Jair Bolsonaro, ex-presidente da República, aposta em uma mudança significativa na composição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) prevista para agosto de 2026 como sua principal estratégia para tentar reverter sua inelegibilidade e disputar as eleições presidenciais daquele ano. A informação foi divulgada pelo colunista Paulo Cappeli, do portal Metrópoles, e aponta um cenário em que a futura presidência do TSE e a nova composição da Corte podem favorecer o ex-presidente.
Atualmente inelegível devido a uma condenação por abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação, Bolsonaro foi declarado inapto para concorrer a cargos eletivos em junho de 2023. A condenação, decidida pelo TSE, teve como base uma reunião com embaixadores estrangeiros realizada no Palácio da Alvorada em junho de 2022, na qual Bolsonaro questionou a segurança do sistema eleitoral brasileiro. Na ocasião, a ministra Cármen Lúcia proferiu o voto decisivo, afirmando que o evento teve caráter eleitoreiro e desrespeitou as normas democráticas.
No entanto, aliados de Bolsonaro enxergam uma janela de oportunidade na futura configuração do TSE. A presidência do tribunal será assumida pelo ministro Kassio Nunes Marques, nomeado por Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 2020, e o colegiado contará com a presença de outros ministros considerados mais alinhados ao ex-presidente, como André Mendonça, também indicado por Bolsonaro, e Dias Toffoli, que assumirá a vaga de Cármen Lúcia na Corte. Para Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente, essa nova composição trará maior equilíbrio às decisões do tribunal. “Não vai nos privilegiar, mas será muito mais equilibrado do que com Alexandre de Moraes”, declarou Eduardo em entrevista.
Eduardo também fez elogios a Dias Toffoli, ressaltando que ele é “mais equilibrado” e “menos ideológico” do que Cármen Lúcia, o que, na visão do parlamentar, poderá trazer uma análise mais imparcial sobre o caso de inelegibilidade de seu pai. Além disso, o deputado destacou que, mesmo com as dificuldades jurídicas, há caminhos para questionar a decisão que tirou Bolsonaro do jogo político. Ele mencionou a possibilidade de apresentar novos fatos e ações rescisórias para tentar reverter o quadro. “Sempre há como ingressar com pleitos judiciais. Lula estava preso e inelegível. Aqui é Brasil”, afirmou, fazendo uma analogia com o caso do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que teve sua condenação anulada e conseguiu recuperar os direitos políticos para disputar as eleições de 2022.
O processo que resultou na inelegibilidade de Bolsonaro continua a ser um dos principais temas de debate político no Brasil. A condenação, baseada no abuso de poder durante a reunião com embaixadores, gerou forte repercussão tanto entre os apoiadores do ex-presidente quanto entre seus opositores. Na ocasião, Bolsonaro utilizou o encontro para reforçar suas críticas ao sistema eleitoral, especialmente às urnas eletrônicas, sem apresentar provas que sustentassem suas alegações. Para o TSE, a reunião teve claros objetivos eleitorais, configurando uma violação das regras democráticas.
Com a aproximação de 2026, a estratégia de Bolsonaro e seus aliados será centrada na busca por uma reavaliação judicial de sua inelegibilidade. A expectativa é que a nova composição do TSE, com nomes como Kassio Nunes Marques, André Mendonça e Dias Toffoli, possa trazer decisões mais favoráveis ao ex-presidente. Essa possível reviravolta no cenário político reacenderia a polarização no Brasil, que tem marcado o debate público nos últimos anos.
Especialistas ouvidos pela imprensa têm opiniões divergentes sobre as chances de Bolsonaro conseguir reverter sua inelegibilidade. Para alguns, a mudança na composição do TSE pode, de fato, beneficiar o ex-presidente, já que os ministros Kassio Nunes Marques e André Mendonça são frequentemente associados a um perfil mais conservador e alinhado às pautas do bolsonarismo. Já outros analistas ressaltam que a gravidade dos atos que levaram à condenação de Bolsonaro torna difícil imaginar uma reversão judicial apenas com a mudança na configuração do tribunal.
Enquanto isso, Bolsonaro segue como uma figura central no cenário político brasileiro, mesmo fora de cargos públicos. Seus discursos e ações continuam a mobilizar uma base de apoiadores fiéis, que enxergam nele a principal oposição ao governo de Lula. A aposta em 2026 reflete não apenas o desejo do ex-presidente de retornar ao poder, mas também sua capacidade de manter-se relevante na política nacional, independentemente dos obstáculos jurídicos e institucionais que enfrenta.
O futuro político de Bolsonaro permanece incerto, mas a confiança de seus aliados em uma possível reviravolta indica que a disputa pela narrativa e pelos rumos da democracia brasileira está longe de terminar. Caso consiga reverter sua inelegibilidade, o ex-presidente pode novamente figurar como um dos protagonistas nas eleições presidenciais de 2026, reacendendo a polarização que marcou as disputas eleitorais dos últimos anos. Se essa possibilidade se concretizar, o Brasil poderá vivenciar mais um capítulo intenso de sua história política recente.