Segundo informações divulgadas pelo colunista Paulo Cappeli, do portal Metrópoles, o ex-presidente Jair Bolsonaro tem uma estratégia em mente para reverter sua inelegibilidade e disputar as eleições presidenciais de 2026. A aposta de Bolsonaro está na futura composição do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que passará por mudanças significativas em agosto daquele ano. Essa estratégia, considerada sua "carta na manga", depende da chegada de ministros que ele e seus aliados acreditam ser mais equilibrados e menos ideológicos do que os atuais.
Eduardo Bolsonaro, deputado federal e filho do ex-presidente, afirmou em entrevista que a presidência do TSE, a ser assumida pelo ministro Kassio Nunes Marques, trará um ambiente mais imparcial para as decisões do tribunal. Além disso, ele destacou a presença dos ministros André Mendonça e Dias Toffoli no colegiado como um fator que poderá influenciar favoravelmente na análise de novos pedidos relacionados ao caso de Bolsonaro. Para Eduardo, a gestão futura do TSE será “muito mais equilibrada” do que a atual, liderada pelo ministro Alexandre de Moraes, que foi protagonista no julgamento que resultou na condenação de Bolsonaro à inelegibilidade em 2023. Ele também fez questão de ressaltar que Dias Toffoli, que substituirá Cármen Lúcia na Corte, é visto como “menos ideológico” e “mais centrado” do que a ministra, que atualmente ocupa uma posição de destaque no TSE.
A condenação de Jair Bolsonaro à inelegibilidade foi resultado de uma decisão histórica do TSE em junho de 2023. Na ocasião, o tribunal considerou que Bolsonaro cometeu abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação. O caso envolveu uma reunião no Palácio da Alvorada, realizada em junho de 2022, onde o então presidente reuniu embaixadores estrangeiros para questionar a segurança e a confiabilidade do sistema eleitoral brasileiro. A ministra Cármen Lúcia, ao proferir o voto decisivo pela inelegibilidade, classificou o evento como eleitoreiro e condenou a postura de Bolsonaro, afirmando que suas ações colocaram em risco a credibilidade do sistema democrático.
Eduardo Bolsonaro, no entanto, demonstrou otimismo quanto às chances de reverter a situação de seu pai. Ele mencionou que a defesa de Bolsonaro pode apresentar novos fatos e ações rescisórias, buscando reverter a decisão do TSE. Em suas palavras: “Sempre há como ingressar com pleitos judiciais. Lula estava preso e inelegível. Aqui é Brasil.” A referência ao caso de Luiz Inácio Lula da Silva, que conseguiu retomar seus direitos políticos após decisões judiciais favoráveis, reforça a confiança de Eduardo na possibilidade de Bolsonaro voltar à disputa eleitoral.
O ex-presidente Bolsonaro tem enfrentado uma série de desafios desde que deixou o Palácio do Planalto. Após sua derrota nas eleições de 2022 para o presidente Lula, ele viu sua situação jurídica se complicar em meio a uma série de investigações e julgamentos. A condenação à inelegibilidade foi um dos golpes mais duros em sua carreira política, impossibilitando-o de concorrer a qualquer cargo público até 2030. No entanto, a estratégia de Bolsonaro para 2026 sugere que ele não pretende abandonar a política tão cedo, e seus aliados apostam na possibilidade de mudanças no cenário jurídico e institucional para viabilizar sua volta à disputa presidencial.
O ministro Kassio Nunes Marques, apontado como um dos pilares dessa estratégia, foi indicado por Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) em 2020 e, desde então, é considerado um dos magistrados mais alinhados ao ex-presidente. Já André Mendonça, também indicado por Bolsonaro, tem um histórico semelhante e é visto como uma figura-chave na possível reviravolta judicial. Dias Toffoli, por sua vez, apesar de não ser uma indicação de Bolsonaro, tem adotado uma postura que seus aliados consideram menos ideológica em decisões recentes, o que alimenta o otimismo do grupo bolsonarista.
Enquanto isso, a atual gestão do TSE, sob o comando de Alexandre de Moraes, segue sendo uma das principais vozes críticas ao comportamento de Bolsonaro e seus aliados. Moraes tem liderado ações que buscam coibir ataques ao sistema eleitoral e discursos antidemocráticos, postura que tem gerado apoio de setores progressistas, mas também forte rejeição por parte de aliados do ex-presidente.
A expectativa sobre o futuro de Bolsonaro e suas chances de reverter a inelegibilidade deve ganhar ainda mais destaque conforme se aproximam as eleições de 2026. A aposta no TSE, com uma composição que seus aliados julgam mais favorável, é uma jogada arriscada, mas que demonstra a disposição do ex-presidente em continuar sendo uma figura central na política brasileira. O desenrolar dessa estratégia dependerá não apenas das mudanças no tribunal, mas também da habilidade de seus advogados em apresentar argumentos sólidos que possam convencer a nova composição do colegiado.
Para seus apoiadores, a possibilidade de Bolsonaro voltar a disputar a Presidência em 2026 é vista como uma forma de reequilibrar o cenário político brasileiro, marcado por polarizações e tensões crescentes. Por outro lado, críticos da estratégia afirmam que ela evidencia uma tentativa de manipular as instituições para benefício próprio, colocando em xeque a credibilidade do sistema democrático. Seja como for, a “carta na manga” de Bolsonaro promete ser um tema central nos próximos anos, com potencial de impactar profundamente o cenário político do país.