Em uma entrevista recente ao portal UOL, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) fez declarações alarmantes sobre a possibilidade de ser preso devido a acusações relacionadas à tentativa de golpe de Estado que ocorreu em 2022. Ele admitiu que, caso enfrente uma ordem de prisão, consideraria buscar refúgio em uma embaixada no Brasil, citando um histórico de casos semelhantes em que indivíduos perseguidos se refugiaram em representações diplomáticas. "Embaixada, pelo que vejo na história do mundo, quem se vê perseguido pode ir para lá", afirmou Bolsonaro, insinuando que sua situação pode seguir o mesmo caminho de outras figuras que se sentiram ameaçadas politicamente.
Além disso, Bolsonaro afirmou que, se houvesse algo que pudesse incriminá-lo, ele não teria retornado ao Brasil após passar meses nos Estados Unidos. A decisão de retornar ao Brasil foi tomada sob a alegação de que ele não se via em risco de ser acusado, uma vez que não considerava ter cometido nenhum crime. Ele reforçou sua posição dizendo que se estivesse realmente sob investigação, teria permanecido fora do país, uma postura que visa sustentar sua ideia de que está sendo alvo de perseguição política.
A entrevista também foi marcada por críticas ferozes ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à atuação da Polícia Federal, que realizaram diversas operações de busca e apreensão em sua residência e em outros endereços ligados ao ex-presidente. Bolsonaro destacou que já enfrentou três buscas e apreensões, as quais classificou como "absurdas" e desnecessárias. Ele se disse perplexo com essas ações, alegando que sempre esteve em conformidade com a lei e não deveria estar sendo tratado como um criminoso. "Corro risco, sem dever nada. [O STF] Vai fazer a arbitrariedade, vamos ver as consequências", afirmou, expressando a visão de que o STF estaria agindo de forma injusta e que o sistema judicial brasileiro estava sendo manipulado para criar uma narrativa negativa sobre ele.
As palavras de Bolsonaro sugerem que ele acredita que o "sistema" está comprometido em envolvê-lo em uma trama que visa sua prisão, independentemente das circunstâncias reais. Em sua visão, os poderes judiciário e policial estariam agindo com a intenção de prendê-lo a qualquer custo, uma retórica que alimenta a ideia de uma perseguição política contra o ex-presidente.
A tentativa de golpe de Estado que Bolsonaro é acusado de ter incentivado no fim de seu mandato é um dos pontos centrais das investigações em andamento, que envolvem também a invasão de prédios públicos e outros atos de violência em 2023. O ex-presidente sempre negou qualquer envolvimento direto nos atos de insurreição, mas a pressão contra ele tem se intensificado com o avanço das investigações. Para muitos, as declarações de Bolsonaro refletem um crescente desconforto com o cenário político atual, onde ele se vê como vítima de um processo que busca deslegitimar sua liderança e seus seguidores.
O ex-presidente segue afirmando que as ações contra ele têm caráter político e não jurídico, e que sua atuação no governo foi sempre em conformidade com a Constituição. Ele reafirmou que suas declarações e atitudes durante e após o mandato foram feitas dentro dos limites de seu cargo, sem intenção de derrubar o sistema democrático. No entanto, as acusações de incitação ao golpe de Estado e as investigações subsequentes continuam a cercá-lo, colocando-o em uma posição vulnerável.
A entrevista ao UOL também destacou que Bolsonaro está ciente de que as tentativas de prendê-lo continuarão a ser uma realidade, caso as investigações avancem. Ele se mostrou disposto a enfrentar o que vê como uma trama contra ele, embora, ao mesmo tempo, deixe claro que, se necessário, procurará refúgio em uma embaixada, uma medida que indicaria sua disposição em escapar da ação da Justiça brasileira.
Com isso, o ex-presidente acirra ainda mais o clima político no Brasil, onde sua figura continua sendo um ponto de polarização. A tensão em torno de sua possível prisão e das acusações que enfrenta promete dominar os debates políticos nos próximos meses. O desenrolar das investigações e o posicionamento das autoridades serão decisivos para definir os próximos passos no caso, que já se tornou um dos mais polêmicos e controversos da política brasileira recente.