General encurrala Barroso e cobra explicações sobre ação contra Bolsonaro

Gustavo Mendex


 O senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) voltou a atrair os holofotes do cenário político nacional ao fazer declarações contundentes sobre as recentes denúncias que envolvem políticos e militares acusados de planejar o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do vice-presidente Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O episódio, que Mourão classifica como parte de uma “crise”, reacendeu debates sobre o uso político de investigações e a falta de transparência em ações governamentais.


Ao se referir ao ministro Luís Roberto Barroso, presidente do STF, Mourão fez questão de ecoar uma pergunta levantada pelo próprio magistrado sobre o caso: “O que mais falta saber?”. Segundo o senador, essa questão é mais do que pertinente diante dos acontecimentos recentes, mas exige respostas claras. “Falta saber, ministro [Barroso], como uma conspiração factualmente fracassada ou simplesmente inexistente, datada de mais de dois anos, explode midiaticamente na cara da nação sem maiores explicações, além do vazamento direcionado e seletivo de peças investigatórias ditas sigilosas. A investigação quer realmente apurar os graves fatos denunciados ou criar mais um factoide político para desnortear o país?”, questionou Mourão..


As declarações do senador refletem uma insatisfação crescente entre figuras políticas que enxergam um possível uso estratégico das investigações para fins ideológicos ou como ferramenta de revanchismo político. Mourão foi além, destacando a falta de transparência em uma reunião recente e não registrada nas agendas públicas, na qual participaram o presidente Lula, o procurador-geral da República Paulo Gonet, ministros do STF e o diretor da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. Para o senador, esse encontro levanta questionamentos preocupantes sobre a separação entre os Poderes e a imparcialidade do sistema de justiça.


“O que justificaria e o que significa o encontro de autoridades de Poderes distintos com a direção do braço policial do Estado?”, perguntou Mourão. Em sua análise, reuniões desse tipo sem a devida publicidade podem alimentar desconfianças na sociedade e fortalecer narrativas de que as instituições brasileiras estão sendo instrumentalizadas para atender a interesses específicos. Ele também criticou o que chama de “exercício de um poder extraconstitucional” que, segundo ele, vem negando direitos fundamentais aos cidadãos.


A fala de Mourão não foi apenas uma crítica pontual, mas sim uma análise ampla da conjuntura política atual. “Há muito o que precisamos saber, principalmente como chegamos a esse ponto de discórdia social, de perseguições políticas, de revanches ideológicas e de tentações autoritárias. Mas alguma coisa se sabe, ministro: que uma democracia não se faz política com polícia; faz-se, acima de tudo, com justiça, o fim maior do Estado”, afirmou.


A manifestação do senador ocorre em um contexto de tensão crescente entre o governo e setores que se opõem ao presidente Lula. Para analistas, as declarações de Mourão reforçam a percepção de que existe um esforço contínuo para deslegitimar figuras da oposição, em especial o ex-presidente Jair Bolsonaro, que segue sendo alvo de investigações e processos judiciais. Mourão foi enfático ao afirmar que o “sistema” está disposto a usar qualquer narrativa para incriminar Bolsonaro e levá-lo à prisão, independentemente da solidez das provas apresentadas.


O caso em questão tem como base denúncias que apontam para um suposto complô contra Lula, Alckmin e Moraes, datado de mais de dois anos. No entanto, Mourão e outros críticos argumentam que a ausência de evidências concretas e a seletividade no vazamento de informações comprometem a credibilidade das investigações. Além disso, apontam que a cobertura midiática tem sido amplamente tendenciosa, favorecendo uma narrativa que alimenta divisões políticas e ideológicas no país.


Essa situação expõe uma preocupação crescente com o estado da democracia no Brasil. Para Mourão, o país enfrenta um momento de profunda polarização, marcado por perseguições políticas e a tentativa de consolidar um poder centralizado que enfraquece o equilíbrio entre os Poderes. “O Brasil precisa resgatar o espírito democrático e buscar a pacificação social. Não podemos permitir que questões ideológicas ou disputas de poder nos conduzam a um caminho autoritário”, disse o senador.


A fala de Mourão ressalta o papel fundamental do diálogo e da justiça no fortalecimento das instituições democráticas. Ele alerta para os riscos de se confundir o papel da política com o da polícia, enfatizando que o uso indiscriminado de investigações como arma política pode ter consequências graves para a estabilidade do país. Em suas palavras, a verdadeira justiça deve estar acima de qualquer interesse partidário ou pessoal.


A declaração do senador, feita em um momento de extrema sensibilidade política, parece destinada a ecoar entre os apoiadores de Bolsonaro e outros setores que se opõem ao governo Lula. No entanto, também levanta questões que transcendem as disputas partidárias, convidando a sociedade a refletir sobre os rumos da democracia brasileira e a importância de se preservar a transparência e a imparcialidade no exercício do poder.


Com isso, o debate sobre as denúncias e a forma como são conduzidas as investigações promete ganhar ainda mais relevância nos próximos dias. Enquanto isso, Mourão segue como uma voz de oposição, cobrando explicações e defendendo os princípios democráticos em meio a um cenário de incertezas.
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