Irresponsável, Lula diz que não terá mais corte de gastos: "Se depender de mim..."


 O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou nesta quinta-feira (30) seu compromisso com a responsabilidade fiscal, mas descartou a possibilidade de novos cortes de gastos no orçamento federal. Em meio a pressões do mercado financeiro e de setores econômicos para a adoção de medidas de controle fiscal mais rígidas, Lula enfatizou que, se depender dele, o governo não anunciará novos ajustes.


Durante seu pronunciamento, o presidente destacou que a estabilidade fiscal é um dos pilares de sua gestão e reforçou que as contas públicas serão administradas com equilíbrio. Ele comparou os gastos do governo ao uso de um cartão de crédito, afirmando que não permitirá que a conta estoure. Segundo ele, sua equipe está atenta ao orçamento e buscará o menor déficit possível, mas sem adotar medidas que penalizem a população mais vulnerável.

A posição de Lula contrasta com a demanda do mercado, que vê a necessidade de medidas adicionais para conter o aumento da relação dívida-PIB e reduzir a volatilidade cambial. Analistas econômicos têm alertado sobre os riscos de um cenário fiscal mais flexível, principalmente diante da projeção de um déficit primário de 0,1% do PIB em 2024. Para esses especialistas, a trajetória da dívida pública e a valorização do dólar exigem maior rigor fiscal para evitar impactos negativos na economia.

Apesar disso, Lula deixou claro que não pretende adotar uma política de cortes que possa comprometer investimentos estratégicos. Ele defendeu que, caso seja necessário aumentar o endividamento do governo, isso deve ser feito para criar novos ativos que contribuam para o desenvolvimento do país. O presidente argumentou que algumas dívidas podem ser consideradas saudáveis se forem utilizadas para financiar projetos que gerem crescimento econômico sustentável e melhorem a infraestrutura nacional.

A declaração de Lula reflete a visão do governo de que o equilíbrio fiscal não pode ser alcançado à custa da redução de investimentos essenciais. O presidente ressaltou que o foco da gestão deve estar na promoção do crescimento e na melhoria das condições de vida da população. Ele também criticou a ideia de que ajustes fiscais devam ser realizados de maneira indiscriminada, sem considerar os impactos sociais dessas medidas.

No entanto, a resistência do governo em anunciar cortes adicionais pode aumentar as tensões com o mercado financeiro. Nos últimos meses, investidores têm pressionado o governo a apresentar um plano mais sólido para conter o déficit e reduzir a trajetória da dívida pública. O temor é de que uma política fiscal menos rígida leve a um aumento dos juros e da inflação, prejudicando a recuperação econômica e reduzindo a confiança dos agentes financeiros.

A estratégia de Lula, no entanto, segue uma lógica diferente da ortodoxia econômica defendida por parte do mercado. Para o presidente, o crescimento econômico sustentável e a geração de empregos devem ser priorizados em relação a medidas de austeridade que possam comprometer o desenvolvimento social. Ele argumenta que o país precisa de investimentos para continuar avançando e que a estabilidade fiscal deve ser alcançada sem sacrificar os mais pobres.

Diante desse cenário, especialistas acreditam que o governo precisará encontrar um meio-termo entre a necessidade de manter as contas equilibradas e o compromisso com os investimentos. Uma possibilidade seria buscar formas alternativas de aumentar a arrecadação, como a revisão de subsídios e benefícios fiscais que beneficiam setores específicos da economia. Outra alternativa seria um controle mais rigoroso dos gastos discricionários, sem comprometer áreas estratégicas como saúde, educação e infraestrutura.

O discurso de Lula também sugere que o governo pretende adotar uma abordagem mais flexível em relação à política fiscal, apostando em um crescimento econômico robusto como solução para reduzir o endividamento no longo prazo. Essa estratégia, no entanto, depende de fatores externos e internos, como a retomada da economia global, a estabilidade do câmbio e a manutenção da confiança dos investidores.

O posicionamento do presidente reforça sua visão de que a responsabilidade fiscal deve ser conduzida de forma equilibrada, sem prejudicar os avanços sociais e os investimentos públicos. O desafio agora será encontrar um caminho que concilie as demandas do mercado com as prioridades do governo, garantindo que o país continue crescendo sem comprometer sua sustentabilidade financeira.

Nos próximos meses, a política fiscal do governo seguirá sob intenso escrutínio, e a forma como o Executivo lidará com as pressões por ajustes será fundamental para determinar o rumo da economia brasileira. Enquanto isso, Lula mantém sua posição de que não fará cortes que possam prejudicar o desenvolvimento do país, apostando em um modelo de crescimento baseado em investimentos e inclusão social.
Jornalista