Jason Miller, CEO da rede social Gettr e figura influente nos bastidores da política conservadora dos Estados Unidos, pode vir a ocupar um alto cargo no governo de Donald Trump, caso o ex-presidente retome a Casa Branca em 2025. Conhecido por seu papel ativo na campanha de Trump e sua relação próxima com o ex-presidente, Miller já atuou como porta-voz de Trump e tem uma longa trajetória de envolvimento com o partido Republicano. Sua presença na nova equipe de Trump, ao lado de Elon Musk, reforça o tom combativo e conservador do projeto político para o próximo mandato.
Miller, um empresário de 49 anos nascido em Seattle, ganhou destaque na política norte-americana nos anos 2000, ao trabalhar em campanhas para eleger congressistas republicanos. Com sua empresa, a Jamestown Associates, ele desenvolveu materiais publicitários que foram decisivos em diversas campanhas eleitorais do partido. O auge de sua carreira nessa área ocorreu em 2016, quando sua empresa produziu os comerciais para a campanha presidencial de Trump, derrotando Hillary Clinton e ajudando a consolidar a mensagem conservadora de “Make America Great Again”. Desde então, ele se tornou uma das vozes mais influentes entre os apoiadores do ex-presidente e uma figura conhecida na política dos Estados Unidos.
Em 2021, Jason Miller lançou a rede social Gettr, um espaço criado com o intuito de oferecer uma alternativa às redes sociais tradicionais, que, segundo seus criadores e usuários, censuravam vozes conservadoras. Gettr rapidamente se tornou um refúgio para políticos e seguidores do conservadorismo, atraindo nomes de peso no cenário da direita mundial. Além disso, Gettr obteve popularidade entre eleitores de Trump e apoiadores de suas ideias, consolidando-se como um pilar para a divulgação de ideias e debates entre a base conservadora.
No entanto, Miller também viveu situações polêmicas fora dos Estados Unidos, especialmente no Brasil, onde teve um atrito significativo com a justiça brasileira. Em 2021, durante uma visita ao Brasil, ele foi detido no aeroporto de Brasília e conduzido para prestar depoimento à Polícia Federal, por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre de Moraes. Na época, Miller estava em solo brasileiro para participar de um evento conservador e foi incluído no inquérito que investigava supostos atos antidemocráticos, investigação que também envolvia o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Embora Miller tenha exercido seu direito de permanecer em silêncio durante o depoimento, a situação gerou críticas de vários setores que a consideraram um exemplo de abuso de poder.
O episódio foi visto como um ato de arbitrariedade por parte de Moraes, o que, segundo aliados de Miller, deixou marcas na relação entre o empresário e as autoridades brasileiras. Após o depoimento, Miller foi liberado e pôde retornar aos Estados Unidos, mas o evento foi amplamente divulgado entre os apoiadores de Trump e entre os conservadores brasileiros, que o consideraram como uma prova do que alegam ser perseguição ideológica contra figuras públicas de direita. Essa experiência, segundo especulações, teria aprofundado o ressentimento de Miller em relação a Moraes, que agora poderá se tornar um alvo de políticas mais duras em um eventual governo Trump, onde Miller poderá atuar em uma posição de influência.
Nos Estados Unidos, o nome de Jason Miller é cada vez mais mencionado como uma peça-chave no plano de governo de Trump, que já sinalizou uma postura mais severa e menos tolerante com países e autoridades que interferem, segundo ele, nos direitos de cidadãos norte-americanos no exterior. Com Miller ocupando um possível cargo de destaque na Casa Branca, especula-se que Trump adote uma linha diplomática mais rigorosa em relação ao Brasil e especialmente ao ministro Moraes, cuja condução de investigações envolvendo apoiadores de Trump, como Miller e Bolsonaro, já gerou desconforto em parte da comunidade conservadora norte-americana.
Outro ponto que reforça a influência de Jason Miller é a recente proximidade de Trump com Elon Musk, magnata da tecnologia e dono da X (antiga Twitter), plataforma de alcance global que se tornou símbolo de liberdade de expressão para muitos conservadores. Caso Trump de fato reúna Musk e Miller em sua administração, a Casa Branca terá uma linha direta de apoio com duas das principais redes sociais alternativas do mundo: X e Gettr. Essa colaboração poderá ser usada para fortalecer a comunicação de ideias e políticas conservadoras, num movimento estratégico de unificar as vozes da direita e minimizar o poder de redes sociais tradicionais, que frequentemente são acusadas de censura contra ideias conservadoras.
O retorno de Trump ao poder, dessa forma, promete trazer um ambiente político mais polarizado, com figuras como Jason Miller exercendo grande influência na formulação de políticas e estratégias para o governo. O episódio de Brasília certamente não será esquecido e, com Miller possivelmente em um alto cargo, a relação entre os Estados Unidos e o Brasil, especialmente no que tange ao poder Judiciário, poderá se tornar mais complexa e conflituosa. Observadores da política internacional avaliam que um governo Trump 2.0 seria marcado por um tom de revanchismo e defesa enfática dos direitos de cidadãos americanos, com ações firmes para retaliar autoridades estrangeiras que, em sua visão, interferiram de maneira indevida.
Assim, o possível retorno de Trump e a ascensão de Jason Miller na Casa Branca indicam que figuras como Alexandre de Moraes, que tiveram papel central em episódios envolvendo conservadores norte-americanos, poderão enfrentar pressão renovada. Nos bastidores, essa tensão sugere uma mudança significativa nas relações diplomáticas entre os países e pode ter efeitos diretos em investigações internacionais de figuras ligadas ao conservadorismo.