O ex-ministro do governo de Jair Bolsonaro e atual senador, Ciro Nogueira, surpreendeu o meio político com declarações recentes sobre a atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) e a condução de pautas prioritárias pelo Senado. Durante uma entrevista nesta quarta-feira, 18 de dezembro, o parlamentar criticou o foco excessivo no impeachment de ministros do STF, sugerindo que essa discussão tem desviado a atenção de questões mais urgentes para a população, como inflação e violência.
Ciro Nogueira, que foi um dos principais articuladores políticos de Bolsonaro, classificou como um “erro” a insistência em colocar a destituição de ministros como prioridade nas discussões do Senado. Segundo ele, ao transformar o STF em protagonista de debates políticos, há o risco de prejudicar tanto a governabilidade quanto o desenvolvimento do país. “Considero equivocado colocar o impeachment de ministros como uma das metas do Senado. O STF também precisa sair dos holofotes para não virar tema central das eleições de 2026”, afirmou.
O senador reforçou que, embora o conservadorismo tenha uma perspectiva otimista para as eleições de 2026, com chances significativas de consolidar uma maioria no Senado, é fundamental que essa força política volte sua atenção para os problemas reais que afetam os cidadãos. Ele citou a alta nos preços, a insegurança pública e a necessidade de melhorar as condições de vida como temas que deveriam nortear os debates legislativos e o trabalho parlamentar.
Para Ciro, insistir no impeachment de ministros do STF, incluindo Alexandre de Moraes, não traz resultados práticos para a vida cotidiana da população. Ele defendeu que pautas como o combate à inflação e a violência sejam colocadas em primeiro plano. “Chegou a hora de mudarmos a pauta para o que realmente importa. O impeachment de ministros não é essencial para o dia a dia do cidadão. A inflação e a violência, sim, impactam diretamente a população”, destacou o senador.
A declaração de Ciro acontece em um momento de alta tensão entre o Supremo Tribunal Federal e setores mais conservadores da sociedade, que vêm criticando as decisões da Corte, especialmente no que diz respeito à condução de inquéritos envolvendo figuras públicas alinhadas ao bolsonarismo. O ministro Alexandre de Moraes tem sido alvo de grande polêmica, sobretudo por sua atuação em processos relacionados a um suposto plano de golpe.
Ao ser questionado sobre a decisão do STF de manter Moraes na relatoria desses casos, Nogueira declarou que, embora fosse favorável ao afastamento do magistrado, é necessário aceitar o resultado e seguir em frente. Ele destacou que o Brasil enfrenta desafios muito maiores que demandam atenção e esforços conjuntos para superá-los. “A decisão foi tomada, e decisão judicial deve ser cumprida. O Brasil enfrenta desafios muito maiores. Precisamos virar essa página e focar em problemas graves, como a segurança pública, que hoje supera até saúde e educação como preocupação dos brasileiros”, afirmou.
A fala do senador reflete uma tentativa de mudar o tom das discussões políticas no Congresso, afastando-se de temas que, segundo ele, pouco impactam o dia a dia dos brasileiros. Para Ciro, manter o foco em embates institucionais apenas aprofunda as divisões e não contribui para o avanço do país. Ele ressaltou que o Senado tem a responsabilidade de atuar como uma ponte entre os interesses da sociedade e as decisões do Executivo e do Judiciário.
O ex-ministro também chamou a atenção para a necessidade de um planejamento estratégico para enfrentar a insegurança pública, que, segundo ele, tem se tornado uma das maiores preocupações nacionais, superando inclusive áreas como saúde e educação. Ciro defendeu que o combate à violência deve ser uma prioridade para o próximo governo e que o Senado tem papel crucial nesse processo, por meio da aprovação de medidas eficazes e sustentáveis.
Embora a declaração de Ciro Nogueira tenha gerado repercussões imediatas, principalmente entre aliados mais próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro, ela também levantou um debate mais amplo sobre as prioridades do Congresso Nacional. Parlamentares de diferentes espectros políticos se posicionaram, alguns apoiando a visão do senador e outros criticando o que chamaram de “desistência” de temas fundamentais para a democracia brasileira.
Ao que tudo indica, o comentário do senador representa um esforço de parte da base conservadora em adotar uma postura mais pragmática diante dos desafios enfrentados pelo país. A expectativa é que o debate sobre as prioridades legislativas do próximo ano ganhe força, especialmente em um cenário de polarização política crescente e eleições presidenciais se aproximando.
Ciro Nogueira, com sua experiência como ex-ministro-chefe da Casa Civil, busca consolidar-se como uma liderança que preza pelo equilíbrio e pela resolução de problemas práticos, deixando de lado embates que, segundo ele, apenas alimentam a instabilidade institucional. Resta saber se sua visão encontrará eco no Senado e entre os eleitores conservadores, muitos dos quais ainda veem no impeachment de ministros do STF uma bandeira indispensável.
De toda forma, o senador deixou claro que o foco em questões estruturais e que impactam diretamente a população será essencial para garantir um futuro mais promissor para o Brasil.