O diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Passos Rodrigues, afirmou nesta quinta-feira (14) que as explosões ocorridas em Brasília na noite anterior não podem ser consideradas um evento isolado. Durante uma coletiva de imprensa na sede da corporação, Passos destacou a gravidade do episódio e anunciou que a unidade de investigação antiterrorismo da PF já foi acionada para atuar no caso, que também será tratado sob a perspectiva de atos contra o Estado Democrático de Direito.
Passos enfatizou a necessidade de uma atuação conjunta entre a Polícia Federal e o sistema de Justiça criminal para enfrentar os grupos extremistas envolvidos em ações como esta. Segundo ele, a investigação do caso está conectada a outras atividades que a PF vem monitorando recentemente, sugerindo uma possível rede organizada de atos com motivações extremistas. Para dar celeridade às apurações, foi determinada a abertura de um inquérito policial, que já está sob a responsabilidade do Supremo Tribunal Federal (STF).
“Quero, inicialmente, fazer um registro da gravidade dessa situação que enfrentamos ontem. Tudo isso aponta que esses grupos extremistas estão ativos e precisam que nós atuemos de maneira enérgica – não só a Polícia Federal, mas todo o sistema de Justiça criminal”, declarou o diretor-geral. Ele também afirmou que o caso será tratado sob duas vertentes principais: a investigação de possíveis atos de terrorismo e a apuração de ações que atentam contra o Estado Democrático de Direito. “Estamos tratando esses casos sob essas duas vertentes e, por isso, nossa unidade antiterrorismo está atuando diretamente”, acrescentou.
As explosões, registradas em pontos estratégicos de Brasília, provocaram um clima de alerta na capital federal. De acordo com relatos preliminares, não houve feridos, mas os atos geraram pânico e transtornos na região. Apesar de ainda não haver informações concretas sobre os responsáveis ou a motivação, o evento já está sendo usado em discussões políticas polarizadas.
O episódio ocorre em um contexto político delicado, marcado por tensões entre apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro e o governo atual. Alguns analistas avaliam que os ataques podem servir como combustível para narrativas que associam ações extremistas a segmentos mais radicais do bolsonarismo. Em contrapartida, críticos do governo sugerem que o caso pode ser utilizado como pretexto para enfraquecer a oposição e reforçar medidas de repressão contra grupos contrários à atual gestão.
No Congresso Nacional, o clima é de apreensão. Parlamentares de diferentes espectros políticos se posicionaram sobre o caso, com alguns defendendo uma investigação rigorosa e outros levantando hipóteses sobre possíveis manipulações das informações em benefício de narrativas políticas específicas. Entre os alvos das discussões está a possibilidade de usar o episódio como argumento para pressionar pela retirada de anistias concedidas a apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, especialmente aqueles investigados por atos antidemocráticos em 2023.
Além disso, o caso reacendeu debates sobre a permanência do ministro Alexandre de Moraes, do STF, como uma figura central no combate a movimentos que atentam contra a democracia. Moraes tem sido alvo de críticas por parte de setores ligados à oposição, que questionam sua postura e decisões em casos sensíveis. Nos últimos meses, crescia no Congresso a articulação de grupos que defendem um possível processo de impeachment contra o ministro, movimento que agora pode perder força com a repercussão do caso em Brasília.
Apesar das especulações políticas, a Polícia Federal afirmou que está conduzindo as investigações com neutralidade e foco técnico. Em nota, a corporação reiterou seu compromisso em combater qualquer forma de ameaça ao Estado Democrático de Direito e garantiu que todos os esforços estão sendo mobilizados para identificar os responsáveis pelo ataque e suas conexões.
Especialistas em segurança pública apontam que o uso de explosivos em atos extremistas representa uma escalada de violência e um desafio adicional para as autoridades. Segundo analistas, episódios como este podem ser indicativos de uma tentativa de desestabilizar as instituições democráticas e gerar caos político. Nesse sentido, o papel das forças de segurança e do Judiciário se torna ainda mais crucial para garantir que a resposta seja eficiente e que os culpados sejam responsabilizados.
A repercussão internacional também não passou despercebida. Embaixadas de países aliados do Brasil emitiram comunicados expressando preocupação com os episódios e oferecendo apoio técnico para as investigações, caso necessário. O governo brasileiro, por sua vez, reafirmou sua posição de tolerância zero com qualquer tipo de ataque ao sistema democrático e reforçou o apelo pela união nacional diante de situações que coloquem em risco a estabilidade do país.
Enquanto as investigações avançam, o episódio reforça o alerta sobre a necessidade de monitoramento constante e ações preventivas para lidar com o crescimento de movimentos extremistas. A sociedade brasileira, mais uma vez, é confrontada com os desafios impostos por divisões políticas profundas e pela atuação de grupos dispostos a usar da violência como ferramenta para alcançar seus objetivos.