 262 deputados que votaram contra a medida, rejeitando a proposta de taxar grandes fortunas e se posicionando em oposição ao governo. Dos 399 votos registrados, 136 foram favoráveis ao projeto, mas o número foi insuficiente para assegurar a aprovação. Durante a sessão, Alden, que representa uma posição crítica ao atual governo, afirmou que o projeto é mais uma “malandragem” que, segundo ele, busca disfarçar intenções que não beneficiariam verdadeiramente a população.
Em suas declarações, o parlamentar baiano não economizou críticas à proposta, atacando o que considera ser a inclusão de "jabutis" nos projetos de lei do governo – uma referência a dispositivos alheios ao tema principal de uma lei, comumente inseridos em propostas de grande porte para escapar de um debate mais amplo. "A esquerda insiste em incluir esses ‘jabutis’ nas propostas. Todas as vezes que vierem com essas malandragens, votarei contra! Faço uma oposição consciente e sei muito bem que sempre vão querer usar algum contorcionismo para dizer que é para o ‘benefício’ do povo, mas sabemos que o real objetivo nunca será esse”, afirmou Alden, acusando o governo de usar manobras para passar projetos controversos.
Aldem ainda argumenta que a taxação de grandes fortunas é uma medida que, na prática, traria mais prejuízos do que benefícios para a sociedade, afirmando que o impacto real da medida recairia sobre a classe média e os pequenos empresários, setores que ele acredita já estarem sobrecarregados com a carga tributária atual. O deputado argumentou que a proposta criaria um precedente para que o governo expandisse ainda mais os tributos, afetando não apenas os mais ricos, mas também uma parcela significativa da população que ele considera já vulnerável financeiramente.
Além disso, Capitão Alden criticou o governo por, segundo ele, tentar passar a ideia de que a Reforma Tributária tem como objetivo principal aliviar a carga sobre o contribuinte comum, enquanto na realidade, conforme o deputado, o projeto atende a interesses políticos da esquerda e de setores governistas. "Eles utilizam a ideia de que estão ‘reformando’ o sistema tributário, mas é apenas mais uma estratégia para aumentar o controle e a arrecadação do governo. O contribuinte comum não verá benefícios reais com isso. Na verdade, ele vai pagar a conta", destacou.
Outro ponto levantado pelo deputado foi o papel do comitê gestor do IBS, que, segundo Alden, dará ao governo um controle ainda maior sobre a arrecadação de impostos, além de permitir uma centralização do poder tributário que, em sua visão, seria prejudicial à autonomia dos estados e municípios. Ele argumenta que a criação desse comitê poderá abrir espaço para que o governo federal influencie diretamente a distribuição de recursos e, assim, aumente a dependência de estados e municípios da União. "É uma tentativa de tornar estados e municípios reféns da arrecadação central. Eles vendem a ideia de que vão organizar a cobrança de impostos, mas, na prática, o governo fica com mais uma ferramenta para ditar as regras e controlar a arrecadação", disse Alden, alertando para o que ele vê como um risco para o equilíbrio federativo do país.
A reforma tributária proposta pelo governo Lula tem sido alvo de críticas não apenas pela oposição, mas também por economistas e especialistas do setor fiscal, que levantam questionamentos sobre os reais efeitos das mudanças pretendidas. Críticos da proposta apontam que, embora a intenção seja simplificar o sistema tributário brasileiro, o formato do novo IBS e a criação do comitê gestor podem acabar tornando o sistema ainda mais complexo, com novas burocracias e possíveis brechas para interferência política.
O Partido Liberal, ao qual Alden é filiado, vem se posicionando consistentemente contra as propostas econômicas e fiscais do governo, defendendo uma redução da carga tributária e um modelo de gestão menos centralizado. Nesse contexto, a oposição a medidas como a taxação de grandes fortunas e a criação de comitês de gestão de impostos é vista pelos parlamentares da legenda como parte de uma luta pela preservação da autonomia dos contribuintes e da iniciativa privada.
A votação na Câmara evidenciou o atual cenário político polarizado, com partidos de direita e centro-direita se unindo contra projetos que consideram uma ameaça ao equilíbrio fiscal e ao desenvolvimento econômico. Por outro lado, defensores do projeto argumentam que a Reforma Tributária é necessária para modernizar o sistema de arrecadação e corrigir distorções históricas que penalizam os menos favorecidos. Em resposta às críticas, membros do governo afirmaram que a taxação de grandes fortunas é uma medida justa, destinada a promover uma distribuição mais equilibrada de riquezas e a financiar investimentos públicos em áreas essenciais, como saúde, educação e infraestrutura.
A polêmica em torno da reforma tributária e das propostas de taxação segue como um dos temas centrais do Congresso, e novos embates entre governo e oposição são esperados. Enquanto o governo luta para aprovar suas propostas, a oposição, liderada por figuras como o deputado Capitão Alden, promete resistir e manter o debate aceso, defendendo aquilo que considera ser o melhor para a sociedade brasileira.