Em frente a jornalistas, Bolsonaro se emociona e solta o verbo contra o "sistema" como nunca antes (veja o vídeo)
Na manhã deste sábado (18/1), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) esteve no Aeroporto Internacional de Brasília para acompanhar o embarque da ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que viajou para os Estados Unidos. Michelle participará da cerimônia de posse de Donald Trump, marcada para a próxima segunda-feira (20/1). Durante o momento de despedida, Bolsonaro se emocionou e fez duras críticas à decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que negou sua solicitação de viajar para o exterior.
Visivelmente abalado, Bolsonaro desabafou sobre o que considera ser uma “perseguição política” direcionada a ele. O ex-presidente afirmou que a decisão do ministro Moraes representa o abuso de poder e a centralização das decisões no STF, que, segundo ele, tem o poder de controlar o futuro de milhões de brasileiros. Bolsonaro também destacou que, apesar de não haver condenação judicial contra ele, continua impedido de sair do país devido a investigações e processos em andamento. Ele mencionou especificamente o inquérito das fake news, que se arrasta desde 2019, e questionou a condução de investigações que envolvem o ataque de 8 de janeiro.
"Estou chateado, estou abalado ainda, né? Mas eu enfrento uma enorme perseguição política por parte de uma pessoa. Essa pessoa decide a vida de milhões de pessoas no Brasil. Ele e mais ninguém. Ele é o dono do processo. Ele é o dono de tudo. Quando quer ignora o Ministério Público, faz o que bem entende. O objetivo é eliminar a direita do Brasil", disse Bolsonaro, referindo-se a Moraes de forma crítica.
O ex-presidente também trouxe à tona o questionamento sobre a falta de esclarecimento sobre os responsáveis pelo ataque ao Congresso Nacional ocorrido em 8 de janeiro de 2023, evento que gerou uma série de investigações e reações políticas. Apesar das várias apurações, Bolsonaro afirmou que até o momento não há respostas claras sobre quem de fato liderou o que ele considera uma tentativa de golpe. "Sou investigado desde 2019, naquele fatídico inquérito das fake news, que está completando seis anos. Há dois anos aconteceu o 8 de janeiro e até hoje não sabem quem liderou a tentativa de golpe, segundo eles. Que golpe foi esse?", indagou Bolsonaro, com tom de indignação.
Em sua fala, o ex-presidente também fez uma crítica à cobertura da imprensa internacional sobre o seu caso, ressaltando que os noticiários do exterior estão acompanhando atentamente os desdobramentos das ações contra ele, o que para ele demonstra um clima de perseguição política global. Para Bolsonaro, a atuação da mídia fora do Brasil revela o impacto de sua situação, que transcende as fronteiras nacionais e é vista como um reflexo de uma disputa política interna que extrapola as instâncias do governo.
Bolsonaro também não poupou críticas ao STF, especialmente ao papel concentrado de poder nas mãos de uma única pessoa. “Não pode uma pessoa no Supremo Tribunal Federal, se colocando como o dono da verdade, decidir o que faz com a vida de quem quer que seja”, declarou, em um forte protesto contra a atuação de Moraes, que tem sido alvo de diversas críticas por sua postura autoritária e por decisões que, segundo opositores, têm impactado negativamente a democracia no Brasil.
A decisão de Moraes, que resultou na proibição de Bolsonaro viajar para fora do país, é parte de um conjunto de medidas cautelares que envolvem a investigação do ex-presidente em vários processos. Além do inquérito das fake news, Bolsonaro enfrenta outros processos relacionados ao período em que esteve à frente do governo, incluindo o que investiga os eventos de 8 de janeiro, quando centenas de pessoas invadiram as sedes do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal e do Palácio do Planalto, em um protesto contra o resultado das eleições presidenciais de 2022.
Apesar da decisão judicial que lhe impede de deixar o país, Bolsonaro se mantém firme em sua posição política e, em sua fala no aeroporto, afirmou que continuará lutando contra o que considera ser uma "perseguição" e que sua agenda política será mantida, mesmo diante das adversidades. A presença de Michelle no embarque, com a missão de representar o ex-presidente nos Estados Unidos, é um reflexo da continuidade de sua militância política internacional, algo que Bolsonaro parece encorajar, mesmo que seja impedido de viajar pessoalmente.
A situação gerou uma série de reações no cenário político brasileiro, com apoiadores de Bolsonaro protestando contra as decisões do STF e fazendo coro ao ex-presidente, enquanto seus opositores defendem que a medida judicial é necessária para garantir a ordem e a justiça no país. A viagem de Michelle a Washington, por sua vez, segue sendo um evento importante no contexto político brasileiro, especialmente em tempos de tensão entre o governo atual e os aliados de Bolsonaro.