Manifestantes realizaram um impactante protesto neste final de semana nas areias da Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, para denunciar as supostas arbitrariedades cometidas por instituições judiciais no Brasil, referidas pelos organizadores como "Ditadura da Toga". O ato teve como principal objetivo homenagear e relembrar aqueles que, segundo os manifestantes, foram injustamente presos, exilados ou perseguidos politicamente.
Os participantes do protesto ocuparam parte da orla exibindo cartazes com fotos das pessoas que consideram vítimas dessa situação. Entre os rostos estampados estavam figuras de políticos, ativistas e outros cidadãos que, de acordo com o grupo, enfrentaram consequências severas por discordarem de decisões judiciais ou do sistema político vigente. Frases de impacto, como "Justiça não é repressão" e "Liberdade para os presos políticos", também podiam ser vistas, criando um clima de forte apelo emocional.
O evento ocorreu durante a semana da cúpula de líderes do G20, um encontro que reúne representantes das 19 maiores economias do mundo, além da União Europeia e, pela primeira vez, a União Africana. Essa coincidência foi proposital, segundo os organizadores, que esperavam aproveitar a atenção internacional para chamar a atenção para as questões que consideram graves e urgentes no Brasil. A escolha da Praia de Copacabana, um dos pontos turísticos mais conhecidos do país, também reforçou o caráter simbólico e estratégico da manifestação, garantindo ampla visibilidade tanto para os transeuntes quanto para a mídia.
Nas redes sociais, o protesto ganhou grande repercussão, impulsionado por figuras públicas e políticos que apoiaram a causa. O deputado Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, publicou um vídeo do ato em suas plataformas digitais, acompanhado de uma mensagem crítica ao sistema político e judicial brasileiro. Em seu texto, ele afirmou: “Presos e exilados políticos brasileiros são expostos em Copacabana durante o G20. O sistema brasileiro a cada dia tendo o mesmo crédito do que a Venezuela. Todos têm as instituições de uma democracia, mas o mundo sabe para que servem”. A declaração gerou um intenso debate online, dividindo opiniões entre apoiadores e críticos.
No vídeo compartilhado por Eduardo Bolsonaro, é possível observar a disposição dos cartazes nas areias da praia, formando um grande mosaico que, de longe, parecia retratar um protesto silencioso, mas carregado de simbolismo. Entre os manifestantes, muitos seguravam bandeiras do Brasil e usavam camisetas com mensagens alusivas à liberdade de expressão e aos direitos humanos. Em alguns momentos, músicas patrióticas foram tocadas, enquanto outros participantes fizeram discursos emocionados sobre as dificuldades enfrentadas pelas famílias das pessoas que consideram injustiçadas.
Apesar do tom pacífico do ato, o tema gerou polêmica e dividiu a opinião pública. Críticos do protesto argumentaram que a manifestação não reflete a realidade e que as instituições brasileiras atuam dentro do estado democrático de direito. Por outro lado, os apoiadores destacaram que o protesto é uma forma legítima de expressar insatisfação e buscar justiça para aqueles que acreditam terem sido silenciados.
Especialistas também comentaram o impacto da manifestação no contexto internacional. Para o cientista político André Carvalho, a realização do protesto durante a semana do G20 pode ter sido uma jogada estratégica. "A ideia é mostrar para o mundo que há insatisfações internas graves no Brasil, ainda mais quando o país está tentando reforçar sua imagem como uma democracia sólida e moderna. Isso pode gerar pressão externa, mas também pode ser interpretado como um desgaste político", explicou.
A Polícia Militar do Rio de Janeiro informou que acompanhou o protesto de perto para garantir a segurança dos participantes e de quem passava pela região. De acordo com o comunicado divulgado pela corporação, o ato transcorreu de forma pacífica e sem registros de incidentes ou confrontos. A presença de turistas e moradores da cidade curiosos com a manifestação também foi notável, com muitas pessoas tirando fotos e conversando com os organizadores para entender melhor o motivo do protesto.
A manifestação em Copacabana é mais um exemplo de como as tensões políticas e sociais seguem latentes no Brasil, mesmo após as mudanças no cenário político nacional. O ato trouxe à tona discussões importantes sobre liberdade de expressão, judicialização da política e os limites da atuação das instituições democráticas no país. Ainda não está claro se haverá outras manifestações semelhantes durante o período do G20, mas os organizadores indicaram que continuarão promovendo ações para chamar atenção para as causas que defendem.
Manifestação na Praia de Copacabana no dia 17/11/2024, em frente ao Copacabana Palace, para lembrar dos presos políticos, exilados e demais vítimas da ditadura de Alexandre de Moraes e do STF.
— Ludmila Lins Grilo (@ludmilagrilo11) November 18, 2024
Não sei quem foi o organizador, mas deixo aqui meu agradecimento pela iniciativa e… pic.twitter.com/I64RlLDl3J