Marcel dobra a aposta, diz na cara que diretor da PF é prevaricador e desafia: “Me prenda”
O deputado federal Marcel van Hattem protagonizou mais um episódio de enfrentamento direto ao governo petista nesta terça-feira, dia 3 de dezembro. Durante uma audiência na Câmara dos Deputados, que contou com a presença do ministro Ricardo Lewandowski e do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, o parlamentar não poupou palavras ao criticar a conduta de integrantes da corporação e reiterar seu compromisso com a liberdade e a imunidade parlamentar.
Em seu discurso inflamado, Marcel voltou a exibir a foto do delegado Fabio Shor, chamando-o de “bandido” e “covarde”. As declarações ecoaram no plenário, deixando clara a postura combativa do deputado, que desafiou abertamente o diretor da Polícia Federal a agir contra ele. "Eu disse depois que chamei na tribuna um policial que não honra a corporação de bandido. Repeti duas vezes, depois, que eu estava sendo investigado por chamar um bandido de bandido, um covarde de covarde e que eu não aceitava isso", afirmou Marcel, evidenciando seu descontentamento com o que considera uma tentativa de cercear sua atuação política.
O ponto alto da discussão ocorreu quando Marcel questionou o diretor da Polícia Federal sobre o suposto crime de calúnia que estaria sendo imputado a ele. Em tom desafiador, declarou: “Se é entendimento de que eu estou cometendo um crime contra a honra, porque então o senhor, diretor da PF, não me prende agora em flagrante de delito? Se é um crime o que estou cometendo, que me prenda”. A fala gerou reações imediatas entre os presentes, reforçando o clima de tensão na audiência.
O presidente da comissão, deputado Alberto Fraga, do PL-DF, manifestou apoio a Marcel, destacando que a indignação expressada seria compartilhada por todos os parlamentares presentes. Fraga criticou duramente a situação, afirmando que indiciar um deputado federal seria equivalente a desrespeitar o artigo 53 da Constituição, que garante imunidade parlamentar para palavras e votos proferidos no exercício do mandato. "Ser indiciado por um delegado é jogar o artigo 53 na lata do lixo", concluiu Fraga, evidenciando o respaldo institucional ao colega.
O embate ocorre em um momento delicado para as relações entre o Legislativo e o Executivo. Nos últimos meses, tensões têm aumentado devido a ações consideradas autoritárias por parte de órgãos ligados ao governo. Marcel, conhecido por sua atuação firme em defesa das liberdades individuais e do respeito às prerrogativas parlamentares, tem se destacado como um dos principais críticos da atual administração, especialmente em relação às investigações conduzidas pela Polícia Federal.
O delegado Fabio Shor, alvo das críticas de Marcel, tornou-se figura central no debate devido a supostas decisões polêmicas que, segundo o deputado, estariam sendo tomadas para intimidar opositores políticos. As acusações de Marcel, no entanto, não são apenas direcionadas a Shor, mas a todo um sistema que, em sua visão, busca silenciar vozes discordantes. "Não aceitarei que intimidações como essas nos calem. Estamos aqui para representar o povo e lutar por aquilo que acreditamos ser justo e correto", declarou em outro momento da sessão.
O episódio desta terça-feira repercutiu rapidamente fora do plenário, gerando debates nas redes sociais e na imprensa. Enquanto apoiadores de Marcel elogiaram sua coragem e firmeza, críticos questionaram o tom adotado pelo parlamentar, argumentando que o enfrentamento poderia prejudicar o diálogo entre as instituições. Apesar das opiniões divergentes, o fato é que o discurso do deputado colocou em evidência questões fundamentais sobre os limites da imunidade parlamentar e a atuação de autoridades investigativas.
A presença de Ricardo Lewandowski e Andrei Rodrigues na audiência foi originalmente pautada para discutir outros assuntos, mas acabou sendo ofuscada pela atuação de Marcel. O ministro e o diretor da Polícia Federal não responderam diretamente às provocações feitas durante a sessão, mas fontes próximas ao governo indicam que o caso deve ser tratado internamente.
Marcel van Hattem, por sua vez, continua a se posicionar como uma das vozes mais incisivas contra o governo. Sua postura tem conquistado admiradores entre aqueles que veem na resistência ao que chamam de autoritarismo governamental uma prioridade. Ainda assim, o confronto direto com autoridades de alto escalão pode trazer desdobramentos legais e políticos que serão acompanhados de perto nos próximos dias.
O desfecho da audiência deixou no ar uma série de questões: até que ponto a imunidade parlamentar pode ser estendida? E quais serão as próximas ações da Polícia Federal em relação às declarações do deputado? Enquanto as respostas não chegam, Marcel segue com sua estratégia de enfrentamento, reforçando sua imagem de político combativo e defensor intransigente das liberdades democráticas.