Bolsonaro levanta a voz contra os absurdos da Lei Rouanet (veja o vídeo)


 O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar a Lei Rouanet, também conhecida como Lei de Incentivo à Cultura, em uma publicação feita em suas redes sociais na madrugada desta sexta-feira (10). Bolsonaro compartilhou um vídeo relacionado à “indústria das balsas”, tema recorrente em suas manifestações contra o governo Lula, e aproveitou a oportunidade para levantar questionamentos sobre o uso de recursos públicos no setor cultural.


Na postagem, Bolsonaro afirmou: “Parece vídeo repetido, mas não é. Outro brasileiro denunciando a volta da INDÚSTRIA DAS BALSAS. O investimento na infraestrutura é rechaçado pela gestão Lula e coincidentemente jamais cobrada a conclusão por outros de outrora. Enquanto isso, a Rouanet...”. A declaração reforça a visão crítica do ex-presidente sobre o que considera serem falhas de prioridade do atual governo em áreas essenciais, como infraestrutura e cultura.

A manifestação veio em meio à repercussão da vitória da atriz brasileira Fernanda Torres no Globo de Ouro, onde foi premiada na categoria de Melhor Atriz em Filme de Drama por sua atuação no longa-metragem “Ainda Estou Aqui”. A conquista gerou grande celebração no meio artístico e entre os fãs da atriz, mas também levantou suspeitas entre os apoiadores de Bolsonaro. Muitos questionaram se o filme teria sido financiado por meio da Lei Rouanet, que é frequentemente alvo de críticas por parte de segmentos conservadores.

Apesar das especulações, verificou-se que “Ainda Estou Aqui” não consta na lista de projetos contemplados pela Lei Rouanet. O programa de incentivo cultural, que oferece abatimentos fiscais a empresas e indivíduos que patrocinam projetos culturais, tem restrições específicas para a produção de filmes de longa-metragem, o que exclui o projeto da atriz de qualquer vínculo direto com o subsídio federal.

Bolsonaro e seus apoiadores, no entanto, continuam a questionar o que consideram ser um uso indevido dos recursos da Lei Rouanet para beneficiar a elite artística, enquanto outros setores do país enfrentam dificuldades. A polêmica se intensifica porque, durante sua gestão, o ex-presidente promoveu mudanças significativas no programa, buscando restringir o acesso aos recursos e priorizar projetos de menor porte, voltados para iniciativas regionais e populares. Essas alterações, segundo seus defensores, tinham o objetivo de democratizar o acesso à cultura e combater o que chamavam de "indústria de privilégio" no setor.

Por outro lado, críticos de Bolsonaro afirmam que seu discurso deslegitima a importância da Lei Rouanet como ferramenta de fomento à produção cultural no Brasil. Para eles, as mudanças promovidas durante seu governo resultaram em cortes que prejudicaram artistas independentes e projetos culturais relevantes, ao mesmo tempo em que fomentaram um clima de hostilidade entre o governo e o meio artístico. A vitória de Fernanda Torres no Globo de Ouro, segundo analistas, é um exemplo da capacidade dos artistas brasileiros de se destacarem no cenário internacional, mesmo diante de restrições e dificuldades impostas pelo próprio cenário político.

O contexto das críticas de Bolsonaro também se relaciona a sua oposição constante às políticas do governo Lula. A chamada “indústria das balsas” mencionada pelo ex-presidente refere-se a um tema que ele abordou repetidas vezes durante seu mandato, acusando governos anteriores de negligenciar a conclusão de obras de infraestrutura e favorecer esquemas que, segundo ele, apenas perpetuam gastos sem resultados concretos.

Com a publicação, Bolsonaro buscou atrair a atenção de seus seguidores para um debate mais amplo sobre as prioridades do governo federal e o uso de recursos públicos. A postagem gerou intensa repercussão nas redes sociais, com reações polarizadas entre apoiadores e críticos. Enquanto seus aliados defenderam a necessidade de maior fiscalização e reavaliação da Lei Rouanet, opositores rebateram as acusações, apontando que o programa é essencial para o desenvolvimento da cultura no país.

A atriz Fernanda Torres, por sua vez, não se manifestou sobre a polêmica. Sua vitória no Globo de Ouro foi amplamente celebrada como um marco para o cinema brasileiro e um reconhecimento de seu talento e trajetória artística. O filme “Ainda Estou Aqui” também tem recebido elogios da crítica especializada, destacando-se como uma obra de grande sensibilidade e impacto emocional.

A discussão sobre a Lei Rouanet e a gestão cultural no Brasil permanece sendo um tema central no debate político. Enquanto Bolsonaro segue utilizando o assunto como uma de suas bandeiras de oposição, o governo Lula tem buscado reestruturar as políticas culturais, prometendo mais investimentos e apoio ao setor. Resta saber como essa polarização continuará impactando a produção cultural e o diálogo entre governo e artistas nos próximos anos.
Jornalista