Brasileiro deportado por Trump foi condenado por fraude milionária e lavagem de dinheiro


 Sinval de Oliveira, um brasileiro de 51 anos deportado dos Estados Unidos durante o governo Trump, voltou a ganhar destaque após cumprir pena por um esquema milionário de lavagem de dinheiro. Condenado pela Justiça da Califórnia a cinco anos de prisão federal em 2022, ele foi extraditado para o Brasil na última sexta-feira, chegando a Manaus junto de outros imigrantes ilegais. Seu caso chamou a atenção não apenas pelo montante envolvido no crime, mas também pelo fato de que, na época da fraude, ele já cumpria liberdade condicional por outro delito no estado americano.

As investigações realizadas pelo Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos e pelo FBI revelaram que Sinval participou ativamente de um esquema que movimentou pelo menos 5 milhões de dólares, o equivalente a aproximadamente 29,35 milhões de reais. A fraude consistia em persuadir funcionários de empresas, tanto pequenas quanto grandes, a entregar quantias em espécie a falsos transportadores de dinheiro. Esses valores eram então fragmentados em depósitos menores, realizados em caixas eletrônicos, para evitar a necessidade de identificação em bancos. Depois disso, o dinheiro era distribuído para outras contas bancárias e enviado para o exterior, dificultando o rastreamento pelas autoridades.

Um dos episódios mais relevantes para sua condenação ocorreu no dia 2 de dezembro de 2020, quando Sinval viajou até Milwaukee para se encontrar com dois cúmplices, Moises Amezcua-Cardenas e Mario Amezcua-Cardenas. Na ocasião, ele recebeu cerca de 243 mil dólares, o equivalente a 1,4 milhão de reais, que foram depositados estrategicamente em diferentes transações para ocultar sua origem ilícita. As investigações mostraram que a conta bancária utilizada para esses depósitos não possuía qualquer finalidade comercial legítima, servindo apenas para movimentação de dinheiro ilegal.

Diante das evidências, Sinval confessou sua culpa em 4 de março de 2022, segundo informações do United States Attorney’s Office, órgão equivalente ao Ministério Público no Brasil. Durante o julgamento, o juiz William M. Conley ressaltou que sua participação no esquema foi mais grave do que a de seus comparsas, especialmente porque ele já estava em liberdade condicional na Califórnia quando cometeu a fraude. Por esse motivo, além da pena de cinco anos de prisão, sua deportação para o Brasil foi determinada após o cumprimento da sentença.

A chegada de Sinval ao Brasil reacendeu a discussão sobre brasileiros deportados dos Estados Unidos, especialmente aqueles envolvidos em crimes financeiros. Em entrevista ao portal Metrópoles, ele mencionou que viveu no país norte-americano por 35 anos e expressou gratidão pelo suporte recebido em sua chegada ao território brasileiro. "Morava nos Estados Unidos há 35 anos e chegamos aqui com esse incidente. Rapidamente, recebemos toda a assistência e tenho só a agradecer a todos da equipe do Corpo de Bombeiros e de Direitos Humanos", declarou.

O caso de Sinval reforça os esforços das autoridades americanas para combater crimes financeiros transnacionais e endurecer punições contra estrangeiros envolvidos nesse tipo de atividade. Além disso, ressalta os desafios enfrentados por deportados ao retornarem ao Brasil, onde muitos precisam recomeçar suas vidas sem qualquer suporte financeiro ou profissional. O futuro de Sinval de Oliveira no país ainda é incerto, mas sua trajetória demonstra as consequências severas de crimes financeiros e a crescente cooperação entre órgãos de segurança dos Estados Unidos e do Brasil para combater esse tipo de delito.

Jornalista