Pesquisa sobre a aprovação do STF apresenta resultado vergonhoso


 A confiança na atuação do Supremo Tribunal Federal (STF) nunca esteve tão abalada aos olhos da sociedade brasileira. Uma pesquisa recente divulgada pelo PoderData revela que a avaliação dos ministros atingiu um dos piores níveis da história da instituição. O levantamento apontou que apenas 12% da população considera o trabalho do STF “bom” ou “ótimo”, um número drasticamente menor em comparação aos 31% registrados há dois anos.


Por outro lado, a desaprovação disparou: o percentual dos que acreditam que o tribunal realiza um trabalho “ruim” ou “péssimo” saltou de 31% para 43% desde junho de 2023. Outros 34% classificam o desempenho da Corte como “regular”, enquanto 11% dos entrevistados disseram não saber ou preferiram não opinar. Esses números refletem uma crescente insatisfação popular com a atuação do tribunal, que, segundo críticos, tem se distanciado de suas funções constitucionais e se envolvido cada vez mais na arena política.


O principal alvo das críticas é o ministro Flávio Dino, ex-ministro da Justiça do governo Lula, que foi nomeado ao STF no final de 2023. Dino, frequentemente descrito como um ministro de “cabeça política”, tem gerado polêmicas por sua atuação ativa em questões que extrapolam o âmbito jurídico. Uma das situações mais controversas ocorreu quando ele foi acusado de interferir na gestão das emendas parlamentares, levantando suspeitas de que estaria favorecendo interesses do governo federal. Embora a suspeita não tenha sido formalmente comprovada, ela alimentou as críticas sobre a parcialidade do Supremo.


Além disso, encontros frequentes de ministros do STF com políticos e empresários em eventos promovidos por agentes com interesses diretos em processos judiciais levantaram questionamentos sobre a isenção e a transparência nas decisões da Corte. Esses encontros geraram dúvidas na sociedade sobre a influência de fatores externos nos julgamentos, reforçando a percepção de que o Supremo estaria se distanciando de sua missão de guardião da Constituição.


A crescente insatisfação com o STF também reflete a polarização política no país. Desde o período eleitoral de 2022, a Corte tem se tornado um dos principais alvos de ataques de grupos de oposição, que a acusam de agir em favor do governo de turno. Para esses críticos, o Supremo tem ultrapassado os limites de suas atribuições ao interferir em questões que deveriam ser decididas pelo Congresso Nacional ou pelo Poder Executivo.


Essa percepção negativa, no entanto, não é consenso. Defensores da atuação do STF argumentam que, em muitos casos, a Corte precisou agir para preencher lacunas deixadas pelos demais poderes ou para garantir o respeito às normas constitucionais. Ainda assim, mesmo entre aqueles que defendem o papel do Supremo, há um reconhecimento de que é necessário maior transparência e cuidado em suas decisões, para evitar a sensação de que o tribunal estaria alinhado a interesses políticos ou econômicos específicos.


A pesquisa do PoderData também revela um dado importante: a maioria dos brasileiros, embora insatisfeitos com o STF, não rejeita completamente sua atuação. A avaliação “regular” de 34% dos entrevistados mostra que ainda há espaço para a recuperação da confiança na instituição, desde que mudanças sejam feitas. No entanto, para muitos analistas, essa recuperação passa por uma revisão profunda da forma como o tribunal interage com os outros poderes e com a sociedade.


Especialistas sugerem que medidas como maior clareza nos processos internos, critérios mais rigorosos para evitar conflitos de interesse e uma postura mais restritiva em relação à atuação política dos ministros poderiam ajudar a resgatar a credibilidade do Supremo. Essas mudanças, segundo eles, são fundamentais para garantir que o STF continue desempenhando seu papel essencial de garantir o equilíbrio entre os poderes e a proteção dos direitos constitucionais.


Por enquanto, o que se observa é um tribunal cada vez mais pressionado por críticas vindas de todos os lados. Em um momento de crise institucional e desconfiança generalizada, o STF enfrenta o desafio de reverter essa percepção negativa e demonstrar à sociedade que continua comprometido com sua função de zelar pela Constituição, independentemente das disputas políticas ou econômicas que possam tentar influenciá-lo.


A pesquisa do PoderData é um alerta para o Supremo e para os próprios ministros, mostrando que a paciência da sociedade com os conflitos e polêmicas envolvendo a Corte está se esgotando. Resta saber se o tribunal conseguirá mudar sua postura e recuperar o respeito da população ou se continuará sendo alvo de críticas e desconfianças crescentes.
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