'Alexandre, a vida do Clezão está na sua conta'
Durante uma audiência pública sobre a situação dos presos pelo 8 de janeiro, o senador Magno Malta fez duras críticas ao Governo Federal, especialmente ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, e ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. O parlamentar expressou seu descontentamento de forma enfática, acusando Pacheco de não assumir sua posição de liderança e de agir com subordinação ao STF.
Magno Malta iniciou suas declarações afirmando que, embora muitas pessoas se concentrem nas ações de Alexandre de Moraes, o ministro não age de forma isolada. Para ele, Moraes apenas verbaliza decisões que são coletivas, envolvendo um conjunto de forças dentro do governo, que, segundo Malta, está dominado por uma “cooperativa nacional” alinhada com ideologias que ele considera comunistas. O senador criticou a presença de ex-presidiários e pessoas envolvidas em escândalos de corrupção assumindo cargos importantes no governo, sugerindo que esses indivíduos, agora no poder, são parte de uma rede que promove interesses que considera prejudiciais ao país.
No entanto, as críticas mais incisivas de Malta se dirigiram ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, que, segundo ele, tem falhado em exercer sua autoridade e se mostrado submisso ao Supremo Tribunal Federal. O senador acusou Pacheco de não tomar decisões por conta própria e, em vez disso, de buscar constantemente a aprovação de Moraes e outros membros do STF antes de agir. “Ele vai para o Supremo pedir a bênção primeiro”, disse Malta, sugerindo que Pacheco se curva às orientações do Supremo em vez de se afirmar como líder do Senado. Ele também afirmou que, ao falar sobre a Constituição, Pacheco adota um tom grave, mas, quando se trata de questões politizadas, não se posiciona de forma clara. Malta criticou essa postura, pedindo que Pacheco se especifique e revele de forma direta suas discordâncias.
Em seguida, o senador fez críticas ainda mais duras a Alexandre de Moraes, chamando sua atuação de irresponsável, particularmente no que diz respeito ao tratamento de presos políticos, como o ex-deputado Daniel Silveira. Segundo Malta, a culpa pela “agonia” dos presos, como Silveira, recai sobre Moraes, que teria tomado decisões que resultaram no sofrimento dessas pessoas e de suas famílias. Malta lembrou que a prisão de Silveira, um dos principais alvos do governo federal e do STF, é uma das situações mais emblemáticas que envolvem o ministro, e afirmou que ele é responsável por essa situação, dizendo que o ex-deputado “está apodrecendo” na prisão.
O senador também se referiu ao sofrimento de outras figuras que estão, segundo ele, sendo injustiçadas pelo governo e pelo STF, como Clezão, Constantino, Allan dos Santos e Paulo Figueiredo, todos acusados de desinformação ou de desafiar a narrativa oficial do governo. Malta enfatizou o impacto humano de tais decisões, destacando a dor de famílias separadas e o sofrimento de pessoas que estão longe de seus entes queridos, como no caso dos jornalistas. O senador demonstrou indignação ao apontar que, enquanto algumas dessas pessoas estão fora do Brasil, outras permanecem sendo perseguidas por suas opiniões.
Entre os nomes mencionados por Malta, também estava o do jornalista Oswaldo Eustáquio, que, de acordo com o senador, foi alvo de uma busca obsessiva por parte de Alexandre de Moraes. Malta criticou o fato de Moraes ter solicitado a deportação de Eustáquio ao governo espanhol, acusando-o de ser um dos principais responsáveis por divulgar a verdade e criticar a agenda do governo. Segundo Malta, Moraes tem uma “tara” por prender e perseguir pessoas que se opõem ao governo e ao STF, tratando-as como inimigos. O senador afirmou ainda que o próprio comportamento do ministro gerou um ambiente de perseguição, algo que ele considera perigoso para a liberdade de expressão no Brasil.
As declarações de Magno Malta refletem uma visão crítica do cenário político atual, especialmente no que diz respeito à atuação do STF e à relação de dependência entre o Congresso e a Suprema Corte. O senador sugeriu que o Brasil vive uma situação de controle ideológico, onde as instituições, em sua visão, são manipuladas por uma elite política alinhada com um projeto de poder que não condiz com os interesses da população. Para ele, a atuação de figuras como Moraes é uma ameaça à democracia e à liberdade de expressão, e é necessário um posicionamento firme contra esses abusos.
As palavras de Malta geraram um grande debate sobre o papel do Supremo Tribunal Federal e do Congresso, e colocaram em evidência as tensões políticas que têm marcado o cenário brasileiro nos últimos tempos. A questão das prisões dos envolvidos no 8 de janeiro continua a ser um tema central nas discussões sobre o futuro político do país, e as críticas de Malta se inserem em um contexto de crescente polarização e disputa pelo controle das instituições.