O senador Cleitinho (Republicanos-MG) expressou críticas à falta de debate no Brasil sobre o relatório oficial das eleições na Venezuela, que aponta um cenário controverso no processo eleitoral do país vizinho. Segundo ele, o documento revela que a oposição venezuelana conquistou quase 70% dos votos, enquanto o presidente Nicolás Maduro obteve apenas 36%. Cleitinho cobrou posicionamento do governo brasileiro e da imprensa nacional sobre o tema, levantando suspeitas sobre a legitimidade do resultado oficial e questionando o silêncio em torno do assunto.
Durante um discurso contundente, o senador acusou setores ligados ao governo de ignorarem a situação na Venezuela, mesmo diante de evidências que indicariam irregularidades. Ele mencionou diretamente o presidente Lula e seus aliados, afirmando que utilizam um discurso recorrente sobre golpes no Brasil, mas não demonstram interesse em abordar o que ele classifica como um golpe claro nas eleições venezuelanas. “O pessoal do Lula fica nessa ladainha que tem no Brasil: ‘É golpe, é golpe, é golpe’. Vai falar desse golpe que teve lá na Venezuela? Vão abrir a boca para falar sobre isso aqui? As atas estão aqui também. Porque lá teve golpe! Vão falar hoje deste relatório, que está aqui em minhas mãos?”, declarou Cleitinho, enquanto exibia o documento.
Além de criticar a postura do governo e da imprensa, Cleitinho aproveitou a oportunidade para reforçar sua defesa do voto auditável no Brasil. O senador destacou a importância da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 37/2023, de sua autoria, que prevê a obrigatoriedade de emissão de cédulas eleitorais físicas conferíveis pelos eleitores. As cédulas seriam depositadas em urnas para auditoria, com o objetivo de aumentar a transparência e a segurança no processo eleitoral brasileiro. Cleitinho pediu celeridade na tramitação da proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado e cobrou que ela seja votada também no Plenário.
Para o senador, a implementação do voto auditável é uma demanda urgente da sociedade brasileira, que busca maior transparência e confiança nas eleições. Ele destacou que, embora a proposta tenha apoio popular, enfrenta resistência por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Já passou da hora de a gente colocar aqui em votação, tanto na CCJ quanto em Plenário, a questão do voto auditável. É extremamente importante. A população brasileira quer uma forma que traga mais transparência, na forma que ela quer votar, mas o TSE não quer deixar. Cabe a nós aqui reconhecermos o que o povo brasileiro quer”, afirmou.
Cleitinho argumentou que o voto auditável seria uma forma de evitar questionamentos futuros sobre a integridade das eleições, tanto no Brasil quanto em outros países. Ele ressaltou que o atual modelo de votação eletrônica, embora eficiente, não permite ao eleitor verificar se o voto foi registrado corretamente, o que, segundo ele, gera desconfiança em parte da população. O parlamentar afirmou que sua proposta busca alinhar o Brasil a práticas adotadas por diversas democracias no mundo, onde o voto físico é utilizado como complemento ao sistema eletrônico.
O senador também criticou a lentidão no andamento da PEC 37/2023 e sugeriu que há interesses contrários à sua aprovação. Para ele, o debate sobre o voto auditável não deve ser encarado como uma pauta ideológica, mas como uma questão técnica e democrática. “Não estamos aqui para beneficiar um grupo ou outro. Estamos aqui para garantir que o povo brasileiro tenha mais segurança e transparência no seu direito de votar. Isso não é sobre direita ou esquerda, é sobre democracia de verdade”, pontuou.
A postura de Cleitinho reflete um discurso recorrente entre setores que defendem mudanças no sistema eleitoral brasileiro, especialmente após os questionamentos levantados em pleitos recentes. Para esses grupos, o voto auditável seria uma maneira de fortalecer a confiança nas instituições e reduzir a polarização em torno das eleições. No entanto, opositores da proposta argumentam que o sistema atual já é seguro e que mudanças poderiam abrir espaço para problemas logísticos e fraudes.
Enquanto o debate sobre a PEC 37/2023 segue travado, Cleitinho continua a pressionar por sua aprovação. O senador afirmou que não pretende recuar em sua luta por mais transparência no sistema eleitoral e que levará o tema às últimas instâncias. Ele também se comprometeu a continuar cobrando o governo e a imprensa para que se posicionem sobre a situação na Venezuela, destacando a necessidade de coerência no discurso sobre golpes e democracia.
Com a proximidade de novas eleições no Brasil, a discussão sobre o voto auditável e a transparência no processo eleitoral deve continuar ganhando espaço no Congresso e na opinião pública. Cleitinho, por sua vez, prometeu intensificar sua atuação para garantir que a proposta avance e que a população tenha mais confiança na escolha de seus representantes.