Investigados tentaram prender Alexandre de Moraes, diz PF


 A investigação da Polícia Federal (PF) revelou detalhes perturbadores de um suposto plano de militares investigados que pretendiam realizar ações extremas no período que sucedeu as eleições de 2022. Os alvos principais do esquema seriam o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, bem como os então presidente e vice-presidente eleitos, Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin.


De acordo com o relatório da Operação Contragolpe, deflagrada em 19 de novembro de 2024, os envolvidos teriam monitorado a residência oficial de Moraes e planejavam prender o ministro, que na época presidia o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A operação clandestina, apelidada de “Copa 2022”, utilizava um esquema sofisticado de codinomes e comunicações criptografadas para evitar detecção. Entre os codinomes usados pelos envolvidos estavam nomes de países como Áustria, Alemanha, Brasil e Japão, que serviam para disfarçar suas identidades durante a comunicação.


O plano teria sido articulado em dezembro de 2022, dias após o TSE diplomar oficialmente Lula e Alckmin como os vencedores das eleições. As mensagens trocadas entre os suspeitos indicam que eles estavam posicionados em locais estratégicos e prontos para agir. Contudo, a operação foi suspensa após o adiamento de uma sessão do STF, conforme revelado em mensagens interceptadas. Um dos investigados teria enviado a mensagem: “Abortar… Áustria… volta para local de desembarque… estamos aqui ainda”.


Além do monitoramento e do plano de prisão de Moraes, a investigação também aponta que os envolvidos pretendiam atentar contra a vida de Lula e Alckmin. No dia 15 de dezembro de 2022, enquanto Lula participava de um evento em São Paulo e Alckmin se reunia com governadores em Brasília, os suspeitos já tinham traçado planos para ações que poderiam culminar em assassinato. Segundo o relatório da PF, este plano incluía envenenamento, mas as evidências não foram conclusivas sobre a execução de tal ato.


As descobertas reforçam a gravidade dos movimentos que surgiram durante o período de transição entre o governo de Jair Bolsonaro e o início do mandato de Lula. O uso do aplicativo Signal para comunicação, conhecido por sua criptografia de ponta, dificultou a coleta de provas, mas não impediu que os investigadores identificassem elementos que sugerem o acompanhamento constante das atividades de Moraes e de outros alvos.


A operação resultou na prisão de cinco militares, mas a PF ainda apura a extensão da rede e busca identificar outros possíveis envolvidos. Entre os crimes em apuração estão conspiração para golpe de Estado, tentativa de assassinato e abuso de poder. O Ministério da Justiça ressaltou que não haverá tolerância com atos que busquem desestabilizar as instituições democráticas.


Parlamentares de diferentes espectros políticos se manifestaram sobre os desdobramentos. Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente, criticou as prisões e declarou que “o sistema agoniza” ao perseguir militares. Já integrantes do governo apontaram para a necessidade de reforçar a segurança institucional e impedir ações semelhantes no futuro.


O relatório da PF também destaca que a vigilância sobre as autoridades foi sofisticada, mas a execução dos planos foi comprometida por mudanças inesperadas de agenda e a pronta resposta das instituições. Este episódio, que reforça as tensões políticas no país, traz à tona a necessidade de maior atenção às ameaças contra a democracia e evidencia a atuação rigorosa das forças de segurança no combate a essas práticas.


A operação segue em andamento, com novas fases previstas para aprofundar as investigações e garantir que os responsáveis sejam levados à Justiça.

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