Nos últimos dias, os rumores sobre uma possível retaliação contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro, ganharam força, especialmente com a notícia de que Donald Trump, ao que tudo indica, retornará à Casa Branca em 2025. O ex-presidente norte-americano tem sido um crítico de medidas que, segundo ele, limitam a liberdade de expressão nas redes sociais e já deixou claro que buscará reformular algumas políticas de controle de conteúdo que foram implementadas nos Estados Unidos. Para o Brasil, essa postura de Trump poderia resultar em consequências diretas, especialmente no contexto de um embate crescente com Moraes, que vem adotando posturas rígidas em relação à disseminação de informações nas plataformas digitais, incluindo o X (anteriormente Twitter), agora sob o comando de Elon Musk.
Musk, que se posicionou como um defensor ferrenho da liberdade de expressão ao adquirir o X, tornou-se alvo de críticas e sanções em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil. Moraes, que também atua como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ordenou diversas vezes o bloqueio de perfis nas redes sociais e até chegou a suspender temporariamente o Telegram, numa medida sem precedentes, com o objetivo de conter a circulação de informações falsas ou que incitassem violência. Essas ações foram amplamente criticadas por Musk e outros empresários da tecnologia, que defendem um ambiente mais livre nas redes sociais.
Trump, por sua vez, manifestou recentemente apoio a Musk, destacando que o bilionário precisa ser "protegido" para assegurar a liberdade de expressão no ambiente digital. Segundo pessoas próximas ao ex-presidente, ele vê Musk como um importante aliado nesse embate e estaria disposto a oferecer apoio legal e estrutural para que as redes sociais americanas, incluindo o X e o Gettr, operem sem tantas restrições. Além disso, a equipe de Trump já sinalizou que pretende revisar o papel de certas plataformas no combate à desinformação, reduzindo as limitações impostas em países como o Brasil, onde as decisões do ministro Moraes impactam diretamente o funcionamento dessas empresas.
A situação tomou novos contornos quando Elon Musk, após a confirmação da vitória de Trump, fez uma postagem polêmica nas redes sociais: "X voltou a ser número 1 no Brasil!”. Embora a mensagem seja vaga, muitos interpretaram como uma provocação direta ao ministro Alexandre de Moraes, considerando o histórico de embates entre eles. O comentário repercutiu entre aliados de Musk e figuras da extrema-direita americana, que viram na frase uma afirmação de que o X estaria agora livre para atuar no Brasil, sem medo de censura.
Além de Musk, outro personagem que pode se tornar uma pedra no sapato de Moraes é Jason Muller, CEO da rede social Gettr. Muller teve sua passagem pelo Brasil marcada por uma breve detenção em um aeroporto, determinada por ordem de Moraes. Agora, com Trump na presidência, Muller está sendo cogitado para ocupar uma posição estratégica no governo americano, possivelmente ligada à área de comunicação e redes sociais. Esse cenário coloca o ministro do STF em uma posição delicada, uma vez que Muller se posicionou várias vezes contra as políticas de moderação de conteúdo e de controle de informações estabelecidas pelo Brasil.
De acordo com fontes ligadas ao STF, Moraes está ciente da pressão crescente e da possibilidade de uma retaliação direta. Há especulações de que o ministro, temendo uma possível revogação de seu visto americano, reagiu com ironia em conversas com colegas de tribunal. No entanto, as declarações de Moraes teriam sido interpretadas mais como uma tentativa de disfarçar o desconforto diante da situação. A possibilidade de um governo americano com fortes laços com figuras que criticam abertamente as políticas do STF brasileiro representa uma ameaça ao trabalho de Moraes no combate à disseminação de informações que ele considera prejudiciais à democracia.
Analistas políticos destacam que a relação entre Brasil e Estados Unidos pode sofrer tensões inéditas, especialmente no campo da regulação das redes sociais. Enquanto o governo brasileiro, com o apoio do Supremo Tribunal Federal, tenta impor uma maior fiscalização e controle sobre as informações que circulam na internet, Trump promete um movimento contrário, enfraquecendo as regulamentações e ampliando a liberdade de expressão no ambiente digital. Esse choque de visões pode dificultar negociações bilaterais e levar o Brasil a reavaliar suas posturas em relação à política externa digital.
O cenário é incerto, mas uma coisa parece clara: Moraes está sob pressão. Com o avanço das redes sociais controladas por Musk e Muller e a provável revogação de seu visto americano, o ministro se vê encurralado, enfrentando um dilema entre seguir com suas medidas de contenção ou reavaliar suas posturas diante do novo contexto internacional. O cerco em torno de Moraes parece se fechar cada vez mais, e suas próximas ações podem definir o futuro da política de combate à desinformação no Brasil.
Enquanto isso, o retorno de Trump promete uma nova fase na guerra pela liberdade de expressão, com impactos diretos no cenário global e, sobretudo, na relação entre Brasil e Estados Unidos. O que antes era apenas especulação começa a tomar forma: as decisões do ministro Alexandre de Moraes estão, agora, sob os olhos atentos de Washington, e o desenrolar dos próximos meses será crucial para o futuro das redes sociais e da liberdade digital no Brasil.