A Polícia Federal (PF) avançou rapidamente ao associar o ex-presidente Jair Bolsonaro a supostos atos golpistas e a um alegado plano de assassinato envolvendo o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. De acordo com a investigação, que tem gerado polêmica e dividido opiniões, parte do planejamento do esquema, batizado como "Punhal Verde e Amarelo", teria sido impressa dentro do Palácio do Planalto em novembro de 2022, ainda durante o mandato de Bolsonaro.
Os documentos que detalhariam o suposto plano foram identificados como tendo sido impressos pelo general Mário Fernandes, apontado como um dos principais articuladores da conspiração. Segundo a PF, Fernandes teria utilizado os recursos do Planalto enquanto os telefones de Rafael Martins de Oliveira e Mauro Cid estavam conectados às redes do local. A investigação também alega que o material foi posteriormente transportado para o Palácio da Alvorada, residência oficial do então presidente Jair Bolsonaro.
O despacho judicial referente ao caso aponta que, no momento em que o documento foi impresso, Bolsonaro estava presente no Palácio do Planalto. Além disso, a Polícia Federal afirma que a chamada "minuta do golpe" teria passado por análises e ajustes diretamente pelo ex-presidente. Essas informações, no entanto, têm sido recebidas com ceticismo por parte de seus apoiadores e de analistas políticos, que classificam as alegações como absurdas e sem fundamentação concreta.
O caso gerou uma onda de indignação entre apoiadores de Bolsonaro, que enxergam nas investigações uma tentativa do "sistema" de incriminá-lo a qualquer custo. Para eles, as acusações fazem parte de uma narrativa construída para desmoralizar o ex-presidente e abrir caminho para sua eventual prisão. Críticos do processo também argumentam que a ausência de evidências sólidas e a natureza das acusações levantam dúvidas sobre a imparcialidade da investigação.
O general Mário Fernandes, citado como peça-chave na suposta trama, ainda não se pronunciou publicamente sobre o caso. Já Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, e Rafael Martins de Oliveira, ambos envolvidos na investigação, têm sido frequentemente mencionados em outros processos que investigam possíveis irregularidades no governo anterior. A relação entre os suspeitos e o ex-presidente tem sido usada como argumento para aprofundar as investigações, mas, até o momento, nenhuma acusação formal foi apresentada contra Bolsonaro.
O caso do "Punhal Verde e Amarelo" ocorre em um momento de forte polarização política no Brasil. As investigações contra o ex-presidente e seus aliados são vistas por muitos como parte de uma estratégia para enfraquecer a direita no país e consolidar o poder do atual governo. Por outro lado, críticos de Bolsonaro acreditam que os indícios apontados pela PF reforçam a necessidade de uma apuração rigorosa e responsabilização caso as suspeitas sejam confirmadas.
O impacto político das investigações é inegável. A oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem usado o caso para reforçar sua narrativa de perseguição política, enquanto os governistas argumentam que as investigações demonstram a gravidade dos atos cometidos durante o governo anterior. A sociedade brasileira, por sua vez, assiste a mais um capítulo de um embate político que parece não ter fim.
Advogados de Bolsonaro têm classificado as acusações como infundadas e afirmam que o ex-presidente está sendo vítima de uma campanha de difamação. Em nota, a defesa alegou que o envolvimento de Bolsonaro no caso não passa de especulação e que ele nunca teve qualquer intenção de atentar contra a democracia ou contra a integridade de qualquer autoridade pública. Além disso, a defesa reforçou que o ex-presidente sempre atuou dentro dos limites da lei e que confia na Justiça para encerrar o que classificam como "mais uma tentativa de desestabilizar sua imagem pública".
No entanto, o avanço das investigações e o volume de informações divulgadas pela Polícia Federal aumentam a pressão sobre o ex-presidente e seus aliados. A acusação de que Bolsonaro teria ajustado a "minuta do golpe" é especialmente grave, uma vez que, se confirmada, poderia levar à abertura de processos por crimes contra a democracia e outras infrações graves. Aguardam-se, nos próximos dias, novos desdobramentos sobre o caso, incluindo possíveis depoimentos de envolvidos e análises mais detalhadas das evidências levantadas.
Enquanto isso, a opinião pública segue dividida. De um lado, apoiadores de Bolsonaro veem na investigação um esforço coordenado para destruí-lo politicamente. De outro, críticos do ex-presidente exigem que a Justiça atue de forma enérgica para esclarecer os fatos e punir eventuais responsáveis. O cenário que se desenha é de intensificação das tensões políticas e jurídicas, com possíveis repercussões de longo alcance para o futuro político do país.
Independentemente do resultado das investigações, o caso do "Punhal Verde e Amarelo" marca mais um capítulo da turbulenta trajetória política de Jair Bolsonaro e reforça o papel central das instituições brasileiras na garantia do Estado de Direito.