"Isso é uma piada, essa PF criativa do Alexandre de Moraes”, detona Bolsonaro

 

Durante uma transmissão ao vivo no Instagram realizada no sábado (23), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez declarações carregadas de sarcasmo sobre as investigações da Polícia Federal (PF) em relação a um suposto plano de golpe de Estado. A live, transmitida pelo perfil do ex-ministro do Turismo Gilson Machado, ocorreu em uma barbearia localizada em São Miguel dos Milagres, no estado de Alagoas, enquanto Bolsonaro cortava o cabelo.


O ex-presidente utilizou a ocasião para ironizar as acusações feitas pela PF, que apontam para a existência de um plano elaborado por militares para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e, em seguida, destituir o próprio Bolsonaro do poder. A teoria, apelidada de “golpe do golpe”, foi alvo de piadas por parte de Bolsonaro, que questionou a lógica e os elementos apresentados nas investigações.


“Vai dar golpe com um general da reserva e quatro oficiais superiores? Pelo amor de Deus. Quem estava coordenando isso? Cadê a tropa? Cadê as Forças Armadas? Não fiquem botando chifre em cabeça de cavalo”, afirmou Bolsonaro durante a transmissão, adotando um tom de escárnio ao comentar sobre a suposta organização do plano.


Além disso, Bolsonaro não poupou ironias ao falar sobre outra acusação feita pela Polícia Federal: um alegado plano de sequestrar o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. De acordo com os investigadores, o militar envolvido nesse suposto esquema, identificado pelo codinome “Gana”, teria desistido da missão ao enfrentar dificuldades para conseguir um táxi em 15 de dezembro de 2022.


“Golpe agora não se dá mais com tanque, né? Se dá com táxi. E parece que o sequestro não saiu porque não tinha um táxi na hora… Ah, pelo amor de Deus, isso é uma piada, essa PF criativa do Alexandre de Moraes”, ironizou o ex-presidente, provocando risadas dos presentes na barbearia.


As declarações de Bolsonaro refletem sua estratégia de tratar as investigações com desprezo e sarcasmo, em uma tentativa de desqualificar as acusações e reforçar o apoio de sua base política. As falas indicam que o ex-presidente continua mobilizando seus seguidores ao adotar um discurso que minimiza as suspeitas levantadas pela Polícia Federal, ao mesmo tempo em que critica as instituições que considera adversárias.


A postura de Bolsonaro em relação ao caso é coerente com sua conduta desde que deixou o cargo de presidente. Ele frequentemente utiliza o humor e a ironia como ferramentas para desviar o foco das acusações que enfrenta e reforçar seu discurso político. Nesse contexto, as investigações conduzidas pela Polícia Federal, supervisionadas pelo ministro Alexandre de Moraes, têm sido alvo constante de ataques do ex-presidente, que busca deslegitimar o trabalho dos investigadores.


As apurações seguem em andamento e incluem suspeitas de envolvimento de militares e outras figuras públicas em um possível plano para impedir a posse de Lula e desestabilizar o governo eleito. Segundo as investigações, havia uma articulação envolvendo reuniões e conversas sobre ações que poderiam ser tomadas para subverter o processo democrático, mas os detalhes ainda estão sendo analisados. Apesar disso, Bolsonaro insiste em tratar as acusações como absurdas e infundadas, reforçando a narrativa de perseguição política.


Durante a transmissão, Bolsonaro também fez críticas indiretas ao que chamou de “criatividade” da Polícia Federal e sugeriu que as acusações são desprovidas de lógica. Seu tom sarcástico, no entanto, foi interpretado por alguns analistas políticos como uma tentativa de minimizar a gravidade das suspeitas e evitar aprofundar a discussão sobre o papel de seus aliados e apoiadores nos acontecimentos investigados.


A reação de Bolsonaro à teoria do “golpe do golpe” e ao suposto plano de sequestro ilustra como ele continua a utilizar seu espaço nas redes sociais para se comunicar diretamente com seus apoiadores, mantendo sua base mobilizada em torno de temas que frequentemente atacam as instituições democráticas. A estratégia parece ser a de reforçar a ideia de que ele e seus aliados são vítimas de perseguição política, ao mesmo tempo em que procura desviar o foco de outras questões que poderiam desgastar sua imagem.


Apesar da postura irônica adotada por Bolsonaro, as investigações continuam sob sigilo e avançam em diversas frentes. A Polícia Federal busca esclarecer os detalhes dos planos mencionados, identificar os responsáveis e avaliar se houve, de fato, uma ameaça concreta à ordem democrática no período de transição presidencial.


Enquanto isso, o tom jocoso do ex-presidente em relação às investigações pode aprofundar o clima de polarização no país. Suas declarações tendem a alimentar debates entre aqueles que defendem uma investigação rigorosa sobre o caso e os que acreditam que as acusações fazem parte de uma tentativa de deslegitimar sua atuação política.

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