Enfim, Eduardo Bolsonaro topa se "sacrificar"


O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) revelou, em entrevista recente, que aceitaria concorrer à Presidência da República caso seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, permaneça inelegível até 2030. Eduardo afirmou que sua decisão dependeria exclusivamente de uma orientação direta de Bolsonaro, a quem descreve como seu plano prioritário. A declaração foi feita em resposta ao estrategista norte-americano Steve Bannon, que o chamou de "futuro presidente do Brasil".


“Meu plano A, B e C segue sendo Jair Bolsonaro. Mas, se ocorrer, se for para ser o candidato com ele escolhendo, eu me sacrificaria, sim”, declarou Eduardo. O deputado deixou claro que seu principal objetivo é manter a direita unida em torno do legado político do ex-presidente, reforçando que Bolsonaro ainda é a principal liderança do campo conservador no país.


Durante a conversa, Eduardo também expressou ceticismo em relação a outros nomes que poderiam surgir como alternativas à sucessão presidencial dentro da direita. Ele citou figuras como Pablo Marçal e o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, avaliando que ambos não têm força suficiente para superar o protagonismo de Jair Bolsonaro. Para Eduardo, o fortalecimento do movimento conservador depende de sua fidelidade à liderança do ex-presidente.


“Se Bolsonaro mandar, eu apoio qualquer um. Não vou contestar a liderança dele”, enfatizou Eduardo, descartando a possibilidade de apoiar outros candidatos que não sejam indicados diretamente pelo pai. Apesar disso, ele evitou comentar sobre possíveis candidaturas de aliados de peso, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que frequentemente é apontado como um possível presidenciável.


Eduardo também opinou sobre o impacto de possíveis investigações envolvendo o ex-presidente. Questionado sobre as consequências do chamado “inquérito do golpe” e a possibilidade de Jair Bolsonaro ser denunciado, o deputado afirmou que qualquer acusação seria interpretada como perseguição política. Segundo ele, uma eventual denúncia poderia gerar uma onda de solidariedade e mobilização popular em torno de Bolsonaro.


“Caso ele seja denunciado, vai ser visto como uma vítima. Isso geraria uma comoção nacional e fortaleceria ainda mais a figura dele como liderança, permitindo que ele influencie diretamente na escolha do próximo presidente e amplie sua força no Senado”, argumentou.


A afirmação reflete a estratégia de Eduardo para reforçar a narrativa de que Jair Bolsonaro seria alvo de perseguições judiciais, algo que tem sido amplamente explorado pelos aliados do ex-presidente como forma de consolidar sua base de apoio. Para Eduardo, a capacidade de Bolsonaro em manter sua influência política mesmo em um cenário de inelegibilidade seria fundamental para garantir a unidade da direita no Brasil.


A relação entre Eduardo Bolsonaro e Steve Bannon tem sido marcada por uma série de encontros e diálogos estratégicos sobre o futuro da política conservadora no Brasil e no mundo. O estrategista americano, conhecido por seu papel na eleição de Donald Trump, tem reiterado seu apoio ao grupo político liderado por Jair Bolsonaro e frequentemente destaca Eduardo como uma figura-chave no cenário político brasileiro.


No entanto, as declarações do deputado refletem os desafios enfrentados pelo campo bolsonarista desde a derrota de Jair Bolsonaro para Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2022. A inelegibilidade do ex-presidente, decidida pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2023, impôs uma reconfiguração na estratégia política da direita brasileira. Apesar disso, o bolsonarismo permanece como uma força significativa no cenário político nacional, com ampla representação no Congresso e em governos estaduais.


Analistas apontam que a possível candidatura de Eduardo Bolsonaro à Presidência representaria um esforço para preservar a hegemonia do grupo bolsonarista no campo conservador. No entanto, também levantam questões sobre a viabilidade de sua candidatura em um cenário político marcado por fragmentações internas e o crescimento de outras lideranças na direita.


A relação de Eduardo com os eleitores conservadores, sua habilidade política e sua capacidade de articulação serão fatores determinantes caso ele decida entrar na disputa presidencial. Ainda assim, a dependência da aprovação de Jair Bolsonaro para tomar essa decisão destaca a centralidade do ex-presidente no futuro do movimento conservador no Brasil.


Por enquanto, Eduardo Bolsonaro segue reafirmando sua lealdade ao pai e à causa bolsonarista, garantindo que suas ações estarão alinhadas à vontade de Jair Bolsonaro. Essa postura reflete a estratégia do grupo político de manter sua base coesa e consolidar o protagonismo do ex-presidente como líder incontestável da direita no país, mesmo diante das incertezas legais e políticas que rondam seu futuro.

Jornalista