Bolsonaro solta o verbo contra o "ativismo judicial" e não poupa palavras contra Moraes
Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil e principal líder da oposição, voltou a criticar duramente o que classifica como "ativismo judicial". Desta vez, a reação veio após a decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de negar seu pedido para comparecer à posse do presidente Donald Trump nos Estados Unidos. Em uma declaração contundente divulgada por seu gabinete, Bolsonaro acusou o Judiciário brasileiro de promover uma campanha sistemática para neutralizá-lo politicamente por meio do uso indevido da justiça, prática que ele chama de "lawfare".
Segundo a nota, o convite de Trump para que Bolsonaro comparecesse à cerimônia de posse era mais do que um gesto diplomático. Representava, nas palavras do ex-presidente, a reafirmação dos laços entre as duas maiores democracias do hemisfério ocidental. A negativa de Moraes foi descrita como uma decisão que prejudica a imagem do Brasil no cenário internacional, além de afastar o país de um alinhamento estratégico com o que Bolsonaro define como "o mundo livre". Ele ressaltou que a ausência no evento é uma oportunidade perdida de fortalecer relações diplomáticas e econômicas com os Estados Unidos em um momento crítico para ambos os países.
Bolsonaro também abordou as justificativas apresentadas pelo ministro Moraes para negar o pedido. Ele relembrou que, desde que teve seu passaporte confiscado em 2023, cumpriu todas as determinações judiciais, incluindo a permissão para viajar à posse do presidente argentino Javier Milei no final daquele ano. Na ocasião, Bolsonaro retornou ao Brasil dentro do prazo estabelecido, o que, segundo ele, comprova que não há risco de fuga ou descumprimento das ordens judiciais. A decisão de Moraes, na visão do ex-presidente, extrapola os limites da lógica jurídica e serve apenas para restringir seus direitos e impedir sua atuação política.
O ex-presidente não poupou críticas ao governo Lula, acusando-o de instrumentalizar o sistema de justiça para neutralizar adversários políticos. Ele comparou a situação ao que ocorreu nos Estados Unidos, onde Donald Trump também enfrentou processos judiciais que, na opinião de Bolsonaro, tinham motivações políticas. "O governo Lula claramente aprendeu com os erros nos Estados Unidos, onde o sistema de justiça foi instrumentalizado para ganhos políticos. Mas lá eles não agiram rápido o suficiente para destruir seu oponente político, Donald Trump, e ele superou esse ativismo judicial. Eu também superarei", afirmou.
A declaração de Bolsonaro vai além da questão individual, posicionando o episódio como parte de uma batalha maior pela preservação da democracia no Brasil. Ele argumenta que as ações do Judiciário contra sua pessoa são um ataque direto ao direito do povo brasileiro de escolher seus líderes. Na visão do ex-presidente, se o sistema de justiça pode restringir os direitos de um líder político com amplo apoio popular, o mesmo pode ser feito contra qualquer cidadão. "Isso não é sobre um homem ou uma decisão; não é sobre direita ou esquerda, é sobre o futuro da democracia no Brasil", declarou.
O discurso também critica a forma como as instituições brasileiras têm tratado os direitos políticos de figuras públicas. Bolsonaro afirma que a decisão de Moraes não é um caso isolado, mas parte de um padrão de ações destinadas a enfraquecer a oposição e consolidar o poder de seus adversários. Ele acusou o sistema de agir com base no medo de sua popularidade, apontando que lidera as pesquisas para as eleições de 2026 e tem amplo apoio em todas as classes sociais e regiões do país.
Além do impacto interno, Bolsonaro destacou as repercussões internacionais da decisão. Ele afirmou que Trump convidou líderes globais para sua posse como um símbolo de resistência contra o "lawfare" e governos que utilizam o sistema de justiça como arma política. Para Bolsonaro, impedir sua presença no evento é um sinal de enfraquecimento das relações entre Brasil e Estados Unidos, afastando ainda mais o país de um alinhamento com democracias que compartilham valores como liberdade e justiça.
A nota termina com um apelo ao povo brasileiro, reafirmando o compromisso de Bolsonaro com a luta pela democracia, liberdade e pelo direito de o povo escolher seus líderes. Ele prometeu que não desistirá de combater o que considera abusos e injustiças, reiterando que o "lawfare" não prevalecerá. A mensagem é um claro indicativo de que o ex-presidente está disposto a manter sua postura combativa, mesmo diante de decisões judiciais desfavoráveis e do cenário político adverso.
A decisão de Alexandre de Moraes reflete a polarização que domina o cenário político brasileiro e destaca os desafios que Bolsonaro enfrentará enquanto tenta consolidar sua candidatura para as próximas eleições. O episódio também reforça a narrativa de vitimização que o ex-presidente utiliza para mobilizar sua base de apoio, colocando a justiça e o governo como adversários de sua luta política. Com 2026 se aproximando, o embate entre Bolsonaro e o sistema judicial promete se intensificar, com implicações profundas para o futuro político do país.