Um militar "esquecido", de alta patente, pode ser mais um a entrar na mira da PF


 A perseguição política no Brasil parece estar longe de terminar. A mais recente movimentação que tem gerado preocupação é a possibilidade de o General Luiz Eduardo Ramos, ex-ministro e figura próxima do ex-presidente Jair Bolsonaro, se tornar alvo de uma operação da Polícia Federal. Apesar de ainda não ter sido indiciado, Ramos teria manifestado, em conversas com aliados, seu temor diante de um possível mandado de busca e apreensão, mesmo após a conclusão de uma investigação conduzida pela corporação e enviada ao Supremo Tribunal Federal.


Esse novo capítulo ocorre em um contexto de crescente tensão política, especialmente após recentes pesquisas de opinião apontarem Bolsonaro como líder na corrida presidencial para 2026. A reação do chamado “sistema” à popularidade do ex-presidente e de seus aliados vem sendo criticada por diversos setores que veem nas investigações uma tentativa de enfraquecê-los politicamente. Essa estratégia, segundo aliados de Bolsonaro, não tem poupado esforços para ampliar o cerco, muitas vezes utilizando práticas controversas, como o “fishing expedition”. Essa técnica, que consiste em buscar elementos de prova sem base jurídica clara, é considerada proibida no ordenamento jurídico brasileiro, mas tem sido reiteradamente denunciada por críticos das investigações.


O nome de Ramos apareceu no polêmico inquérito do golpe, um relatório conduzido pela Polícia Federal que tem sido alvo de duras críticas por sua falta de consistência. Muitos avaliam que o inquérito é uma tentativa deliberada de envolver figuras importantes do governo Bolsonaro em uma narrativa de conspiração para desestabilizar a democracia. Ramos, como um militar de alta patente e ex-ministro-chefe da Secretaria de Governo, ocupou posições estratégicas no governo anterior, o que o torna uma figura de interesse para as investigações. Mesmo assim, a ausência de indiciamento até o momento levanta questionamentos sobre o real objetivo de possíveis novas operações envolvendo seu nome.


Aliados do general e do ex-presidente apontam para uma politização da Polícia Federal sob o governo Lula, acusando-a de agir como uma ferramenta para atingir opositores políticos. Essa percepção ganhou força com o desenrolar de investigações que, segundo críticos, são conduzidas com base em suposições e não em evidências concretas. A preocupação é que essas investigações estejam sendo utilizadas de maneira seletiva, com a finalidade de desgastar Bolsonaro e aqueles que ainda o apoiam.


O caso de Ramos, se vier a se confirmar como alvo de uma operação, poderá representar mais um exemplo da escalada das tensões entre o governo atual e seus opositores. Muitos observadores acreditam que a estratégia do governo Lula tem sido tentar minar a credibilidade de Bolsonaro e seus aliados, utilizando todas as ferramentas possíveis para envolvê-los em narrativas negativas. No entanto, esse movimento pode acabar tendo o efeito contrário, fortalecendo a base de apoio ao ex-presidente, que vê nas investigações um ataque injusto e orquestrado.


As implicações desse tipo de abordagem vão além da política partidária. Especialistas alertam para os riscos de um cenário em que a Polícia Federal e outras instituições percam sua credibilidade ao serem percebidas como instrumentos de perseguição política. Isso pode gerar um efeito corrosivo na confiança pública, já abalada por anos de polarização e conflitos institucionais.


Por outro lado, defensores das investigações argumentam que qualquer cidadão, independentemente de sua posição ou histórico, deve ser submetido à lei. Eles afirmam que as apurações buscam esclarecer episódios de grande relevância para o país e que eventuais temores de figuras públicas não devem se sobrepor à busca pela verdade. Ainda assim, a falta de indiciamentos e a constante inclusão de nomes ligados ao ex-presidente em inquéritos polêmicos alimentam a narrativa de que o objetivo é mais político do que jurídico.


O caso de Ramos se insere em um cenário político já conturbado, com desdobramentos que prometem continuar repercutindo nos próximos meses. Com Bolsonaro liderando as intenções de voto para 2026, a expectativa é de que os embates entre governo e oposição se intensifiquem ainda mais. A condução das investigações pela Polícia Federal será, sem dúvida, um ponto central nesse processo, tanto para aqueles que a acusam de parcialidade quanto para os que acreditam que ela age com independência e rigor técnico.


Enquanto isso, o general Ramos segue aguardando os próximos passos das autoridades. Seu nome, até agora apenas mencionado, pode se tornar o centro de mais um episódio de um longo conflito político que parece longe de encontrar um desfecho. No Brasil polarizado de hoje, cada movimento é analisado com desconfiança e interpretado à luz de narrativas que vão muito além dos fatos. Seja como alvo direto ou indireto, Ramos pode ser mais uma peça em um tabuleiro onde o jogo é cada vez mais imprevisível e carregado de tensões. O futuro das investigações e as reações de todos os envolvidos determinarão os rumos de um país ainda profundamente dividido.
Jornalista