Repórter é demitida da Record e o motivo é algo completamente inesperado


 Marcela Munhoz, conhecida por seu trabalho como repórter do Balanço Geral Manhã e do Cidade Alerta, foi desligada da Record no dia 22 de outubro, poucos dias antes de sair de férias. Embora a emissora tenha oficialmente atribuído a demissão a cortes de custos, informações de bastidores sugerem outra razão por trás da decisão. Segundo fontes internas, Marcela teria utilizado a logomarca da Record em uma postagem no Instagram para promover uma clínica de estética, prática que teria desagradado à emissora e culminado em seu desligamento.


Com uma base de seguidores expressiva — cerca de 185 mil no Instagram — Marcela Munhoz atuava não apenas como jornalista, mas também como influenciadora digital, compartilhando regularmente publicações patrocinadas. No entanto, essas publicações, conhecidas como “publis”, supostamente eram feitas sem autorização prévia da emissora, o que se tornou um ponto de atrito. Embora a Record permita que seus profissionais façam esse tipo de postagem desde que o conteúdo seja previamente revisado e aprovado pela direção, Marcela teria desrespeitado esse protocolo ao associar a imagem da emissora a uma marca comercial sem permissão.


O episódio que desencadeou a demissão envolveu uma publicação em que Marcela promovia a clínica de estética Yahava. Na postagem, ela aparece utilizando um microfone da Record, fato que gerou uma associação direta entre a emissora e a clínica. Para a Record, esse tipo de divulgação representa um risco, pois pode induzir o público a acreditar que a emissora endossa ou apoia a marca publicitada, algo que não é permitido pelo seu manual de conduta. Além disso, essa prática pode ser vista como uma quebra do compromisso de isenção e imparcialidade esperado de um veículo de comunicação.


Em sua defesa, Marcela nega ter feito qualquer postagem sem o conhecimento da direção da Record. “A justificativa foi corte de gastos. Até porque toda publicação publi que eu fiz foi previamente informada à emissora”, afirmou a jornalista em uma entrevista. No entanto, o uso explícito de elementos visuais da Record para promover uma marca externa acabou pesando mais do que as explicações dadas. Mesmo diante da controvérsia, Marcela adotou um tom conciliador ao se despedir da emissora, expressando gratidão pelo tempo que trabalhou na Record e pelo reconhecimento que recebeu: “Eu não tenho o que reclamar da emissora. Sou muito grata ao período em que fiz parte da equipe e tive meu trabalho e profissionalismo valorizado.”


Casos como o de Marcela não são novidade no jornalismo brasileiro, especialmente em tempos de redes sociais e do fortalecimento do papel de jornalistas como influenciadores digitais. A prática conhecida como “jabá digital”, ou a troca de publicidade por serviços, já ocasionou outras demissões e polêmicas na mídia. A Globo, por exemplo, é uma das emissoras mais rígidas em relação ao assunto. Desde 2017, quando o jornalista Cesar Tralli esteve envolvido em um episódio que associou sua imagem a uma marca, a emissora adotou uma política de proibição total para atividades publicitárias de seus profissionais, independente de autorização. A medida busca evitar que os jornalistas da emissora sejam associados a marcas e serviços, resguardando a imagem de imparcialidade e credibilidade da empresa.


A demissão de Marcela traz à tona o debate sobre os limites da publicidade para jornalistas, especialmente em uma era em que redes sociais se tornaram canais de comunicação direta e potente com o público. Cada vez mais, jornalistas que conquistam grande audiência nas plataformas digitais encontram oportunidades comerciais nesse espaço, o que gera um dilema para as emissoras. De um lado, há o interesse dos profissionais em monetizar suas redes; de outro, está o risco das emissoras em verem suas marcas associadas a produtos e serviços sem o controle necessário sobre o conteúdo publicado.


Embora algumas empresas permitam publicações patrocinadas mediante autorização prévia, outras, como a Globo, adotam uma postura estritamente proibitiva. No ano passado, um caso semelhante ao de Marcela envolveu a repórter Lívia Torres, também da Globo, que foi dispensada após participar de um evento da CBF com banners de patrocinadores ao fundo. Para a emissora, a exposição indireta às marcas representava um conflito de interesse que não poderia ser tolerado, uma postura que reforça a separação entre as atividades jornalísticas e publicitárias.


Esse cenário ilustra a dificuldade em conciliar a imagem dos profissionais da mídia, que são figuras públicas, com os interesses comerciais que podem surgir de sua popularidade nas redes sociais. Enquanto influenciadores têm liberdade para promover produtos, jornalistas enfrentam o desafio de manter uma postura ética e desvinculada de interesses comerciais, evitando confundir o público sobre a natureza de sua atuação. No caso de Marcela Munhoz, sua trajetória como influenciadora e seu impacto digital permanecerão, mas a separação da Record representa um alerta para profissionais do meio sobre a importância de observar as políticas das empresas de comunicação com rigor.


A demissão de Marcela Munhoz pode ser vista como um reflexo das tensões entre a expansão das mídias sociais e as normas tradicionais do jornalismo. Com o crescimento das redes, é provável que novas diretrizes sejam adotadas por emissoras, visando alinhar os interesses dos profissionais com a necessidade de proteger a credibilidade e a imparcialidade das empresas de comunicação.

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