O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez duras críticas ao que classificou como perseguições constantes que vem sofrendo desde o fim de seu mandato. Em recente declaração, Bolsonaro abordou a possibilidade de ser indiciado na operação da Polícia Federal que investiga os atos de 8 de janeiro de 2023, quando apoiadores radicais invadiram a sede dos Três Poderes em Brasília. Segundo ele, essas investigações fazem parte de uma perseguição política com o objetivo de desmoralizá-lo e enfraquecer seu legado político. Bolsonaro afirmou que essa perseguição ocorre há tempos, mencionando episódios que, segundo ele, foram injustamente usados para atacá-lo e que sua figura pública foi alvo de constante vigilância e crítica.
Durante sua fala, Bolsonaro afirmou que sempre atuou dentro da legalidade e que as acusações são infundadas. “É só perseguição, sinto isso o tempo todo: baleia, leite condensado, cartão de vacina, golpe usando a Constituição. Dar golpe é a coisa mais fácil, pega uns malucos… mas, e no dia seguinte? Nunca joguei fora das quatro linhas. Não tenho medo de julgamento, minha preocupação é quem vai me julgar”, declarou o ex-presidente, em tom de desabafo. Para Bolsonaro, as investigações estão sendo conduzidas de maneira parcial e visam minar sua reputação, principalmente ao associá-lo a práticas ilegais. Ele sustenta que nunca ultrapassou os limites constitucionais em suas ações e que a imagem de um possível “golpe” atribuído a ele é distorcida. Em sua visão, o termo “golpe” tem sido manipulado para intensificar a retórica contra ele e para sustentar uma narrativa negativa perante a opinião pública.
Outro ponto que Bolsonaro destacou em sua fala foi a atuação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Segundo o ex-presidente, Moraes desempenhou um papel ativo contra ele e o Partido Liberal (PL) nas eleições de 2022, incluindo mandados de busca e apreensão direcionados a aliados do PL. Bolsonaro alegou que essas operações policiais, sob a autorização de Moraes, representaram uma interferência direta em sua campanha, prejudicando a competição eleitoral. “Nas últimas eleições, nós do PL enfrentamos a máquina estadual, a municipal e o Alexandre de Moraes, com aquelas buscas e apreensões”, pontuou Bolsonaro, argumentando que a atuação do ministro foi determinante para o resultado das eleições. Ele afirmou que tais ações afetaram a legitimidade do processo eleitoral e que a influência de Moraes e das autoridades estatais representa um tipo de “máquina” que trabalhou contra sua candidatura e favoreceu seu adversário, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Bolsonaro ainda criticou o que considera uma postura autoritária de Moraes e de outros membros do judiciário em relação a ele e seu partido, classificando essas ações como intervenções injustas e motivadas por interesses pessoais. Segundo o ex-presidente, a democracia está sendo enfraquecida por atitudes que ultrapassam a isenção e que buscam atingir seus apoiadores e qualquer um que tenha ligação com sua figura política. Ao criticar a conduta das autoridades, Bolsonaro reforça a ideia de que está sendo constantemente vigiado e perseguido por setores que, segundo ele, possuem uma agenda contrária aos seus valores e aos interesses do Brasil.
Ao final de sua declaração, Bolsonaro afirmou que, apesar de se sentir injustiçado, permanece tranquilo em relação a um julgamento futuro. Ele declarou que não teme ser julgado, mas está preocupado com quem estará no poder para conduzir seu julgamento e em que contexto ele ocorrerá. Na visão do ex-presidente, sua situação exemplifica o que ele acredita ser uma tentativa de calar a oposição, em um contexto que, segundo ele, se distancia cada vez mais dos princípios democráticos. Bolsonaro expressou que o tratamento dado a ele é desproporcional e injusto, e que seu posicionamento em defesa do Brasil e de seus ideais conservadores foi interpretado como uma ameaça, o que teria motivado essas ações contra ele.
Enquanto isso, as investigações da Polícia Federal prosseguem, e o ex-presidente continua sob a possibilidade de ser formalmente indiciado, caso a PF reúna elementos suficientes que o vinculem aos eventos de 8 de janeiro. Essa situação coloca Bolsonaro em uma posição de tensão frente à justiça brasileira e o mantém no centro de uma série de discussões sobre a responsabilidade de líderes públicos em relação a ações de seus apoiadores e as consequências de discursos que possam ser interpretados como estimulantes a atos radicais. Com a continuidade das investigações e possíveis desenvolvimentos no processo, a trajetória política de Bolsonaro e sua defesa perante a sociedade brasileira ainda serão amplamente debatidas, com reflexos no cenário político nacional e no entendimento público sobre os limites da atuação de líderes políticos.