Para evitar verdades incontestáveis, âncora da Jovem Pan corta a palavra de advogado de Bolsonaro (veja o vídeo)
Após a eleição de 2022, muitos telespectadores começaram a questionar as mudanças nas programações e nas posturas de veículos de comunicação. Entre esses canais, o programa "Pânico" da Jovem Pan News, antes uma das atrações mais assistidas, foi um dos mais impactados por mudanças abruptas. A saída de profissionais de destaque, como Augustos Nunes, Caio Copolla, Guilherme Fiuza, Carla Cecato, Tiago Pavinatto, Adalberto Piotto e a saída voluntária de Ana Paula Henkel, geraram um forte desconforto entre o público. O editorial do canal, publicado um dia após as eleições, também não ajudou a amenizar as críticas, levando muitos a interromperem a audiência do canal.
Mas, recentemente, após algum tempo longe da programação, decidi assistir novamente. Aconteceu que, após o término do Programa Pânico, o programa "Linha de Frente", apresentado por Fernando Capez, começava a exibir uma entrevista com o advogado de Jair Bolsonaro, o Dr. Paulo Cunha Bueno. Decidi dar uma nova chance, mas o que vi foi um comportamento completamente vergonhoso e desrespeitoso por parte de Fernando Capez, que, infelizmente, não tem sido raro no cenário político atual.
Dr. Paulo Cunha Bueno, o advogado de Bolsonaro, foi interrompido de maneira abrupta e desrespeitosa por Capez em duas ocasiões. A segunda interrupção, de fato, foi definitiva, cortando o advogado enquanto ele ainda tentava dar explicações essenciais sobre o inquérito que indiciou o ex-presidente. O semblante de Dr. Paulo era claro: estupefação, indignação e um profundo desapontamento. Qualquer pessoa que estivesse atenta à cena poderia perceber que ele estava sendo vítima de um tratamento injusto e, por que não, violento.
O comportamento de Fernando Capez durante essa entrevista foi algo que se pode classificar como uma verdadeira afronta ao bom jornalismo. Ao invés de manter o compromisso de ouvir as partes envolvidas com respeito e imparcialidade, o apresentador se comportou de maneira ríspida e sem a mínima consideração pelo direito à informação do público. Sua alegação para interromper o advogado foi o clássico "tempo é curto", uma desculpa esfarrapada que não convence ninguém que compreende a essência do jornalismo. Falar em “tempo curto” quando o entrevistado está prestes a esclarecer pontos tão importantes e controversos soa como uma tentativa de encobrir a verdade, algo que, no mínimo, compromete a credibilidade do programa.
Essa atitude não é novidade. Capez, em outros momentos, já demonstrou esse tipo de comportamento, especialmente em entrevistas que envolvem o ex-presidente Bolsonaro e figuras de sua defesa. Pode-se até questionar se ele foi instruído a adotar esse tipo de postura, talvez por ordens superiores ou mesmo por uma pressão externa. No entanto, isso não justifica de maneira alguma o desrespeito e a agressividade em sua condução da entrevista. Quando se ocupa um cargo de visibilidade, como o de apresentador de um programa de notícias, espera-se que se tenha mais responsabilidade, que se busque o equilíbrio e que se valorize o bom jornalismo, que é caracterizado pela escuta ativa e pela exposição dos fatos sem distorções ou censura.
Ao assistir àquela cena, não pude deixar de sentir uma enorme saudade do estilo de jornalismo apresentado por Tiago Pavinato, que, embora também tenha saído da Jovem Pan, conduzia o "Linha de Frente" com mais respeito, clareza e objetividade, sem recorrer a essas manobras para evitar discussões mais profundas e necessárias. Pavinato era, ao meu ver, mais honesto e comprometido com a verdade, independente de qual fosse a direção política do momento.
Essa situação envolvendo Fernando Capez é um reflexo do que muitos veem como uma mudança preocupante no jornalismo brasileiro. As emissoras de notícias, antes focadas em informar a população com imparcialidade, têm demonstrado, cada vez mais, uma tendência a se alinhar com interesses políticos, comprometendo a qualidade e a seriedade de suas produções. A Jovem Pan, com suas recentes demissões e mudanças de postura editorial, segue essa tendência, infelizmente. A perda de credibilidade do canal é algo que, para muitos, se tornou evidente, especialmente quando se observa atitudes como as de Fernando Capez.
Em resumo, a entrevista de ontem no "Linha de Frente" com Dr. Paulo Cunha Bueno foi um exemplo claro de como o jornalismo pode ser distorcido quando a imparcialidade e o respeito ao entrevistado são deixados de lado. Ao tentar silenciar um advogado tão qualificado e que tem informações valiosas a compartilhar, Capez não apenas prejudicou a qualidade do jornalismo, mas também demonstrou uma clara tentativa de manipulação dos fatos. Para quem acompanha o cenário político e se importa com a verdade, atitudes como essa são um convite à reflexão sobre o rumo que estamos tomando em relação à liberdade de expressão e ao direito à informação.