A Polícia Federal prendeu nesta sexta-feira, 20 de dezembro, o radialista Roque Saldanha, em Colatina, Espírito Santo. A prisão foi ordenada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), como parte das investigações relacionadas aos atos de 8 de janeiro de 2023. O radialista havia ganhado notoriedade em novembro, quando gravou um vídeo destruindo sua tornozeleira eletrônica e proferindo insultos contra Moraes. Durante a operação, foram apreendidos um celular, três chips, a tornozeleira danificada e R$ 7 mil em espécie.
De acordo com o advogado de defesa de Saldanha, João Carlos de Faria Soares, a prisão já era esperada, mas o momento surpreendeu. Segundo ele, o mandado de prisão foi emitido antes do vídeo que viralizou, e a decisão está baseada no descumprimento de medidas cautelares impostas anteriormente pelo ministro do STF. "No vídeo em que ele arranca a tornozeleira e faz aqueles desacatos, foi no dia 26. O mandado não foi emitido por causa disso, mas pelo descumprimento de medidas cautelares impostas anteriormente, quando sua prisão havia sido revogada pela primeira vez", explicou o advogado.
Saldanha já havia sido preso anteriormente em 2023, acusado de envolvimento nos atos de vandalismo que marcaram o ataque às sedes dos Três Poderes em Brasília. Na época, ele teve sua prisão preventiva revogada mediante o cumprimento de diversas medidas restritivas, como a proibição de sair de sua cidade e de publicar conteúdo nas redes sociais. No entanto, segundo as investigações, o radialista violou as condições impostas por Moraes, acumulando pelo menos 57 notificações de descumprimento.
Entre as violações destacadas estão saídas não autorizadas de sua cidade de residência e a divulgação de vídeos nas redes sociais, incluindo o que levou à destruição da tornozeleira eletrônica. Esses atos foram considerados afrontas diretas às determinações judiciais e ao próprio ministro do STF.
O caso de Roque Saldanha reacendeu os debates em torno das decisões tomadas por Moraes no âmbito dos inquéritos sobre os atos de 8 de janeiro. Críticos apontam que as medidas do ministro extrapolam o campo jurídico e geram polarização política. Por outro lado, apoiadores defendem a necessidade de rigor na punição de atos que atentem contra as instituições democráticas.
Nos bastidores do STF, a prisão de Saldanha também ocorre em meio a uma crescente pressão sobre Alexandre de Moraes. Fontes internas revelaram que o ministro tem enfrentado resistência não apenas no campo político, mas também em relação a possíveis sanções internacionais, incluindo uma eventual revogação de seu visto para os Estados Unidos. A tensão estaria levando a reações irônicas do ministro, que, segundo fontes próximas, teria comentado com outros magistrados sobre o cenário complicado em que se encontra.
Enquanto isso, movimentos de apoio e crítica a Saldanha começam a ganhar força nas redes sociais. Grupos contrários à prisão do radialista argumentam que a medida é desproporcional e reforça uma perseguição política. Já defensores da decisão de Moraes veem a ação como uma resposta necessária para manter a ordem constitucional e coibir atos de desobediência às determinações do STF.
A prisão de Saldanha, somada às apreensões feitas pela Polícia Federal, deve ser um ponto central nas investigações sobre os financiadores e articuladores dos atos de 8 de janeiro. O caso também expõe a dificuldade das autoridades em controlar indivíduos que desafiam publicamente as medidas judiciais e intensificam discursos de ódio contra ministros da Suprema Corte.
Apesar do impacto da prisão, o advogado de Saldanha afirmou que pretende recorrer da decisão nos próximos dias. "Vamos buscar reverter essa situação. O mandado de prisão se baseia em descumprimentos que ainda precisam ser detalhadamente analisados", declarou Soares.
O episódio marca mais um capítulo de tensão entre setores conservadores e o STF, especialmente com Alexandre de Moraes no centro das decisões judiciais mais polêmicas dos últimos anos. O desfecho do caso e suas implicações políticas e jurídicas continuarão sendo acompanhados de perto, já que refletem o clima de instabilidade e polarização que tem caracterizado o cenário político brasileiro.
Até o momento, a Polícia Federal não divulgou detalhes adicionais sobre o andamento da investigação nem sobre possíveis desdobramentos relacionados à prisão de Roque Saldanha. O radialista segue sob custódia, e seu caso poderá influenciar as discussões futuras sobre a atuação do STF no enfrentamento de episódios que ameaçam a democracia.